John

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Finalmente a aula acaba. São 16:12, ainda é cedo para ir para casa, estou a caminhar em direção ao meu cacifo para poder livrar-me de tudo o que não preciso.

-Ei, vamos beber uma cerveja ali ao café antes de irmos para casa.

Olho para o lado e vejo que foi o William que propôs a ideia, que por acaso não era má.

Não me estava a apetecer nada ir para casa. Sabia que ia ouvir da minha mãe por isso se ficar por aqui mais um tempinho de certeza que não tem problema nenhum e posso preparar-me melhor para discutir com ela. É sempre bom ter argumentos credíveis.

-Claro. Vou só fechar o cacifo.

-Ok.

Fechei e segui atrás dele e do Liam que iam a conversar sobre a cor dos tênis que tinham.

Voltar a entrar naquele café desperta em mim memórias do ano passado. O cheiro a tabaco, que já é habitual, entra-me pelo nariz e faz-me lembrar o meu pai.
Já não me dou ao trabalho de "ficar triste", o facto de ele nos ter abandonado já não me abala.

Sentamo-nos numa mesa onde já estão 2 rapazes, Philipe e Marco. Quando dou por isso, vejo que são os 4 amigos que sempre tive desde que me lembro. Faz-nos bem conviver, já que é algo que não fazemos regularmente.

As horas passam e nem dou conta que já são quase 19:00.

Tenho de ir para casa rapidamente antes que a discussão em vez de um tópico tenha dois.

Estava tão descontraído a rir-me que nem dei conta das 4 chamadas da minha mãe.

Sim, sem dúvida vou ouvir das boas.

-Pessoal tenho mesmo de ir.

-Já?- pergunta o Marco

-Sim, são quase 19:00.

-Meus Deus! Nem demos pelas horas a passar.- comenta o William.

A cara deles de surpreendidos fez-me soltar um pequeno riso.

-Temos de ir todos para casa, mas foi bom passar a tarde com vocês.- diz o Liam que passou mais tempo no telemóvel do que outra coisa.

Mas ele tem razão, foi ótimo ter convivido com eles depois de umas férias em que basicamente só via o Liam devido ao meu "mau" comportamento. Ideias da minha mãe.

Saímos do café e pego no capacete para colocar na cabeça, mas alguém interrompe o meu movimento.

-John? Sábado vais à festa da Maya?

-Sim, vou fazer de tudo para ir!

É verdade! Vou fazer de tudo para ir, mesmo sabendo que a conversa de hoje vai dar para o torto.

Só espero que a metida da minha irmãzinha "perfeita" não se meta ao barulho, já começo a ficar cheio com as criancices dela.
Eu sei que ela não está habituada a desenrascar-se sozinha desde pequena e sempre teve apoio tanto do meu pai como da minha mãe para tudo. A história comigo é ligeiramente diferente porque o meu pai deixou-nos quando que era pequeno e como não tínhamos nada a minha mãe tinha de fazer horas extra no hospital, o que lhe restava um total de 0 horas para mim. A minha infância não foi a melhor e a mimada da minha irmã não o entende.

Volto ao que estava a fazer e coloco o capacete. Subo para a mota e ligo-a.

Despeço-me uma última vez. Cada um segue o seu caminho de volta a casa.

Ao sair do estacionamento, já sem carros, ponho a mão no acelerador e puxo um pouco mais pela mota. Faço as curvas até à estrada principal sempre com uma velocidade não recomendada.

Falta pouco para chegar a casa.

Umas luzes fortíssimas vindas do nada, não vou conseguir desviar-me a tempo...

Amar A Pessoa CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora