John

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Aproveitei que ninguém ia estar em casa na sexta à tarde e convidei a Ella para ir lá passar a tarde comigo.

Quando chegamos ela estava definitivamente tensa. Passei as mãos pelos ombros dela e tirei-lhe a mochila das costas.

Aos poucos fui-me aproximando dela e beijando o seu pescoço. Senti-a a contorser-se contra mim.

De propósito estraguei o clima e perguntei se tinha fome.

-Por acaso.- Não senti incómodo nenhum pelo que tinha acabado de fazer.

-Anda, eu mostro-te o que há no frigorifico.

Ela acompanha-me até à cozinha e ao abrir o frigorifico pergunta se podemos comer pizza. Aceno e tiro-a para a poder aquecer no micro-ondas.

Vejo-a aproximar-se dos imãs que estão na porta do frigorifico. Observa durante um tempo e depois saem algumas palavras da sua boca.

-Quem é esta rapariga morena?

-É a chata da minha irmã, Joanne.

-Parece ser simpática.

-Isso é porque não a conheces morena.

-É mais velha?

-7 anos. Está a trabalhar numa editora, quer arranjar dinheiro para sair de casa. Também já não é sem tempo.

-Não digas isso. Vais ver que quando ela sair vais sentir falta dela.

-Duvido.

Ouço o plim do micro-ondas e viro-me para tirar a pizza. Pego em dois pratos e coloco em cima da mesa. Sentamo-nos e começamos a comer.

Depois de algumas dentadas vejo que algo incomoda a Ella.

-Está tudo bem?

-Sim, é só que...

Para de falar e bebe um gole do refrigerante.

-Continua.

-Porque é que a tua irmã está em 4 fotos e tu não estás em nenhuma.

Não hesitei em responder-lhe.

-Porque ela é a favorita.

-Não digas isso.

-É a mais pura verdade. Ela é a menina bonita. Ela teve uma infância cheia de mimos e de atenção de ambos os meus pais. Ela ainda hoje se pedir alguma coisa à minha mãe ela não pensa duas vezes mas se for eu já é outra coisa. A Joanne é como se fosse uma santa aos olhos de todos, um exemplo a seguir mas se a vissem como eu a vejo não teriam tanto essas ideias disparatadas.

As palavras saem-me da boca e só paro quando fico sem fôlego.

-Porque é que não tiveste atenção dos teus pais como ela? Pensava que os mais novos é que eram privilegiados

Curiosa.

-Isso já é outra história que fica para outro dia porque hoje não estou com vontade de a contar.

Vejo um ligeiro desconforto nas feições dela mas não estou mesmo com cabeça para lhe contar o que aquele homem, porque não tem o direito a que eu o chame de pai, fez à nossa família e a forma como ele nos deixou na merda.

-Queres fazer o quê hoje pequena?

-Não sei, podes me ensinar a jogar alguma coisa que gostes.

-Tenho esse privilégio?- riu-me

-Tens. Quero saber o que é tão interessante para deixares de responder às minhas mensagens durante uma eternidade.

Rimos os dois e acabamos de almoçar.

São 2:49h, não quero desperdiçar a tarde toda a jogar. Não que eu me importe, mas com a Ella cá em casa há sempre coisas mais interessantes de se fazerem.

-A que horas tens de ir?

-A minha mãe passa por aqui às 6:00h, se não houver problema, ainda fiquei de lhe dizer alguma coisa.

-Claro que não. A minha mãe deve estar a fazer 2 turnos seguidos, para variar, e a minha irmã só sai às 7:00h.

-Okk, então vou só ligar à minha mãe para confirmar.

Enquanto ela fala ao telefone com a mãe eu vou ligando a playstation e calculando o tempo que vamos passar a jogar para poder ter tempo para "outras coisas".

-Princesa, queres escolher o jogo?

Vejo-a a olhar para mim com um enorme sorriso na cara. Agora falta saber se foi pelo que lhe chamei ou por a deixar escolher o que vamos jogar.

Ela senta-se ao meu lado e começa a olhar para os inúmeros jogos que estão dispostos à sua frente. Pega em algumas caixas e acaba por escolher Fifa.

-Futebol?

-É o que parece mais interessante de todos os que tens aqui.

-Tens 14 jogos à tua frente. Tens a certeza que é futebol que queres?

-Já disse que sim. Agora vai, ensina-me.

-Eu ensino-te vá. Não fiques stressadinha.

Dou-lhe o comando para as mãos e vejo-a analisar cada coisa que pode tocar.

O jogo começa e ela ri-se de tão baralhada que está. Ponho as minhas mãos por cima das dela e vou mexendo os meus dedos fazendo o jogador começar a mexer-se.

-É mais complicado do que parece.

-É nada. Com prática vais lá.

-Hmhm, não me parece que vá treinar muito.

Ela continua a jogar e vai aprendendo como se movimentar sem a minhas mãos por cima das dela. Não me está a ganhar muitos jogos mas não ligo muito. Gosto de a ver concentrada. Aquela carinha conquistava qualquer um.

Olho para o relógio e já são 3:30h. Tal como disse antes, tendo a casa só para nós, pretendo dar-lhe um bom uso.

Aproximo-me por trás e vou deslizando a minha mão pela coxa dela. Ela olha para mim com um ar malicioso e eu vou continuando a adentrar a minha mão por dentro do vestido que ela está a usar. Ela suspira levemente e larga o comando.

Quando ela finalmente se vira para mim ouço a campainha a tocar.

Foda-se!

Corro para a porta e rezo para que não me ocupe muito tempo.

Abro a porta e a única coisa que sai da minha boca é um grito com uma única palavra.

Amar A Pessoa CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora