Amar A Pessoa Certa

John

Abro os olhos. Sinto algo a fazer-me comichão nos braços. Quando olho para ver o que é reparo que estou numa cama de hospital ligado pelo menos a 3 máquinas. Será que estou a morrer?

Toco na campainha para alguém poder vir-me explicar o que me aconteceu e como ali fui parar.

Vejo a minha mãe a entrar para o quarto com lágrimas nos olhos. Atrás dela vem uma enfermeira.

- Mãe?

-John diz-me que estás realmente bem. Diz-me que o impacto não te causou danos cerebrais. Lembras-te de tudo? Dos teus amigos?

-Sim mãe, claro que me lembro. O que é que se passou.

-Tiveste um acidente de mota. Um camião não te viu e não conseguiu travar a tempo. Estiveste os últimos 2 dias apagado.- diz-me a enfermeira.

As luzes! Foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Descobri de que eram as luzes e da pior forma.

-Ainda tens de fazer uns exames mas nada de especial. Provavelmente tens alta sábado e depois tens de ter pelo menos 3 dias de descanso.- continua ela.

-Em que dia estamos?

-Hoje é quinta John.- responde a minha mãe.

-Obrigado. Como ficou a mota?

-Não muito bem. O impacto foi bastante forte e ela tal como tu foi arrastada pela estrada. Quando lá chegámos não houve nada que pudéssemos fazer por ela por isso optámos por te trazer só a ti.

-Ela teve de ir para a sucata filho.

Não, perdi a minha mota. Vou ter de andar a juntar dinheiro mais de um ano para ter suficiente para uma nova. Estou a ver que vou ter de andar de carro com uma das duas mulheres lá de casa outra vez.

-Ok, obrigado.- respondo ainda a pensar na minha pobre menina que ficou desfeita.

Quero mandar mensagem ao Liam. Quero falar com ele e saber das novidades.

Olho para as horas e vejo que está na hora do intervalo então aproveito e ligo-lhe para o pôr a par de tudo, caso ele não saiba e para saber tudo o que se anda a passar naquela escola.

Liguei duas vezes e ele sem atender. Se calhar vi mal o horário. Mas ele está sempre no telemóvel, mesmo nas aulas, podia responder-me por mensagem.
Acho que sou vidente.

- Agora não posso atender. Já sabes como é o Mrs.Flinch.

-ok, temos de falar. Depois liga-me

-Sim, tens muito que explicar

Estou a ver que ninguém lhe contou.

Enquanto o tempo passava dei uma volta pelo quarto. Não é que tivesse muita mobilidade devido a tudo o que tinha agarrado ao meu corpo, mas deu para chegar à janela e sempre é melhor do que ver teto e paredes.

Finalmente ouço o telemóvel a tocar. Vejo que é o meu melhor amigo e atendo.

-Finalmente dás sinal, ao fim de 3 dias.

-Estou internado no hospital. Só acordei hoje

- Não gozes com essas cenas

-Juro-te! Tive um acidente de mota na segunda à noite quando ia a ir para casa

-Meu deus, mas estás bem?

-Até agora parece que sim.

-Tenho coisas para contar mas guardo para quando voltares, tens de ver tu mesmo. Já agora, quando voltas?

-Em princípio sábado tenho alta e só devo voltar à escola terça. Já sei como a minha mãe é em relação à palavra "descanso"

-Ok, já não te chateio mais. As melhoras mano.

E terminámos a chamada. Foi curta mas pelo menos sei que agora ele pode "justificar" a minha falta nas aulas.