𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 2

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A rainha acordava cedo todos os dias, antes do sol nascer e ia fazer seus exercícios. Ela se orgulhava que seu corpo ainda mantinha o vigor de seus anos mais jovens. Atribuía isso a seu amor por todas as atividades esportivas, principalmente a luta com espada. Fazia por meia hora exercícios físicos que aprendeu no Oriente e depois ia para a sala de esgrima para poder lutar por mais meia hora. Hoje estava aborrecida, pois queria escolher sua nova segunda assistente. Mona sua primeira assistente há uns cinco anos vinha desempenhando brilhantemente sua função, porém a moça precisava de ajuda e a anterior, uma francesa, resolveu largar a rainha para casar. Nos últimos meses, moças anódinas tinham passado pela posição não conseguindo se manter nem sequer por uma semana. No começo foi até divertido ver como aquelas meninas mimadas começavam a chorar apenas com uma palavra dela: agora tudo aquilo estava se tornando enervante, parecia que era impossível alguém com um mínimo de competência para o trabalho. Ajudada pelas camareiras, depois do café da manhã e depois de supervisionar mais um começo de aula para as filhas pelo tutor, a rainha adentrou em seu já característico passo apressado em sua sala de trabalho dando ordens. A rainha passava a maior parte do dia ali dentro, cuidando dos assuntos do governo.

*

Entrar no palácio não era uma tarefa fácil. Mas Ava conseguiu passar, assim que algumas carroças com suprimentos adentraram pelo portão. Lá dentro, com suas roupas simples, com certeza ela foi confundida com mais uma das empregadas que trabalhavam ali. O palácio por dentro era ainda mais estonteante. Passando a rua larga de pedras, Ava pode ver que havia um jardim imenso com um lago mais imenso ainda. Havia muitas pessoas por ali o que fazia do palácio uma completa nova cidade dentro da cidade. Mas Ava não podia ficar parada daquele jeito com a boca aberta e os olhos arregalados como estava. Uma moça negra, de cabelos médios ondulados, passou por perto dela carregando uma cesta e Ava perguntou:

"Por favor, como faço para me encontrar com alguém responsável por contratar as assistentes da rainha?"

A moça parou espantada:
"Querida, ninguém fala com aquelas metidas, a não ser que seja da nobreza e desculpe querida, não pense que estou te maltratando, mas pelas suas roupas consigo ver que você não pertence à nobreza - ela riu - eu também não pertenço como pode ver."

"Não, eu sei, eu não sou mesmo. Mas eu soube que estão precisando de assistentes aqui no palácio e eu achei que eu poderia me candidatar."

A moça olhou para Ava sem entender, mesmo assim perguntou:

"Querida, qual seu nome?"

"Ava. Eu sou Ava e você?"

"Charlie. Eu trabalho como arrumadeira geral. Você sabe que um milhão de garotas morreriam por esse trabalho que você está querendo, não? E que o milhão de meninas não é da nossa classe, certo?"

"Hum."

"Mas vamos, vou te levar até lá em cima, onde fica a Mona."

"Quem é Mona?"

"Quem é Mona? Você realmente não sabe de nada, não? Mona é a assistente pessoal da rainha. Sem ela, ninguém, nem o rei da Pérsia chega perto da rainha. Mona cuida de tudo para a rainha."

As duas foram andando pelo palácio que parecia nunca ter fim com muitas escadas e corredores longos.

"Ei, espere, e se eu fosse alguém querendo matar a rainha?"

Charlie parou e olhou Ava de cima a baixo com um sorriso nos lábios.

"Se você conseguir trabalhar para a rainha, eu te garanto, vontade de matá-la não vai faltar."

𖢨 𝑭𝑳𝑶𝑹 𝑫𝑨 𝑴𝑶𝑵𝑻𝑨𝑵𝑯𝑨 - 𝑨𝒗𝒂𝒍𝒂𝒏𝒄𝒆𖢨Onde histórias criam vida. Descubra agora