𝖈𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 7

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Um dia, andando pelo palácio em certa rara hora de folga, Ava entrou na sala onde ficavam as roupas e armamentos dos reinados passados. Os guardas a deixaram entrar tanto por ela ser a assistente pessoal da rainha, quanto pelo fato de que nos poucos meses em que ela trabalhava ali, conseguiu conquistar a simpatia de muitas pessoas que trabalhavam pelo palácio. Ava ficou admirada com toda aquela opulência e beleza daqueles objetos com tantas histórias. O quadro que representava a mãe de Sara a deixou emocionada. A beleza da mãe dela era suave e Ava tinha certeza de que aquela mulher deveria ser muito boa e querida. Porém o item que lhe chamou a atenção foi a Espada de Ouro, o artefato mais celebrado em toda aquela coleção, que ficava do lado de fora da sala. A Espada reluzia à qualquer hora, incrustada em uma gruta que ficava ao redor de um pequena fonte. Diziam que o falecido duque Snart nunca pôde tirá-la daquele lugar. Ava ficou boquiaberta com a rara beleza daquele santuário. Ela ficou por muito tempo admirando.

"Está tentada a tocá-la?", perguntou uma voz nas costas de Ava. A moça soltou um grito de susto e deu um pulo. A rainha estava ali parada olhando para ela com aqueles olhos azuis penetrantes.

"Minha senhora, me desculpe. Não ouvi a senhora chegar. Não, eu nunca ousaria em tocar a espada."

"Tem medo do que possa acontecer?"

Ava se sentiu envergonhada e abaixou a cabeça.

Sara foi até a espada e a tirou com facilidade, colocando-a em frente de seu rosto.

"Eu lembro de que quando era pequena eu tive medo na primeira vez que vim tirá-la. Já minhas filhas a pegaram sem cerimônia. Até correram por aí com ela, como se fosse um brinquedo", a rainha riu e colocou a Espada de volta.

"As princesas tem o mesmo talento que a senhora com uma espada", Ava disse animada.

"Espero que elas nunca precisem usá-la de qualquer maneira", Sara disse com um ar de preocupação. "Me acompanha até a biblioteca? Gostaria de ditar algumas cartas."

"Sem dúvida, minha senhora."

*

Ultimamente Sara tinha passado mais tempo na biblioteca com Ava. Ela ficou satisfeita ao descobrir que a menina conseguia escrever rápido e com uma letra caprichosa. A rainha gostava de escrever, mas sempre era bom delegar pequenas tarefas às suas subordinadas. Fora o fato de que Ava parecia ficar mais relaxada fazendo aquele trabalho e por vez ou outra gostava de lhe fazer perguntas sobre suas aventuras no passado. Sara nunca teve chance de contar seus feitos a mais ninguém e se mostrou receptiva com as perguntas da jovem. Nas últimas noites, ela lhe contou aventuras que teve em todos os continentes que passou, como na África, as viagens intermináveis de navio, os povos diferentes que encontrou, as línguas que aprendeu e sua viagem mais difícil para a terra dos Mongóis, que lhe trouxe muito conhecimento e amizades, tanto que ela trouxe de lá seu médico pessoal, o dr. Zhang, um grande conhecedor da cura através das plantas. Uma das atividades favoritas de Ava era poder ficar ouvindo uma conversa na língua natal do médico entre ele e a rainha.

Ava adorava recontar as histórias que ouvia da rainha para sua amiga Charlie, que ficava boba com todas aquelas aventuras que envolviam animais estranhos, pessoas perigosas e lugares inóspitos. Já por sua vez, a rainha começou a sentir à vontade quando estava junto de Ava. A moça não deixava de acompanhar a rainha praticando seus exercícios matinais e achou muito interessante que ela praticava um tipo de arte marcial que era feita com a espada, mas com movimentos lentos e precisos, que ainda exigiam uma respiração controlada. O dr. Zhang era quem comandava esses exercícios, que eram uma arte de sua terra.

*

Ava achou tempo também para começar um jardim na parte lateral do palácio. Tudo começou porque ela queria mostrar para as gêmeas como era plantar e que seria divertido elas fazerem uma pequena horta. A jovem arranjou várias pequenas mudas de flores e junto com as princesas elas fizeram a plantação e esperaram o resultado. Todos os dias, Ava ia ver como estava a evolução. Ela conversava com as pequenas flores que começaram a despontar, toda orgulhosa.

"Você fez um belo trabalho aqui", Ava ouviu a voz da rainha atrás de si.

"Minha senhora", ela fez uma reverência. "Obrigado. As gêmeas e eu plantamos."

"Ficou muito bom", a rainha olhou ao redor.

"Bem, as flores ainda não despontaram. Mas elas vão, na próxima estação teremos um belo jardim."

Sara encarou a jovem que tinha um sorriso no rosto.

"Essa é uma flor da montanha, não é?", a rainha olhou para a pequena flor perto de sua assistente.

"Sim, é sim. Elas são tão bonitas, acho que serão as únicas a aparecer ainda nesse inverno. Elas gostam do frio."

"Gostam muito", a rainha respondeu.

"Meu pai costumava me chamar de flor da montanha".

Sara levantou uma sobrancelha, enquanto a jovem ruborizou.

"Devo concordar com ele, você é uma raridade, algo especial que aparece nos lugares mais inesperados, trazendo cor e felicidade no meio das atribulações."

Ava sentiu suas mãos tremerem quando seus olhos se encontraram com o da rainha. A rainha estava alegre e tranquila de um jeito que ela nunca vira antes.

"A senhora é quem é a verdadeira flor da montanha em nossas vidas, minha senhora", Ava falou de repente.

A rainha tinha um leve sorriso nos lábios, enquanto Ava não conseguia desviar seu olhar dos olhos azuis. A rainha chegou mais perto dela e tocou de leve seu braço.

"Você é muito gentil", ela sussurrou.

Ava queria abraçar a rainha e fazer juras de amor sem fim para ela, mas ela apenas abaixou o olhar. A rainha afagou de leve o rosto de Ava, antes de se retirar. Ava quase desmaiou de emoção.

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Capítulo pequeno só para não deixar o dia acabar chato.

Bjos baby's 💕

𖢨 𝑭𝑳𝑶𝑹 𝑫𝑨 𝑴𝑶𝑵𝑻𝑨𝑵𝑯𝑨 - 𝑨𝒗𝒂𝒍𝒂𝒏𝒄𝒆𖢨Onde histórias criam vida. Descubra agora