XI

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*desviando dos paus e das pedras* OI, OLHA QUEM É QUE TÁ AQUI!!! Gente, seguinte, desculpem MESMO pela demora, mas minha vida anda muito mais atribulada que o normal. O importante é que temos um capítulo fresquinho pra vocês e eu espero – muito – que gostem

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Fazer café da manhã para alguém especial é uma das demonstrações de amor mais válidas, na minha sincera opinião. Motivos? Os seguintes: acordar mais cedo e deixar a outra pessoa deitada no sono profundo; aguardar, ansioso, que ela acorde espontaneamente enquanto você tenta deixar tudo aquecido; tomar cuidado com cada movimento para que não faça barulho; e, por fim, o meu preferido: proporcionar ao outro a sensação de despertar com o cheiro de café recém passado.

Enquanto batia os ingredientes da panqueca no liquidificador, peguei duas xícaras e, como Iero havia me dito que tocava guitarra, reservei a branca com notas musicais para ele.

Depois de colocar a massa na frigideira, percebi que não fazia ideia de qual era o sabor favorito de Frank para panquecas. Pela minha intuição, peguei uma embalagem de chocolate e derreti, colocando por cima logo em seguida. Não teria como dar errado, certo? Nenhum ser humano recusa uma panqueca com cobertura de chocolate.

Enchi duas xícaras de café e, em um timing perfeito, um tatuado sonolento apareceu com Toddy no colo. Lembrei estupefato de como meu cachorro não latiu nem ao menos uma vez para Iero, sendo que normalmente instalava um pandemônio caso qualquer pessoa se atrevesse a entrar no recinto – isso acontecia até mesmo com Mikey, meu irmão caçula. Fingi cara de bravo ao vê-lo fazer carinho na barriga do animalzinho, mas não aguentei por muito tempo; afinal, ver um tatuado sem camisa todo bobo ao brincar com um cachorro não era a visão mais inusitada existente?

Coloquei os dois pratos cheios de panqueca e as xícaras em cima da mesa, sentando e chamando a atenção de Frank, que logo se juntou a mim, sendo seguido por Toddy.

- Acho que o Toddy sempre gostou mais de mim. – Disse, observando meticulosamente o café da manhã à sua frente. Eu estava um pouco nervoso, com medo de não agradar, mas relaxei assim que ele teatralmente lambeu os lábios.

- Os dois são mimados e convencidos. – Respondi, sem perceber que encarava Frank dar a primeira garfada na panqueca de uma maneira meio obsessiva. Automaticamente, senti o rubor se alastrar pelas minhas bochechas e desviei o olhar para minha xícara de café, esperando o nervosismo passar e que ele não percebesse o quão indiscreto fui.

Mas, é óbvio, ele notou. Frank Iero era o ser humano mais perspicaz e debochado de todos.

- Relaxa, Gerard, nem mesmo eu, em meus piores dias, reclamaria de um café desses. – Ele sorri, mas faz uma careta logo em seguida. – Exceto pelo chocolate amargo. Jesus, deveria ter pensado melhor antes de me envolver com você, Gee.

- Então você é uma formiga. – Sorri um pouco, dei um gole de café e o observei acenar com a cabeça. – Não consigo comer chocolate sem beber algo junto, mas não vou negar... Um café sem doce parece incompleto.

- É disso que estou falando. – Ele dá mais uma garfada, resolvendo ficar em silêncio durante algum tempo.

Por mais que ainda tivéssemos muito a conversar, a ausência de conversa não me deixava nervoso – como na maioria dos relacionamentos, nos quais a falta de algo no silêncio era sempre preenchida por um papo aleatório. Divaguei e, dessa vez, quem me encarava era Frank, com um pequeno sorriso de canto de rosto. Pensei em tudo que passamos até chegarmos até aqui, todos os mal entendidos e brigas que fizeram com que eu, um publicitário de uma marca de chicletes, envolvesse-me com um médico egocêntrico como ele.

E posso dizer agora que Frank é muito mais do que demonstra, e o tempo só iria me fazer ter mais certeza disso.

- Sabe, você tem sorte, porque Mikey ama doces também. E eu aprendi a fazer vários pra deixar ele contente.

- Mikey é...? – Iero perguntou, mordendo o lábio e olhando para seu colo, subitamente assumindo uma expressão séria. Levantei da cadeira e me ajoelhei na frente dele, levando minhas mãos às suas coxas e atraindo sua atenção.

- É meu ex-marido. – Falei, tentando conter o riso. – Mas ainda somos muito amigos. Não vejo a hora de te apresentar.

- Entendi. – Ele respondeu, desviando o olhar para Toddy e passando a mão nele. Dei alguns apertões em suas coxas novamente, mas ele parecia absorto demais em seus pensamentos. Tão absorto a ponto de nem ao menos perceber que eu tinha um sorriso gigantesco em meus lábios.

- Frankie? – Novamente tentei chamar sua atenção, sem sucesso. Ao perceber que ele tinha ficado genuinamente pensativo, levantei e, dessa vez, enrosquei meus dois braços em seu pescoço, abraçando-o por trás e dando um beijo na sua têmpora. – Mikey não é meu ex-marido. Eu sequer tenho um.

- Como é?! – Ele berra.

- Mikey é meu irmão. – Rio da expressão que o tal médico impassível carregava: a de pura incredulidade, misturada com a sensação de um ciúme que já passou. – Aprendi a fazer doces para que ele não me dedurasse quando saía de casa escondido.

- Ora, seu folgado. – Iero deu um soco no meu ombro e eu, buscando cativá-lo depois de emburrado, fingi sentir uma dor excruciante. – Se você me colocasse no meio de um casamento mal acabado, eu sairia correndo daqui.

Mas a verdade é que Frank nunca mais saiu correndo dos meus braços – nem ao menos foi para longe. A partir daquele dia, nós permaneceríamos juntos em todas as situações. Unidos, mesmo quando a distância nos separasse por algum motivo.

E eu soube disso. Soube disso assim que, ao me afastar para lavar a louça e ver Iero examinar todas as molduras e todas as minhas fotos, tive esta ideia.

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Então... Vejo vocês no epílogo? (Não estou preparada pra acabar isso aqui).

quarantine • frerardOnde histórias criam vida. Descubra agora