Oráculo

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Pov. Ochaco

Enquanto caminhavamos de volta ao castelo, a fada Nejire me observa pelo canto do olho inquieta até que ela resolve me perguntar:

- Princesa, que história é essa de você ser o quinto elemento? Nossa, só saio por pouco tempo do reino e quando volto descubro que você é "o quinto elemento". – Nejire fala dando ênfase na última parte. -  Alias, pensei que só existissem quatro espíritos elementares. Por quê você escondeu isso de mim até agora? Ah, quer dizer que você pode fazer algum tipo de mágica também? Deixa-me ver, deixa eu ver. Espera um minuto, seus pais sabem disso? – Nego com a cabeça e ela prossegue. – Qual será a reação deles se você contar? Ah! Isso não pode ser coincidência, o fato de você estar na profecia e ainda ser um espírito, alguém mais sabe da sua origem ou pretende esconder e o que fará agora que sabe que... – Interrompo a fada eufórica.

- Nejire respire fundo. – Digo a azulada enquanto rio de suas caras e bocas. – Entendo que essa informação deve ter sido um choque para você, mas deixe-me falar. – Ela para de tagarelar e presta atenção em mim. Escorada em uma árvore digo. – Tudo iniciou quando comecei a ouvir as vozes dos espíritos a uns dias atrás, embora que quando tinha cinco anos também ouvi e contei ao meus pais sobre eles.

- Eu estava contigo nesse dia. – Nejire afirma se lembrando. – Naquela época pensei que eles apenas queriam ajuda-la com a profecia porque haviam simpatizado contigo e até pensei que você tinha um dom sobrenatural de ouvir espíritos, mas logo descartei essa ideia pois eles podem escrever o destino de alguns escolhidos.

- Que coincidência, a Toru me disse algo parecido. – Respondo a fada. – Os elementos apenas escolhem os dignos, mas o destino não é algo cujo podem interferir. Devem existir exceções como quando fui reencarnada para o equilíbrio da terra não piorar mais do que estava. Não tive tempo de te contar antes pois você estava em viajem e respondendo a sua pergunta, só tive um fragmento de minhas lembranças, quanto a mágica preciso descobrir quais os meus dons. Ah! E nem me fale dos meus pais, é capaz de surtarem quando descobrirem que a princesa é na verdade um espírito reencarnado. Porém não posso deixar de lado as minhas obrigações como princesa, o povo de Musutafu precisa de mim. O único que sabe deste segredo além de você é o Tamaki.

- O que? O elfo orelhudo soube primeiro que eu? – Nejire grita. – O que mais você esconde Ochaco? Você e ele estão de caso? – Nejire faz uma pose dramática virando de lado com a mão na testa. – Você me traiu com o Amajiki enquanto estive fora, o que será da nossa amizade? O mundo cruel...

Reviro os olhos e rio, essa Nejire é uma figura.

- Menos por favor, você sabe que nós dois somos melhores amigos e eu não te trocaria por nada nesse mundo. – Abraço a Nejire pela cintura. – O que seria da minha vida sem você Nejire-chan?

- Com certeza seria um tédio total com afazeres e mais deveres de princesas. – Nejire fala retribuindo o abraço. – Você tem sorte que o seu segredinho das flechas está bem guardado comigo.

- O que? Como sabe disso? – Arregalo os olhos ao perguntar a azulada.

- Relaxe, eu já vi a Hatsume construir um arco para você antes e te entregar no mês passado. – Diz a fada. – E como sou uma fada boazinha e entendo que ama arco e flecha mantive em segredo do rei. – Nejire pisca e suspiro aliviada.

Voltando ao castelo seguimos para o jardim real e nos sentamos na grama macia debaixo da sombra de uma árvore de Glicínia. No dia seguinte no castelo, acordo com os raios de sol em meu rosto, visto uma blusa sem mangas com renda azul claro e uma saia preta com detalhes de estrelas em dourado nas pontas. Arrumo meu cabelo que já estava passando três dedos da altura do ombro em um coque, deixo a franja solta e prendo o coque com um grampo em forma de flor dourada. Logo ouço a porta do quarto se abrir.

A princesa da capa vermelha - BakurakaOnde histórias criam vida. Descubra agora