33; Running...

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- Heaven? - Ouço meu nome ser chamado por uma ruiva, alta, tinha olhos claros e penetrantes.

Billie aperta meu joelho e isso me tira dos meus pensamentos e análises.

- Tudo bem amor, conversa com ela. Pode me contar depois se quiser. - Fala baixo perto do meu ouvido e concordo com a cabeça.

Tomo a iniciativa de levantar após sentir um selar da mesma sobre a minha bochecha. Dou passos largos entretanto ponderados em direção da terapeuta.

- Sou Moira, prazer em conhecê-la. - A mais alta abre um sorriso mostrando todos os dentes brancos e alinhados estendendo sua mão.

- Heaven.. Mas obviamente você sabe disso. - Dou uma breve risada a tirando um riso baixo e aceito seu cumprimento.

- Entra, vamos sentar e conversar. - Sugere e fecha a porta assim que passo por ela.

Meu coração de imediato começa a acelerar imediatamente, não sei o que aconteceu comigo, mas tinha uma necessidade de estar grudada com Billie o tempo inteiro. Tudo que fazia tinha que ser ao seu lado não era algo que controlava, meu corpo surtava.

- Billie me fala muito de você, que é divertida e bem humorada. - Moira diz e a encaro enquanto bato meu pé contra o chão repetidas e incessantes vezes.

- Isso é bom. - Sorrio sem deixar meus dentes a mostra. - Agora ela deve falar o quão sou dependente e prepotente. - Deixo o sorriso desaparecer dos meus lábios.

- E por que ela falaria isso? - Indaga franzindo levemente suas sobrancelhas.

- Fala sério.. - Dou de ombros. - Não consigo tomar banho sem que ela esteja no mesmo cômodo que eu. Não é algo que controle, 'tô tão desesperada, me sinto com medo o tempo inteiro. Estou com medo de estar aqui, com você sem ela. - Suspiro cansada deitando no sofá de barriga para cima.

- Quando isso começou? - Pergunta.

- A exatas duas semanas atrás, no dia que saí do hospital. - Revelo.

- O que te levou a estar no hospital Heaven? Consegue me contar? - Questiona gentil.

Quero ajuda, quero que isso pare, quero viver a vida sem medo, e acho que para isso acontecer tenho que contar as coisas que aconteceram. Isso é tão difícil.

- Foi em uma festa, de um amigo, ele é meu amigo quer dizer, era. O que quero dizer é que confiava nele, e ele me fez uma bebida, aceitei sem nem pensar duas vezes afinal era a minha favorita. - Puxo o ar com calma sentindo meus olhos embaçados. - Tinham drogas na bebida, muitas, tive uma overdose, Billie me salvou. Foi a noite mais desesperadora da minha vida. Algo aconteceu naquela noite, por mais que logo que acordei achasse que fossem delírios, sei lá, nunca tinha tido uma overdose antes 'pra saber quais eram as sensações ou sentimentos. - Desabafo. - Mas agora a cada dia que passa tenho mais certeza que algo aconteceu, minha memória parece um jogo, momentos que vivo, dependendo, desbloqueiam memórias ou as tornam menos confusas me fazendo viver aquela noite com mais clareza. Todos aqueles sentimentos me invadem. - Suspiro chorosa fechando os olhos, uma lágrima escorre solitária, deixo aqueles sentimentos me tomarem. - Senti tanto medo, medo de ser eu de ter o meu corpo, me sentia impotente em um beco sem saída como se todos pudessem colocar as mãos em mim aonde quisessem como quisessem. Queria chorar, gritar e implorar 'pra que aquelas sensações parassem de me consumir. Suava e tremia, estava com tanto medo que meu estômago embrulhou. Mas sabia que não transparecia, parecia que estava presa dentro da minha cabeça e de alguma forma sabia o que acontecia comigo, podia gritar lá dentro e ninguém nunca me ouviria. - Soluço. - E então quando estava me entregando, eu queria tanto morrer, tanto, Billie chegou foi como um furacão e então quando acordei, tudo de certa forma tinha passado e ela foi a primeira pessoa que vi. Ela me ajudou a roubar comendo meu café da manhã 'pra que conseguisse ter alta. - Sorrio minimamente.

- Achei que todo o pesadelo tinha passado mas não, além de serem meus pesadelos de todas as noites se tornam cada vez mais reais. Preciso de ajuda, não consigo ficar por muito tempo se as coisas continuarem assim. Morrer parece uma solução válida e permanente 'pra tudo. Mas não quero deixar meus pais tristes, nem a minha irmã, por mais que eu sinta que ela não se importe tanto assim. - Dou uma breve risada em um sinal de deboche.

- E Billie? Como você se sente em relação a ela? - Sorrio de imediato.

- Aquela garota lá? - Sorrio encarando os olhos esverdeados da ruiva sentada a minha frente porém ainda um pouco mais distante. - Ela é o amor da minha vida. Não gosto dela, não sou apaixonada por ela pelo contrário eu amo ela. Ela é tudo, faria tudo por ela, viveria meus piores pesadelos 'pra a ter aqui. - Fecho os olhos de novo.

- Nas próximas semanas podemos falar sobre outras coisas antes de começarmos a sermos mais invasivas nas partes que te infligem. É importante ser paciente e o mais importante de tudo, todos temos momentos péssimos, mas vai passar e vai ficar bem como antes. Continue confiante. - Diz e concordo brevemente com a cabeça. - Nosso tempo acabou Heaven. Espero te encontrar semana que vem. - Sorri se levantando e a imito de imediato.

[...]

- 'Tô tão orgulhosa de você neném. -Billie me rouba dos meus pensamentos se jogando ao meu lado na cama selando a minha bochecha.

Sorrio sem mostrar os dentes e deixo um selar sobre sua testa. Fico a encarando por um tempo.

Ela era a pessoa mais linda a qual já havia visto um dia, amava cada coisa, cada pedaçinho.

Sua risada era a melhor coisa que poderia ouvir, dispensava palavras ou frases de auto ajuda. Suas caretas e piadas sem graças, as dancinhas ou o quanto resmungava letras de músicas o tempo inteiro. Os olhos claros e intensos, meu coração acelera só de encará-los.

Não existe um dia, um segundo sequer que não pense nela e na possibilidade de não a ter mais.

Billie não me merecia, não era boa o suficiente, nunca fui. E agora estava quebrada, quebrada por dentro me odiava e só não queria mais ser eu.

Talvez o fim esteja próximo. O meu fim. Sinto isso, em mim, quando eu olho para ela, quando encaro o seu rosto quase que angelical sinto a tranquilidade para tomar essa decisão em paz.

Sentia tanto e tantas coisas ao mesmo tempo; tanto medo, tanto tanto. Era como se estivesse a um passo de não sentir nada. Só tristeza. Não quero ver as coisas de forma fria, quero o meu calor de volta.

A vida saiu de mim.

Espero que possa correr, correr para qualquer lugar em qualquer lugar na minha morte. Correr de tudo, correr de mim. Correr para o fim.

{···}

Hey,

Me desculpem o atraso gritante do que comumente estão acostumado.

Eu tenho uma necessidade imensa de dormir vinte e sete horas por dia mesmo sabendo que não tem todo esse tempo em um dia. Alguém aqui tá depressiva de novo e precisa de um médico hmkk.

Espero que tenham gostando e que sejam bem compreensivos, Astronomy vai tomar rumos surpreendentes de verdade. E terá também uma segunda temporada, espero que os fatos não os desencorajem a lê-la.

Boa semana gelarinha do cowboy.

Cuidem-se.





Astronomy • Billie Eilish [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora