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Horas depois tínhamos ensaio da banda. Iríamos tentar uma música diferente das que cantamos. Originalmente cantamos rock brasileiro, mas naquele dia iríamos tentar uma música dos Passenger, Heart's On Fire.

Era no estilo folk, e como tínhamos bateria e guitarra tivemos que deixar de lado. Folk só se toca com instrumentos feitos de madeira. Então seria uma coisa mais acústica feita por mim e Ammon, eu tocaria violão e ele cantaria, ele e Leonardo, Daniel esses dias estava tentando tocar tamborim ou algo do gênero pra chegar em um bom ritmo porque ele cantando era algo como uma vaca dando à luz.

Tínhamos o som gravado e eu acompanharia com o violão. Estávamos ensaiando o ano todo para a apresentação que iríamos fazer no final de ano no ano novo. Seria muito importante para todos nós. Toda cidade iria e algo legal poderia acontecer, como por exemplo alguém querer nos contratar pra pelo menos tocar em algum estabelecimento.

"Telefone pra você Eduardo, é a Marcia ".

" Oi, mãe tô ocupado". Peguei o telefone rápido. "Estamos ensaiando, eu já tinha lhe avisado.... Quem? .... Mãe eu estou ocupado você sabe que... Grr, mas a senhora sabe que...ta já vou". Desliguei.

"Que foi? " Ammon perguntou.

"Tenho que ir pra casa, chegou alguma visita da mamãe e eu preciso estar lá por alguma questão que não importa". Disse pegando minha mochila.

Saí e peguei minha bicicleta pedalando rápido até chegar em casa, na verdade era só descer uma ladeira. Ammon morava perto de casa.

Entrei e vi minha mãe dando gargalhadas na cozinha. Fui até lá.

"tô aqui".. Disse me deparando com Mônica sentada na mesa sorrindo pra mim. "Mônica?". Perguntei sem entender.

" Vim te sequestrar". Ela disse dando um sorriso de orelha a orelha, eu admito sorri da mesma forma.

" Mas antes tenho que pedir permissão da minha mãe". Disse a abraçando por trás "Mãe eu posso ser sequestrado? " Disse as fazendo rir.

"Claro querido".

Saímos rindo pela porta. " Onde você quer ir?"

" Poderíamos comer em algum lugar, em uma lanchonete talvez". Sugeri

"Não sei, eu tô afim de ver um filme". Ela disse saindo de casa.

"Sério? Um filme com esse dia ensolarado?

" Então vamos pro parque, eu gosto de andar pelas pracinhas". Ela disse e eu assenti concordando, mas o parque era bem perto do centro e o centro era meio longe, olhei minha velha bicicleta jogada na garage.

Mônica me olhou me empurrando percebendo minha aflição. "Relaxa eu te levo, pega". Ela disse empurrando um capacete rosa com florzinha contra minha barriga. Ela se aproximou de uma moto e subiu em cima, naquele momento ela foi tão sexy.

Babei um pouco por ela até ver que o capacete dela era preto e tinha uns raios legais.

"Por que você fica com o capacete legal e eu com o de florzinha?"

" Porquê eu gosto deste capacete".

" Vamos trocar, não quero isso. É tão gay".

"para de choramingar e vem logo".

Ela bateu no banco atrás dela e eu me aproximei. Tentei não me aproveitar da situação, mas ela puxou meu braço fazendo com que eu abraçasse sua cintura. Sorri ao sentir o perfume do seu cabelo. Cheiro de chiclete.

Ela acelerou fazendo minha cabeça ir pra trás e a abracei mais forte.

Chegamos no parque da cidade em menos de cinco minutos.

"Eu não acredito aqui tem tacacá!" ela gritou

A olhei sem entender. Ela me puxou até uma barraca e comprou dois de sei lá o que.

"O que é isso?"

"É uma sopa indígena que tem camarão e bastante Pimenta. É muito gostoso, experimenta".

Ela me deu uma tigela com a sopa e dois palitos. Como eu tomaria uma sopa com dois palitos? Ela me olhava ansiosa pra saber a minha opinião, mas eu mal sabia o que fazer. A moça atrás dela riu e sem Mônica ver ela demonstrou como tomava, leva-se a tigela a boca feito um copo e o palito serve para comer os camarões. E assim o fiz.

Tinha um gosto diferente, não era ruim, mas também não achei gostoso, Nunca curti Pimenta.

"Hmmm que...delícia". Disse tentando a convencer. Ela riu parecendo não acreditar.

Eu paguei a moça e deixei as tigelas. Fomos andando pela praça olhando as crianças correrem por toda a decoração iluminada, toda noite a praça era iluminada por vários pisca-piscas ao redor das árvores, todo os dias eles ligavam e nós nos sentíamos em véspera de Natal, mesmo faltando ainda um mês e meio para o dia 25.

"A única pessoa que eu faço questão de passar meu tempo agora é você". Ela disse, abaixei minha cabeça sorrindo. Levei minha mão até sua cintura e andávamos abraçados.

"Você é como um irmão pra mim". Completou sua frase tirando meu sorriso. É, fui pra friendzone antes mesmo de tentar ter algo com ela.

"Valeu". Falei suspirando e ela riu, Ela ria de tudo.

"Onde estão seus pais?" Perguntei a ela.

"Por que? "

"Eu não sei, quando chegamos em sua casa você estava sozinha e achei sei lá esquece".

" Eu não moro com meus pais, eles se divorciaram e meu pai tem outra família e minha mãe quer esquecer que eu sou filha dela, então eu moro com a vovó". Ela disse parecendo tranquila. "Eu não me importo tanto porque eles fazem tudo por mim, só não ficam comigo. Mas fazem. Eu tenho tipo três famílias".

"bacana, mas e a sua vó ela é legal?"

"É, Ela é meio estressada, mas eu a amo mais que tudo".

Nos olhamos sorrindo.

"Eu gostei da sua mãe, Ela é engraçada".

"Ela é uma figura mesmo".

"Eduardo". Ela disse parando no meio da praça.

"Não precisa me ajudar com aquilo no Colégio, sério vocês já fizeram muito. E eu quero deixar bem claro isso".

"Se eu posso te ajudar, então é isso que eu farei". Ela me olhou por um tempo e me abraçou.

"Obrigada por ser tão bom comigo".

Eu faria qualquer coisa por você

"De nada".


Friendzone: Zona da amizade

Continua...

Eduardo e MônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora