VIII

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Eu ia fazer um capítulo monstro pra vocês, mas percebi que preciso acumular alguns pra não atrasar tanto nas atualizações. Não me matem, ok?

.

Plim.

Certo, eu não sou exatamente o melhor escritor do mundo e nem teria capacidade para inventar uma onomatopeia decente, mas isso foi, basicamente, a campainha tocando e ressoando por toda a minha caixa craniana.

Segurei o celular em minha mão com força e andei até a porta, destrancando-a. Por um momento, pensei na possibilidade de soltar um Toddy feroz e fazendo escândalo para receber minha amistosa visita, mas limitei-me a abrir apenas uma fresta da porta e, com o pé, conter meu cachorro bravo.

Ele estava ali, parado, me olhando. Ergui as sobrancelhas e peguei Toddy no colo, fazendo sinal para Bert entrar. Murmurei um "já volto" e deixei meu animalzinho dentro do meu quarto, latindo sozinho, por mais que essa não fosse minha vontade. Quando voltei, Bert encarava a parede. Suspirei fundo.

- Seu apartamento é bonito. – Ele comenta, em uma tentativa de deixar o clima menos pesado. Eu não era exatamente uma pessoa que ficava brava com facilidade, mas McCracken tinha passado dos limites, ao meu ver. Eu não sabia quais eram suas intenções, mas ele não deveria ter mandado aquela foto para Frank, ainda mais sugerindo que eu estivesse quebrando a quarentena.

- Eu sei. – Respondi, seco e o observando olhar ao redor e andar até minhas plantinhas.

- Como você consegue deixar um cacto chegar a esse estado?

- Deixa de papo furado, Bert. – Digo, recebendo uma cara de quem chupou limão como resposta. – O que, exatamente, custa para você me dar o endereço de Frank?

- E o que custa você me dar esse maldito telefone para eu levar? – Ele estende a mão, esperando receber o aparelho.

- Minha dignidade? – Ajeito minha postura, um pouco sem graça, já que o fim da minha frase tinha saído agudo demais. Olho para Bert e seu rosto lindo, porém maquiavélico. – Do jeito que você se mostrou ser, acho que vou tapar minhas câmeras com um esparadrapo. Vai saber o que tinha naqueles links que me enviou. Como vou te confiar o celular do Frank? Eu tenho certeza que você vai bloquear ele e botar toda a culpa em mim!

- Eu tenho a senha e a digital no celular do Frank, seu tolo. – Touché. As palavras seguras de McCracken me atingiram como várias facadas e, quando percebi, já apertava o celular mais que o necessário e puxava uma pele dos meus lábios secos. Eu sentia dor, mas precisava descontar minha raiva e ciúme de algum jeito que não transparecesse.

Ok, talvez eu fosse um pouco menos discreto do que a maioria das pessoas, a julgar pelo que eu imaginava ser um sorriso por baixo da máscara dele.

- Oh, ele não te contou?

- Vai se foder. – Falei, transtornado, enquanto remexia uma gaveta em busca de uma máscara limpa. Toddy arranhava a porta do meu quarto, latindo enfurecidamente, minha vizinha andava com o calcanhar batendo no chão (o que me irritava profundamente) e Bert pigarreava. O combo da explosão estava completo. – Vamos, você me leva na casa dele. Agora.

Ele deu de ombros, voltando para o elevador e apertando o botão. Revirei os olhos por ele não ter usado a chave. Aquilo poderia estar contaminado. Evitei olhar para os lados, já que ainda me recuperava da apunhalada pelas costas que havia levado minutos antes.

quarantine • frerardOnde histórias criam vida. Descubra agora