- O câncer está estagnado. - O médico diz nos encarando após passar bons minutos analisando os exames. - Isso com toda certeza não é uma má notícia mas também não é o que esperávamos que fosse acontecer. Certo? - Indaga e concordamos.
Minha mãe estaria aqui se não tivesse acontecido um imprevisto em seu trabalho e ela tivesse que substituir uma colega. Me ofereci imediatamente para acompanhá-lo após a escola. Sun andava esquisita e distante, quer dizer, mais do que ela já era comigo nesses últimos meses.
- Diante dessa possível conclusão andei vendo outras vias de tratamento; Não temos certeza se o que estamos fazendo está ou não funcionando. Podemos continuar por mais um ciclo e repetir os exames dependendo do resultado começamos com a nossa última opção que é um tratamento um pouco mais agressivo, ou então, já começamos com ele agora. - Explica. - Infelizmente preciso que pense nisso agora pois se quiser precisa assinar a papelada e começaremos logo na próxima semana. - Conta.
- Vamos começar o novo. - Digo.
- Irei continuar com o tratamento atual. - Meu pai fala ao mesmo tempo que eu, fazendo com que o médico nos olhe visivelmente confuso.
- Pai? - Retruco franzindo as sobrancelhas o encarando.
- Podemos tentar, mais um vez. - Rebate calmo.
- Não temos tempo 'pra tentar, temos que achar algo que funcione. - Falo séria.
- Mas nem sabemos se não funciona, Heaven. - Argumenta.
- Prefiro ficar com a dúvida, pois, se esse funciona o novo vai funcionar também. São dois coelhos. Explica isso 'pra ele doutor. - Peço e volto meus olhos ao médico à nossa frente.
- Bem, de forma leiga é basicamente isso. - Confirma minha teoria e ergo uma das minhas sobrancelhas, em uma leve expressão de vitória, voltando a encarar meu pai.
- Tem como fazermos um ciclo menor então? - Insiste.
- 'Pra termos como comparar tem que ser igual ao anterior. - Esclarece. - Sei como é difícil mas não se esqueça que é o senhor que está passando por isso, o que se sentir bem em optar estaremos o apoiando. - Finaliza.
Diante daquela breve fala do médico consegui perceber o quanto havia sido estúpida em dizer aquelas coisas, e ainda pior, daquele jeito. Suspiro.
- O doutor está certo pai, escolha o que achar o melhor 'pro seu bem estar. Irei te apoiar e ficar orgulhosa, temos todo o tempo que precisarmos. - Digo e o abraço rapidamente.
- Irei continuar com esse. - Diz decidido.
[...]
Tentava focar na letra e nas batidas da música que soava aos meus ouvidos enquanto andava rumo o consultório da terapeuta. Era a minha primeira consulta após o ano novo, assim como havia sido mais cedo a do meu pai com o seu oncologista, mandei mensagens à minha mãe avisando como tudo havia ocorrido antes de colocar os fones em meus ouvidos e seguir caminho para a minha próxima "parada".
Estava nublado, um dia verdadeiramente cinza, havia chovido e depois nevado por isso tinha neve na beirada das calçadas, se podia ver o nitrogênio deixar o nosso corpo, meu e de outras pessoas desconhecidas que passavam por mim pelos caminhos de suas rotinas.
Lembrava detalhadamente do que tinha acontecido comigo na noite do aniversário de Isaac e não tinha dúvidas quanto a veracidade de tudo o que aconteceu. Brandon me violou e sabia que Isaac não participaria disso de forma alguma, precisava falar cm ele nem que fosse a última coisa que fosse fazer em vida, quanto ao crime...
Não tem nada a se fazer quanto à isso, mesmo que conseguisse lembrar de tudo no dia seguinte e desse queixa ia criar um pesadelo maior do que esse. Não se tinham testemunhas oculares, eles acreditariam em Brandon e me culpariam, isso se não culpassem Billie. Teriam apenas que escolher entre um garoto e uma garota hermafrodita, uma escolha complicada não é?
Reviver essas memórias dia após dia estava me consumindo devagar e dolorosamente. Esse é o meu fardo e provavelmente eu tenho minha parcela de culpa nisso. Não deveria ter tratado Brandon do jeito que o fiz, de qualquer forma ele é um ser humano com sentimentos e magoas, não deveria ter bebido aquela noite e nem transado com Billie, não naquelas circunstâncias.
Tinha problemas maiores do que esse no momento, só precisava de um bom remédio para dormir. E não foi difícil de conseguir, afinal, ela era uma terapeuta e não uma espécie de pessoa que metáfora suas micro expressões baseado em catálogos de movimentos criados por estrangeiros.
Abro a porta e saio do local quente logo sendo recebida pelo ar gelado que estava ainda mais frio do que me recordava, a noite caia e começavam a serem vistas estrelas brilhando no céu. Era bonito e eu queria chorar por isso, queria viver com elas, tão lindas, serenas e brilhantes. Meus pensamentos são cortados pelo toque do celular no bolso do meu sobretudo, o pego e sorrio minimamente com nome de Billie brilhando no ecrã.
- Oi Bill. - Digo calma começando a andar.
- Oi amor, então, como foi a consulta? 'Tá livre? - Pergunta curiosa.
- Tive que adiar 'pra uma hora mais tarde pela consulta do meu pai, já te contei isso eu acho, mas enfim, ela me receitou um remédio bom 'pra dormir. Vai ficar tudo bem. - Conto.
- Que bom, vai ficar tudo bem. - Afirma. - Tem algo importante 'pra fazer? Não quer passar aqui em casa e comer pizza com a gente? - Indaga. - Se não quiser ficar 'pra dormir, pego o carro do Finn e te deixo em casa depois. - Sugere.
- Muçarela. - Digo.
- Okay, estou te esperando. Te amo. - Se despede.
- Eu te amo. - Retribuo antes de encerrar a ligação.
Passo na farmácia para comprar o remédio receitado, aproveito e pego também alguns preservativos. No caminho para a casa de Billie, ligo para minha mãe e aviso que ficaria na casa da minha namorada aquela noite.
Bato levemente na porta e logo sou atendida por uma Eilish sorridente.
- Hey neném. - Falo de imediato e a mesma sela nossas bocas rapidamente.
- Você 'tá gelada, entra. - Passa o braço pela minha cintura me puxando gentilmente para dentro.
Cumprimento seus pais e seu irmão como costumava fazer.
- Quer que Billie te deixe em casa depois? - Finneas pergunta.
- Minha mãe me deixou ficar, claro se não for te incomodar Maggie. - Falo e logo olho para a mais velha.
- Claro que não, você sempre pode dormir aqui. - Diz.
- "Dormir". - Billie diz fazendo aspas com os dedos e consigo ouvir a risada de Finneas do outro lado da porta de entrada, ele deveria estar indo colocar o carro na garagem já que o mesmo estava em frente a casa.
- Idiota. - A acerto um tapa na barriga.
- Ai! O meu bebê. - Fala pegando em meu pulso.
- Que bebê louca? - Me forço a perguntar.
- O que vou fazer em você. - Rebate e a encaro séria desviando meu olhar para Maggie.
- Ela tirou a habilitação, 'tá toda engraçadinha. - Conta.
- Parabéns! - Digo animada passando meus braços pelo seus ombros a puxando para um abraço.
- Obrigada amor. - Agradece e junto nossas bocas. - Vem, vou te emprestar uma muda de roupas 'pra colocar as suas 'pra lavar e ter o que usar amanhã. - Diz e concordo.
[...]
- Comprei meu remédio. - Conto, já vestida com roupas diferentes, e coloco a caixa sobre o criado mudo. - E umas coisas 'pra você também. - Digo e Billie me encara.
A jogo os preservativos e a mesma me encara séria.
- Nada de bebê em mim. - Falo rindo e me aproximo sentindo suas mãos em minha cintura.
Junto nossas testas fazendo com que nossos narizes se choquem suavemente, selo nossos lábios algumas vezes.
- Eu vou casar com você. - Devaneio olhando em seus olhos claros.
- E eu vou aceitar. - Ri e me beija.
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Astronomy • Billie Eilish [G!P]
Fiksi PenggemarA melhor amiga da minha irmã guarda um segredo. . . [Todos, absolutamente, todos os eventos presentes e pré-existentes nesta história é apenas e somente ficção.] · Terminada em 8 de Dezembro de 2020.