Capitulo 12

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CRISTOPHER

Ingrid estava linda. E ficava ainda mais linda quando sorria. Ela estava animada para nossa viagem do fim de semana, e se eu bem a conhecia, até sua mala já havia arrumado. Sempre concordávamos em sair em aventuras malucas: bastava que um dos dois tivesse um plano, e logo já o estávamos fazendo. Parecia até que ficávamos mais corajosos perto um do outro, mais destemidos... estar ao lado dela com certeza me fazia viver melhor a vida. Me dava mais ânimo.

— Vamos fazer trilha nas montanhas, não é? — Ela perguntou enquanto caminhávamos pelo jardim.

— Mas é claro. — Concordei.

— E rapel também, não é?

— O que quiser, anjo. — Acredito que a empolgação toda nem estava deixando ela me ouvir.

— Também vamos aquele vilarejo temático? Não é mesmo? Aquele da época medieval.

— Ingrid, desde que fique perto de mim, podemos ir aonde quiser. — Dei risada. Ela não era assim com todos. Ela era mais introvertida e não se abria logo de cara. Mas quando a conhecíamos melhor, descobriamos um lado doce, amoroso, alegre... É como diz aquele ditado: para conhecer o mar, é preciso mergulhar nele. — Estando comigo não fico tão preocupado.

— Não sou mais criança. — Ela revirou os olhos. — Sei me cuidar.

— Você ainda se perde quando vai para o centro da cidade. — Olhei para ela, indignado. — Sempre precisa ligar para que eu vá te buscar.

— Qualquer um se perde lá. O lugar é enorme! — Disse. — Não precisa ser tão super protetor.

— Minha natureza é assim, oras! Não pode pedir que eu negue minha natureza. — Fiz um gesto de desdém.

Ela balançou a cabeça para os lados. Sempre fui alguém protetor e isso com todos. Minha família, meus amigos ou colegas, com absolutamente todas as pessoas que eram próximas a mim. Com Ingrid, era ainda mais. Em especial, depois de um acontecimento. Depois daquilo acabei ficando ainda mais super protetor do que antes... Pois senti realmente a dor de perdê-la. Não foi de verdade, mas por um momento achei que a tinha perdido para sempre. Depois disso entendi que precisava protegê-la com minha vida se fosse necessário.

Tudo aconteceu em um ataque rebelde, cinco atrás. Eu havia acabado de me tornar um guarda oficialmente e já estava exercendo minha função. Se houvesse algum ataque rebelde eu não poderia me esconder nos abrigos ou fugir, como era antes, mas tinha de fazer de tudo para lutar e defender a família real e todo pessoal do Palácio. Nem custasse minha vida. Esse era um dos lemas da guarda real de Orlean: Se necessário, dê sua vida em favor dos outros. Eu estava pronto e confiante.

Estava no meio de um treinamento quando o alarme de invasão tocou e a confusão começou. Podia ter sido treinado para isso, mas na primeira vez em que aconteceu acabei ficando confuso e perdido, sem saber para que lado ir. Tentei manter a calma e me lembrar do treinamento: deveria correr e me certificar de imobilizar, sem ferir gravemente, o máximo de rebeldes possíveis; me certificar que o máximo de pessoas possíveis ficassem a salvos. Esses eram meus dois objetivos principais.

No primeiro andar tudo estava revirado. E pelo que notei, quase todos os esconderijos já estavam ocupados. E apesar de ter que deixar meus sentimentos de fora, não conseguia deixar de pensar em meus pais e em meus amigos. Na Ingrid... Minha vontade era correr somente para me certificar de que eles estavam bem. Mas eu nem sabia onde eles estavam, então, só ajudei as pessoas que encontrei pelo caminho. Entrei em confontro com alguns rebeldes e consegui chegar ao segundo andar.

— Cristopher. — Um colega guarda se aproximou correndo. — A família real está segura!

— Perfeito. Só precisamos parar os rebeldes agora. — Falei enquanto subíamos para o terceiro andar. A confusão toda estava concentrada no primeiro e terceiro andares.

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