𝖈𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 5

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A rainha gostava de passear a cavalo pelas terras próximas ao palácio com as filhas durante as estações menos geladas. As damas iam junto e a babá Caitlin também. Como Ava era novata, as meninas gostavam de conversar com ela, lhe perguntando sobre sua cidade natal e suas pessoas. As meninas conheciam terras estrangeiras, mas desconheciam o próprio povo. No meio do caminho, as damas preparavam piqueniques maravilhosos para a rainha e as princesas e elas passavam uma tarde agradável. A rainha invariavelmente se isolava das damas lendo ou escrevendo. Ava percebeu que a rainha gostava de sair sozinha para ficar sentada embaixo de uma árvore com frutos amarelos lindos, diferente de qualquer árvore que havia naquela terra. Aquela árvore as pessoas chamavam de árvore do reino. Mona tinha deixado claro de quando a rainha estivesse ali, não deveria ser incomodada. Naqueles momentos as damas procuravam outras coisas para fazer ou até mesmo cochilar. Com muito tato, Ava tentava se aproximar da rainha. Ela sabia que a rainha gostava muito de falar sobre artes, leitura e música e nesses momentos de descanso, era sobre esses assuntos que Ava tentava puxar conversa. Mesmo assim, a rainha respondia suas perguntas com poucas palavras e mais ouvia Ava falando.

Outra atividade em que Ava tinha que acompanhar a rainha era no arco e flecha. Ela carregava a bolsa com as flechas que a rainha usava. Foi nesse dia que ela viu a rainha de calças pela primeira vez. Ela ficou perplexa com a sensualidade da outra mulher. Sara vestia calças compridas e botas de montaria e uma camisa com botões como as dos homens. Só que a vestimenta não fazia com que a rainha tivesse um jeito masculino, pelo contrário, as curvas femininas da rainha e seu corpo ereto ficava mais em evidência. O corte da roupa feita por lexy destacava mais ainda as qualidades do corpo da rainha do que um vestido por mais elegante que fosse. Ava não conseguia desviar o olhar do balanço dos quadris e das nádegas da rainha, fazendo com que ela ficasse totalmente ruborizada e com a garganta seca. Assim que chegaram no lugar onde haviam os alvos, a rainha a encarou com os olhos azuis por um momento longo. Ava achou que iria derreter e uma sensação quase irresistível flutuava de sua barriga até seu sexo, fazendo com que sua respiração ficasse entrecortada. A rainha abriu mais os olhos como em expectativa, até que Ava percebeu que ela estava com a mão estendida pedindo a flecha. Ela deu um pulo desajeitado para tirar a flecha da bolsa que carregava. Sara virou os olhos e retorceu os lábios como fazia quando estava insatisfeita com alguma coisa, mas na verdade ela estava tentando esconder um sorriso. As outras damas deram um risinho jocoso da situação e a rainha imediatamente as olhou com repreensão e elas pararam no mesmo segundo. Ava finalmente conseguiu entregar uma flecha para a rainha com as mãos trêmulas. A rainha ainda a encarou por mais alguns segundos antes de pegar a flecha e se preparar para atirar. Os lábios de Ava se entreabriram quando ela viu o movimento dos braços que a rainha fez com o arco se preparando. Ela achou que nunca vira algo tão gracioso em sua vida. A rainha atirou a flecha com precisão e as damas aplaudiram. Ava apenas encarou e depois como uma idiota ia passando as flechas para a rainha que a olhava toda vez que as pedia. Quando a rainha cansou da atividade, elas voltaram para o palácio. No caminho de volta, Ava tentou entender o que estava acontecendo com ela, a razão para sentir essa atração tão intensa pela rainha. Até que ela pensou na palavra "atração" e entrou num desespero particular. Ela nunca havia sentido aquilo realmente, só tinha lido nos livros, mas parecia que ela estava irremediavelmente atraída fisicamente pela rainha, não era somente uma admiração por alguém do status dela. E nessa pequena caminhada ela chegou a conclusão que se sentia não só fisicamente atraída pela rainha, mas intelectualmente também, pois ela adorava conversar com ela sobre qualquer assunto e se sentia melhor se elas estavam juntas. Foi então que lhe ocorreu que ela podia sim estar apaixonada pela rainha. Então era isso que era paixão, ela pensou, enquanto entregou a bolsa que carregava para um rapaz que veio pegar. Quando chegou a essa conclusão, ela se sentiu tão feliz, que poderia sair flutuando. Mas a sensação não durou muito e ela se sentiu triste, por saber que a rainha nunca iria se sentir do mesmo jeito por ela. Ava ouviu a voz da mulher que não saia de seus pensamentos:

𖢨 𝑭𝑳𝑶𝑹 𝑫𝑨 𝑴𝑶𝑵𝑻𝑨𝑵𝑯𝑨 - 𝑨𝒗𝒂𝒍𝒂𝒏𝒄𝒆𖢨Onde histórias criam vida. Descubra agora