34; It's Tenuous

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Entrelaço meus dedos aos de Billie assim que saímos do laboratório de química. Era intervalo, para o almoço, então os corredores estavam lotados.

Se passaram algumas, poucas, semanas desde que comecei a ir na terapeuta. Eu a via toda semana, às quartas-feiras, sendo sincera esse período de tempo que já estava indo lá não é o suficiente para se perceber grandes mudanças ou perceptíveis avanços, mas, estava me sentindo com menos medo. Tem mais coisas que consigo fazer - quase - numa boa sozinha.

- Trouxe seu almoço? - Eilish indaga, como todos os dias, me encarando.

- Trouxe, 'tá no meu armário, tenho que ir buscar. - Falo.

- Vou comprar o meu na cantina, faço isso enquanto pega o seu, nos encontramos na arquibancada. - Sugere.

Sinto meu coração acelerar de imediato quando sua sugestão em forma de frases chegam aos meus ouvidos e as assimilo. Paro bruscamente de andar a parando também já que estávamos de mãos dadas.

- Amor, consegue fazer isso sozinha? - Pergunta entretanto não me dá tempo para responder. - Se achar que não está preparada 'pra tentar fazemos juntas, mas, se quiser pensar sobre isso; irei ficar com o meu celular na mão fiquei com o seu também, deixa o meu contato aberto, se acontecer qualquer coisa ou se sentir ameaçada me liga. Juro por tudo que irei ao seu encontro. - Explica e vira, ficando a minha frente a centímetros de distância, deixando um carinho sobre minha bochecha direita com o polegar.

A encaro, por um momento não pensei no que havia me proposto como meu "desafio diário" fiquei um pouco perdida no claro azulado de seus olhos e me peguei a admirando e tendo a certeza que nunca iria me apaixonar por outra pessoa na vida, queria casar com ela e talvez um dia ter filhos. Mas só talvez, não sei se conseguiria ser uma mãe paciente e crianças precisam de paciência. Volto a realidade e fecho os olhos respirando fundo algumas vezes onde senti um beijo suave ser deixado sobre o meu queixo.

- Tudo bem. - Concordo assim que abro os meus olhos.

- Certo. Fica calma, irei ir sem pressa, se olhar um pouquinho mais focada vai me achar pelo meu cabelo. - Comenta me fazendo rir nasalmente. - Te encontro na arquibancada. - Diz e aceno positivamente com a cabeça.

Billie sela nossas bocas rapidamente antes de sair, ainda sentia a sensação de seus lábios sobre os meus quando começou a se afastar, devagar gradativamente, respiro fundo novamente e abro o seu contato mantendo o celular entre os meus dedos em um aperto firme e até um pouco suado pelo nervosismo.

Ando meio apressada pelo corredor rumo aos famosos armários. Desde que tudo aconteceu e comecei as minhas consultas, a terapeuta me ajudava a entender coisas sobre mim e a minha vida que me incomodavam e nem sabia, como por exemplo; a separação dos meus pais. Ela pediu que colocasse metas ou desafios diários leves, que quase não me deixassem aflita, para superá-los e de certa forma e de modo crescente voltasse a ser alguém mais confiante e independente.

Pego o almoço sem custo e sigo para arquibancada da quadra exterior. Estava frio afinal era quase inverno porém tinha um lindo e morno sol em um céu extremamente azulado por estar livre de nuvens. Me sentei na arquibancada de madeira sentindo o calor embaixo de mim, coloco o lanche ao meu lado e sorrio contente encarando meu par de Converse modelo Chuck Taylor em vermelho contrastando sobre a grama verde.

Estava animada e queria poder contar logo para a terapeuta porque além disso havia conseguido sem muita dificuldade ficar mais do que metade da semana em casa, vendo seriados/filmes, cozinhando e tudo o que fazia normalmente antes de tudo isso acontecer.

Falando nisso pego o celular e digito uma mensagem questionando minha mãe se poderia dormir na casa de Billie nessa noite.

- Demorei. A fila estava maior do que imaginava. - Eilish fala se sentando ao meu lado.

A observo por visão periférica já que focava no "Digitando.." abaixo do nome de minha mãe, Billie ergueu um pouco o rosto prendendo o lábio inferior entre os dentes levemente sabia que estava apreciando o calor dos raios do sol. Eram tantos dias nublados consecutivos um do outro que me faziam duvidar se algum dia haveria um céu azul novamente.

Estava, naquele momento, me sentindo atraída por ela como não me sentia em muitas semanas. Não trocávamos nada além de beijos e de vez enquanto as coisas andavam mais um pouco mas nada muito diferente dos beijos de sempre.

Um "claro" que apareceu na notificação da tela, a essa altura bloqueada do aparelho, me incentivou a não resistir e me aproximar de seu rosto e selar devagar sua bochecha sem me afastar dela após tê-lo feito. Olho intensamente para os seus olhos e sorrio antes de a beijar.

Levo uma de minhas mãos ao seu rosto aprofundando o beijo, somos interrompidas pela sombra que nos cobriu. Me separo da minha namorada e viro o rosto olhando para cima, por estar sentada, Isaac.

- Sei que não gosta de mim e deve me odiar, sei disso, mas juro, juro pela minha mãe pela minha vida que não fui eu. Não fiz bebida alguma, Heaven, você é uma das minhas melhores amigas eu amo você! - Começa a falar de imediato em um tom que era palpável o seu desespero. - Por favor, acredita em mim, não consigo dormir a noite. - Conta.

- Vai embora! - Billie fala rude levantando.

Não estava com medo e nem nervosa com ele e nem com o que estava dizendo sobre aquela noite. Estava leve e segura o suficiente para me posicionar.

- Bil, deixa, tudo bem. - Digo calma e levanto parando ao seu lado sentindo seu braço direito passar pela minha cintura. - Isaac, ainda não quero falar sobre isso. Nem hoje ou amanhã e talvez não irei querer daqui a algumas semanas também, mas pode acreditar em mim, assim que quiser irei te procurar, tudo bem? - Falo e o vejo concordar com os olhos lagrimejados. - Durma a noite, não odeio você e só quero o seu bem. Não me considere mais uma de suas melhores amigas mas saiba que ainda te amo. Muito. - Sorrio sem deixar meus dentes amostra em uma forma de confortá-lo.

Nada sai de sua boca, apenas concorda com a cabeça mais uma vez ao mesmo tempo que uma lágrima solitária escapa. Ouço seu soluço contido a medida que se afastava.

[...]

Nossos beijos foram tão quentes que não se limitaram a apenas nossas bocas e sim exploraram outros lugares se alterando em sucções ou mordidas, entre sorrisos e respirações ofegantes.

Os toques podiam parecer maliciosos pelos lugares aos quais passavam porém não sentia nada além de carinho e extremo respeito.

Não falamos, na verdade, nunca falávamos mas dessa vez nem palavras sujas escaparam nos momentos que precederam o ápice. Nada. Apenas sentia toques, olhares, beijos e os traduzia.

Me sentia protegida e amada. Preenchida em muitos aspectos, promíscuos eles sejam ou não, por sentimentos e por incrível que pareça por calma, mesmo que com o coração disparado e corpo suando, era leve e suave assim como nossos olhares.

Fazer amor era suave. Amar pode ser dolorido ou rude mas fazer amor é tênue.

Astronomy • Billie Eilish [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora