Dezoito

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Passei bastante perfume, enquanto me olhava no espelho do meu quarto. Meu celular apitou em cima da cama.

Era uma mensagem da Mônica: Não precisa chegar com um carro, nós vamos de moto :*

Eu demorei quase meia hora convencendo meu pai para me emprestar o carro e agora eu não precisava mais dele. Legal ...Peguei minha carteira e enfiei dentro do meu bolso. - Tchau mãe, Tchau pai.

"Divirta-se com moderação! " Meu pai gritou da cozinha.

Abri a porta e fui caminhando até a casa dela, não queria ir de bicicleta porque eu iria suar. Olhei um estabelecimento e comprei umas balinhas de menta, caso eu "precisasse".

Bati em sua porta pensando no que diria se fosse a sua vó a abrir . " Boa noite, senhora" não eu acho que mulheres velhas não gostam de ser chamadas de senhora. "Boa noite eu vim buscar a Mônica" . Eu ficaria com vergonha do olhar dela se dissesse isso. " Boa noite eu...

"Vem". Disse Mônica ao sair de casa, ela pegou meu braço e me levou até sua moto.

"Hoje você merece esse capacete bonitinho"

"Valeu". O coloquei. "eu achei que EU te levaria a um lugar!"

"Ei eu estou tentando te ajudar a provar que não é um cara fácil!" Ela disse ao subirmos na moto.

Era impossível conversar durante o percurso, quando ela falava algo eu não ouvia e tenho certeza que ela também não me ouvia, pelo fato de ter perguntado onde estamos indo e ela respondeu "aham".

Paramos em frente ao supermercado 24h.

"Nós vamos ao circo". Ela disse, eu não gosto de circo, mas deve ser mais legal com ela.

Ela foi até a prateleiras de bebidas e ficou escolhendo algumas garrafas, repito " Deve ser mais legal com ela".

"Você tem quantos anos? Porque eu acabei de fazer 18 e se você quiser eu compro". Eu disse olhando para os rótulos.

" Eu tenho 19, vou fazer 20 esse ano ainda. ". A olhei sem acreditar.

"Agora eu estou me sentindo estranho, jurava que você tinha uns 17!

Ela revirou os olhos rindo. "Então ..." tentei quebrar o silêncio. "Você repetiu alguma série?

" Não, eu fiz as duas primeiras séries em casa, meus pais que foram os professores, mas acontece que depois que eu fui pra um colégio de verdade tive que fazer tudo de novo".

"Nossa que chato".

"Na verdade, foi bem legal, eu fui considerada superdotada na época. Estudar em casa é muito melhor do que na escola. Porque você não tem distrações, e os professores só avançam de conteúdo se você realmente aprendeu. Todas as pessoas deviam estudar somente em casa, o mundo seria melhor".

"Você está dizendo que a sua ideia para a paz mundial seria ensino em casa?

"Não, a paz mundial é tão impossível quanto a perfeição humana, se todas as pessoas do mundo fossem sabidas haveria muita competição e uma hora ou outra alguma coisa ruim iria acontecer".

Eu a olhei impressionado, a Mônica de três anos atrás que me falava sobre um filme do espaço estava de volta, e eu estava saindo com ela.

" Sempre vão existir pessoas ruins". Ela completou.

"É verdade ".

"Cento e cinquenta reais". O cara do supermercado disse. Engasguei-me na mesma hora, esse era todo o dinheiro que eu tinha trazido.

" Não se preocupe essa eu pago". Essa disse pondo o dinheiro no balcão.

"Então quer dizer que ser alcóolatra era coisa de rico! " Eu disse a fazendo rir.

"Essas aqui são bebidas realmente boas". Ela disse me dando a sacola. "Vamos sentar ali? " ela perguntou

"Não íamos ao circo? "

"Você acreditou? " Ela soltou uma gargalhada. "Eu estava sendo irônica".

"Sim". Fingi estar magoado. Sentamos na calçada do outro lado da rua. O poste iluminou seu rosto e finalmente pude ver o quanto ela estava bonita.

Seu cabelo estava amarrado pra trás com várias tranças ao redor, o que deixou ela mais simples e linda. Fiquei imaginando ela se arrumar para sair comigo, quais coisas ela deve ter pensado, e se eu era o centro dos pensamentos dela. Ela estava sorrindo de forma engraçada o que me dava vontade de sorrir também.

" Porque você me beijou? " Perguntei quando ela colocou uma garrafa em sua boca.

Ela a virou tomando um gole. "Porque eu quis". Ela respondeu séria.

Eu ri da resposta, Eu com vários motivos na cabeça e ela responde "Porque eu quis". "Chega de perguntas! " Ela disse me dando a garrafa.

Eu tomei um gole e foi como engolir enxaguante bucal de Pimenta. Sacudi minha cabeça ainda com a garganta em chamas. Beber é horrível.

Ela ri da minha atitude. "Sempre te achei legal". Ela disse.

Sorri pra ela "Me diz qual foi a primeira impressão que você teve de mim".

Ela fez cara feia e me olhou seria "Que você era legal!" nós rimos.

Um cara estaciona o carro em frente ao supermercado e no carro toca uma música bem alta. Ela era calma e até que era legal.

Levantei-me erguendo meu braço a ela. Mônica me olha sorrindo e os seus olhos parecem refletir a luz do poste.

Ela estava bem próxima de mim, coloquei suas mãos em meus ombros e as minhas em sua cintura. Eu não sabia ao certo que estava fazendo, mas se fosse pra escolher com quem dançar uma música lenta no meio da rua deserta a noite, seria ela.

Ela depositou um beijo em minha bochecha e descansou sua cabeça em meu ombro, demos passos lentos como se estivéssemos dançando valsa.

" Quando meu pai deixou a minha mãe, eu fiquei tão sozinha. Tudo virou de cabeça pra baixo e do nada tive que morar com a minha vó e ela só sabia reclamar de mim. Foram épocas difíceis, e talvez eu tenha me tornado uma garota egoísta".

" Uma vez minha mãe ficou grávida, eu tinha nove anos. E eu sempre fui o Centro das atenções para todos eles, E quando eu soube que teria um irmão, torci para que ele não nascesse, semanas depois minha mãe perdeu o filho. E eu me sinto mal até hoje".

"Eu já tive um gato que se chamava Steve, mas o meu pai o atropelou quando chegava do trabalho". Ela continuou.

"Eu sempre fui alérgico a gatos".

Então nos beijamos.

"Isso pode dar certo". Ela sussurrou no meu ouvido. 

Continua...

Eduardo e MônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora