Astronomy • Billie Eilish [G!P]

32; Therapist

- Então Heaven é o problema? - A ruiva me encara.

Como sempre me encarava em determinados assuntos durante todos esses anos.

- Ela não é um problema, ela tem problemas e eu quero ajudar mas não sei como. - Rebato.

- E ela ter problemas é um problema 'pra você. - Retruca.

Moira é muito legal mas as vezes me deixa com raiva.

- Entenda como quiser. - Reviro os olhos apertando minhas mãos sobre os joelhos.

- Billie, o que quero dizer é que a palavra problema aqui não é algo pejorativo. Sempre conversamos sobre você e as coisas que a deixam triste, tentamos resolvê-las certo? - Explica e me limito a concordar com a cabeça. - Heaven está te deixando triste agora. Podemos falar sobre ela? - Pergunta gentil e concordo.

- Ela está com problemas, eu acho.. quer dizer, tudo bem ficar na minha casa o tempo inteiro gosto da companhia dela. É divertido, bom, agora nem tanto mas eu a amo. É só que estou preocupada, é normal alguém implorar 'pra que fique no banheiro enquanto toma banho? - Sorrio triste e confusa.

- Depende do quer me dizer com isso. - Deixa a cabeça cair um pouco para a esquerda.

- Ela tem medo de qualquer coisa o tempo inteiro. Entendo que possa se sentir insegura estando em meio a muitas pessoas, levando em consideração tudo o que aconteceu semanas atrás, mas na minha casa, tomando banho? - Compartilho perdida. - Não é como se ela mesmo fosse sei lá.. Se sequestrar? - Devaneio tirando um breve riso da ruiva que cruza as pernas novamente.

- Quer contar o que houve semanas atrás? - Questiona meiga.

Antes de conhecer Heaven, bem antes sendo honesta, já tive uma queda pela minha terapeuta. Moira é bonita e gentil. Sabe de tudo sobre mim e sempre me abraça no final das sessões, agora não faz sentido levando em consideração que ser gentil e uma boa ouvinte é parte do trabalho dela e, abraços deve dar a todos os seus pacientes. Eu era ainda mais imatura na época, uma bobinha.

- Será que ela gostaria que contasse algo dela 'pra outra pessoa? - Falo confusa.

- Não faço a mínima ideia, mas pode deixar com que ela diga algo sobre isso. - Reflete sincera.

Franzo as sobrancelhas confusa, não precisou muito mais para Moira entender a minha confusão.

- Que tal trazer ela na sua próxima consulta, podemos conversar a sós e tentar resolver os problemas. - Sugere clara e concordo com a cabeça. - Nosso tempo acabou Billie. - Anuncia levantando e repito o seu ato imediatamente. - Por favor se cuida e pensa na minha sugestão. - Se aproxima fazendo menção de me abraçar.

Concedo o contato rapidamente sentido um breve selar em meus cabelos. Encerramos o contato em poucos minutos.

- Até a próxima. - Me despeso assim que me afasto da mais alta.

- Até.- Acena levemente.

Saio da sua sala e também do consultório em passos leves após saber pela recepcionista quando seria minha data de retorno, bom, teria duas semanas para convencer Heaven a vir.

Ela não passava e nem nunca me passou uma imagem de alguém que recusaria fazer terapia ou algo assim, então, uma parte de mim tinha certeza de que seria facilmente aceitada essa proposta, mas a outra... Sinceramente, tudo andava diferente, talvez eu me engane.

[...]

- Já disse que não Billie Eilish! Que droga! - Heaven sai da cama indo em direção ao banheiro.

- Amor, juro, juro que não quero te chatear. Só quero ajudar. - Digo baixo a fazendo parar de andar e se virar para mim.

- Não quero falar mais sobre essas coisas Bill. - Suspira cansada passando a mão pelos cabelos.

- Neném olha, não sou boa com conselhos nem nada assim, mas, quando eu não queria falar sobre algo me fechava e pensava nisso o dia todo. E era péssimo, não me importo que não queira contar como se sente 'pra mim, mas fala com a Moira, prometo que é como tomar um chá com uma amiga. Ela é madura, inteligente. É uma ouvente e não uma julgadora. Não precisa continuar com isso se não gostar, se não estiver confortável, pode ir embora. - Falo calma baixo.

Na verdade eu quase sempre falo baixo, a medida que crescia e via como as pessoas me enxergavam fui me retraindo aos poucos e isso respingou até nas que me amavam.

- Tudo bem. - Se dá por vencida e sorrio abertamente. - Promete que se não gostar posso nunca mais voltar lá? - Indaga tensa.

- Prometo. - Afirmo imediatamente.

- Vou tomar banho, vem comigo? - Pergunta pegando uma muda de roupas.

- Claro. - Concordo saindo de baixo das cobertas.

Na primeira vez que a mesma me chamou para tomar banho com ela depois do incidente, achei que iríamos transar já que nossa última vez tinha sido na festa, naquele pesadelo de festa, coisas horríveis aconteceram e a entendia e a respeitava. Na segunda vez que me chamou fiquei enrolando mexendo no celular até a ouvir gritar meu nome praticamente implorando que eu ficasse com ela no banheiro até que terminasse de tomar banho.

Desde então perdi as contas de quantas vezes fizemos isso. Era estranho, quero dizer, até aonde sei minha casa é segura e todas as pessoas que vivem nela também, ninguém iria entrar no banheiro com ela lá dentro e muito menos a fazer maldades.

Respeitei a sua decisão de não falar mais sobre o assunto, não tem problema passar boa parte da semana aqui na minha casa meus pais adoram a Heaven e eu a amo, nem não transar passei dezessete anos sem transar, não vai ser agora que vai ser o fim do mundo. Mas não é normal alguém ter medo de tudo o tempo inteiro, dou o máximo de mim entender que ela passou por um evento traumático afinal ela quase morreu.

Entretanto, tudo estaria mais claro para mim se Heaven tivesse medo de comer e beber coisas dadas por estranhos e não ter medo de tomar banho sozinha.