CAPÍTULO 2

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Abby

Não consigo ficar quieta enquanto minha mãe dirige para a Angel's, o lugar onde espero que possa ser meu próximo local de trabalho. Há uma semana que estou participando da seleção e hoje é o último dia, quem passar começa na segunda.

Já fazem dois meses que estamos por aqui e está sendo difícil pagar as contas da casa, depois de uma semana com meus pais consegui um lugar perfeito em East Side, graças ao meus pais. Uma casa simples com tudo para uma pessoa que vive sozinha possa precisar.

_ Por que não para de quicar como se estivesse prego no banco meu bem?_ olho para minha mãe que sorri tentando me acalmar.

_ Eu não consigo._ resmungo e me forço a não me mexer.

Ela estaciona em frente ao prédio, que ao meu ver é perfeito. Uma agência para modelos com 47 andares e vidros espelhados esse lugar é tudo.

_ Aqui, vai te ajudar._ ela me entrega um capuccino de chocolate e agradeço.

Saio do carro depois de dar um beijo no rosto de minha mãe e me apresso para entrar. Passo pelas pessoas tentando manter o mínimo de classe e não tropeçar nesses salto enormes e sem necessidade que minha mãe me faz usar, sem contar nessa saia lápis e esse blazer. Sinto falta do meu jeans e minhas camisetas.

Aperto o botão do elevador para ir a mesma sala dos últimos dias. Havia eu e mais duas disputando e comparado a elegância e a praticidade das duas eu era descartável. Mas se tem algo que eu aprendi foi a nunca desistir.

Assim que a porta do elevador se abre e dou um passo para sair acabo esbarrando em alguém e derramo todo o conteúdo do copo no terno da pessoa.

Olho para cima e engulo em seco ao ver sua expressão de irritação. Eu me lembro dele, da carona e da inauguração há um mês atrás.

_ Eu sinto muito mesmo por isso!_ pego minha toalha de rosto da qual sempre carrego na bolsa e tento amenizar o estrago.

Começo a passar o pano em seu rosto e ouço as risadinhas das outras candidatas. De repente ele segura meu pulso e prendo a respiração sabendo que estou completamente perdida se ele contar para o dono da empresa o desastre que sou.

_ Por favor, pare!_ sua voz sai rouca mas não parece estar com raiva.

_ Eu sinto muito._ o pânico me impede de respirar profundamente_ Eu não tive a intenção.

_ A culpa foi minha também, estava um pouco desatento._ diz soltando meu pulso.

_ Eu insisto em ajudar, se quiser eu posso lavar o terno ou...

_ Não há necessidade, eu tenho outro reserva em minha sala Abby.

O olho surpresa por ainda lembrar meu nome e acabo sorrindo com isso.

Ele se vira e caminha pelo corredor e entra no elevador exclusivo e vou me sentar para aguardar a entrevista com o Presidente da empresa.

_ Você não tem chance depois desse fiasco._ Uma ruiva diz esnobando e a loira ri.

_ Você também não querida, a única capaz aqui sou eu.

As ignoro e fito o céu lá fora.

Eu preciso desse emprego pra recomeçar minha vida aqui. Meus pais poderiam me dar tudo que preciso mas para minha cabeça já incomodei o suficiente por todos esses anos.

Os minutos vão passando e eu serei a próxima a entrar.

_ Abby Garcia.

Me ponho de pé e caminho nervosa até o elevador executivo.

Assim que a porta se abre fico admirada com a vista, a sala é branco com cinza, atrás da mesa de vidro tem uma parede inteira de vidro. O presidente está com a cadeira virada para a janela e assim que vira ainda consigo me surpreender.

_ Eu devia imaginar, parece muito com os livros que leio!_ sorrio e me sento na cadeira a sua frente.

_ Pensei a mesma coisa senhorita._ Disse e vi um vislumbre de seu sorriso._ Não pensei que precisasse trabalhar.

Penso em revirar os olhos mas me lembro que se trata de uma entrevista de emprego.

_ O dinheiro não é meu, não considero o dinheiro dos meus pais como meu. _ ele assente e olha para meu currículo.

_ É formada em jornalismo e é fotógrafa, por que escolheu ser secretária?

_ Acho que preciso trabalhar com alguma coisa e me pareceu uma boa oportunidade até encontrar algo no meu ramo.

Acho que foi uma boa resposta.

_É casada?

O olho estranhando a pergunta mas resolvo responder.

_ Não.

_ Desculpe a pergunta indiscreta, mas uma pessoa casada não serviria, pois quando precisar fazer uma viagem de negócios espero que vá comigo.

_ Não tenho nenhum problema quanto a isso.

_ Que benefícios traria a mim como secretaria?

_ O que espera de uma secretária?

_ Pontualidade, responsabilidade, equilíbrio...

_ Aí já não é mais comigo, eu mal consigo ficar em pé nesse salto._ o interrompo e logo percebo que eu mesma estou acabando com minhas chances.

Ele faz algumas anotações e me preparo para ir embora. Qual seria a possibilidade de ele contratar uma pessoa como eu? Depois dessa resposta não tenho nenhuma expectativa.

_ A espero na segunda feira bem cedo, gosto do meu café sem açúcar e minha agenda do dia pronta ante de chegar aqui.

_ Eu já sabia que não ia... espera o que?

_ Gosto do meu...

_ Eu ouvi!_ dou um gritinho de felicidade não me contendo._ Não vai se arrepender.

_ Espero que não._ apertamos a mão _ Até segunda Abby.

Saio do escritório exultante e ligo para Sophia para dar as boas novas. Nós encontramos no bar do nosso pai e o restante de sexta feira foi apenas alegria e muita bebida de graça.

Vai dar tudo mais do que certo!

(Im)perfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora