Capítulo 15

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INGRID

Ao voltarmos para o Palácio, tudo estava tranquilo e em paz. Aparentemente, nada de excepcional havia acontecido e a visita da China se estenderia por mais dois dias. Logo, a família real da Alemanha chegaria. Minha viagem havia sido tão perfeita que minha felicidade não podia ser medida em palavras; Cristopher e eu estávamos juntos. Como um casal. Finalmente. Parecia até um sonho ou uma história perfeita para um filme: amigos de infância, que ficam juntos no final.

Minha história de amor finalmente estava acontecendo. E realmente valeu a pena esperar.

Esperei um tempo e chamei as meninas para conversar, para contar a novidade. A família real da China estava prendendo a atenção de todos os funcionários do Palácio e conseguir um tempo para nós três foi complicado. Mas com muita luta, consegui um pequeno almoço fora de hora com elas.

- Finalmente uma folga! - Disse Mallyn. - Como a China dá trabalho. Nem estou conseguindo dormir direito!

- Tem certeza que não é por pensar demais no Logan? - Roberta deu uma risadinha.

- Certamente. Não consigo esquecê-lo. Se ele fosse um pouco mais rápido que nem o Sayoran... talvez acontecesse alguma coisa. - Mallyn deu um sorrisinho vencedor ao ver Roberta suspirar.

- O que aconteceu enquanto estive fora? - Perguntei.

- A Roberta recebeu a proposta da vida dela.

- Fala sério... - Roberta riu.

- Proposta? - Olhei para ela. Acho que não era a única com novidades para contar.

- Um pedido de casamento...

- Ingrid, por que marcou esse almoço mesmo? - Roberta virou para mim. - Pelo amor de Deus, não vamos falar disso. Minha semana já foi bem esquisita!

- A minha foi incrível. - Sorri. - Cristopher e eu...

- Estão juntos? Finalmente? Digo, o sonho é real? Como? - Roberta riu. - É sério mesmo?

- É sério sim. - Ri feito boba.

- Parabéns pelo namoro. - Mallyn me deu um abraço de lado. - Como foi o pedido?

Pisquei.

- Não teve um pedido. - Ambas me olharam sem entender. - Estamos juntos. Mas não houve um pedido. Só estamos juntos...

- Eu francamente não estou entendendo... - Disse Roberta.

- Eu também não. - Disse Mallyn.

- Agora eu também não. - Dei risada. Tinha sido tão perfeito que nem me dei conta que não havia tido um pedido oficial.

Depois dessa conversa, tive que subir para encontrar com a rainha e trabalhar um pouco. Tinha umas papeladas para analisar e dar meu parecer final sobre. Apesar de tudo, eu estava tão feliz que até parecia estar flutuando de felicidade e a rainha notou isso. Me elogiou quando entrei e ficou o tempo inteiro com os olhos em mim. Houve um momento que fiquei até envergonhada.

- Está muito contente hoje, senhorita. - Ela riu quando olhou para mim. - Poderia me contar o que gerou tamanha felicidade?

- É que Cristopher e eu estamos... juntos. - Falei. Sem o pedido, achei estranho falar que estávamos "namorando".

- Ah, é mesmo? - Ela riu. - Nicolas me deve uma agora.

- Perdão? - Perguntei sem entender.

- Ele achou que só depois dos trinta vocês ficariam juntos. Eu pensei que seria antes. Daí fizemos uma aposta. - Ela explicou. - Fico contente pelos dois. Acompanho esta história desde que eram crianças. Torcia por vocês.

- Obrigado, majestade. - Sorri ao ouvir o que ela disse. - Estou realmente feliz.

- O amor jovem é tão lindo. - Disse, sonhadora. - Quer ficar com ele esta tarde? - Levantei as sobrancelhas, sem acreditar. - Vá. Aproveite. Nem temos tanto trabalho hoje.

- Obrigado, majestade.

Deixei minha papelada no quarto e saí a procura de Cristopher pelo Palácio. O achei lendo um livro embaixo de uma árvore, no jardim e fui até ele, animada. Era tão impressionante quando olhávamos para situação, ver que havíamos perdido tanto tempo. Ainda bem que éramos jovens e tínhamos toda uma vida pela frente... Acho que o amor realmente leva tempo para amadurecer mesmo. E o nosso levou o tempo certo para criar raízes.

- Cris. - Me sentei ao lado dele. - A rainha me dispensou para ficar com você, acredita?

- É mesmo? - Ele sorriu e beijou minha testa. - A rainha é um máximo.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro.

- Estamos namorando? - Perguntei.

- Estamos sim. Por que... essa pergunta?

- É que não teve um pedido, então... - Encolhi os ombros.

Cristopher sorriu e segurou minha mão.

- Ingrid, olha... sabe qual é a coisa que mais me assusta? A possibilidade de te perder. Eu quero muito ficar com você, ter sonhos com você, construir um futuro ao seu lado... Mas estou meio inseguro. Saiba que daqui por diante vou fazer de tudo para ser o homem dos seus sonhos; não só cuidar de você, mas fazer tudo por você. Quero dar todos os motivos do mundo para me amar tanto quanto eu te amo. Fazer você feliz será meu principal objetivo daqui por diante... porque não quero que me deixe. Nem que pense nisso. Você não é só a minha melhor amiga ou namorada: é a mulher da minha vida. E nem quero pensar em como seria se não estivesse ao meu lado. É como se não existisse sem você, entende?

"É como se sempre tivéssemos sido namorados. É como se realmente, tivéssemos mesmo sido feitos um para o outro. Parece que estou vivendo um sonho agora, e não quero acordar de jeito nenhum. Me imaginava ao seu lado, mas nunca imaginei como chegaríamos de fato em algum lugar. Você deu o primeiro passo, afinal... e que bom que fez isso, pois acho que eu não teria coragem. Meu medo de estragar o que temos é enorme, mas o meu amor por você é maior.

"Não me vejo fazendo um pedido para você, porque sempre pareceu tão óbvio nosso amor. Quero que esse amor amadureça e se torne cada dia mais forte. E quando for realmente pedir algo, pode ter certeza que farei de tudo para que seja o dia mais feliz de sua vida. Pode ter um pouco de paciência comigo?"

- Nem um pedido? - Fiz um bico.

- Ingrid... tenha paciência comigo e com minha lerdeza.

- Não é tão difícil. É só falar assim: Ingrid...

- Ingrid... - Ele repetiu, rindo.

- Você quer...

- Ingrid... Eu te amo. - Cristopher sorriu ao ver minha cara de espanto. - Muito melhor, não acha?

- Você está me enrolando, não é? - Revirei os olhos. - De qualquer forma, eu te amo.

Cristopher me puxou para perto dele e me fez deitar a cabeça em seu ombro. Como a presença dele me trazia paz... Acho que não importa onde estivéssemos, em seus braços eu sempre me sentiria em casa. Acho que "lar" era mais um sentimento do que um lugar físico. Talvez, em momentos desse nos sentíssemos realmente em casa.

- Promete que vai me aturar para sempre? - Ele perguntou, acariciando meus cabelos com os dedos.

- Prometo. Não tenho como te deixar, Cris. Eu não seria capaz. - Respirei fundo para sentir o cheiro de seu perfume.

- Então eu prometo para sempre cuidar de você, meu anjo. - Ele sorriu. - Prometo que para sempre, serei seu.

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