Hearts Thief (O Ladrão de Corações).

Chapter One.

Era mais uma madrugada chuvosa de primavera, já se passavam das duas da manhã em um sábado e uma figura borrada passava por entre os becos de Fukuoka parecendo invisível ou um mero vulto para as pessoas que passavam por lá, bêbadas demais para repararem em algo estranho — e quem passava achava que eram dois amigos, um tentando ajudar o outro desacordado por beber demais. Mal sabiam eles que ali, entre uma casa noturna e outra, acontecia um crime horrendo que nem o ser humano mais forte teria estômago suficiente para presenciar aquilo.

Ali, atuava o famoso 'Ladrão de Corações' conhecido por todo o Japão — e quem sabe em algumas partes do globo — por seu modus operandi. De acordo com investigações e pouquíssimas provas reunidas pela polícia japonesa através dos depoimentos vagos e gravações borradas, o suspeito premedita o crime; investiga a vítima por um período de tempo, se torna próximo dela, conquista seu coração e confiança, e quando a vítima menos espera, ela é morta e tem seu coração roubado, tudo sem um tempo estimado dos fatos, sendo tudo planejado no tempo do assassino. É a partir daí, que recebe seu nome em ambiguidade.

Nenhuma polícia, das mais de dez cidades que tiveram seus habitantes alvos do serial killer, conseguiu uma prova concreta sequer capaz de construir um perfil para ser seguido. Não se sabia se era homem ou mulher, japonês ou não, se tinha um cúmplice, nem nada. Eles tinham uma pessoa à solta, e não sabiam nem quando e nem onde atuaria novamente.



Sua passagem já havia sido comprada, a pouca bagagem já tinha sido despachada e apenas esperava o aviso nos alto-falantes para que pudesse embarcar no avião com rumo à capital japonesa. O homem parado não chamava muita atenção, só quem reparasse muito nele; os fios dourados levemente espetados, os olhos azuis como o céu e a máscara preta deixando o resto do rosto do homem em mistério, sem contar nas roupas discretas mas que traziam seriedade para ele — uma blusa de lã gola alta de cor preta assim como as calças jeans, coberto por um sobretudo bege e coturnos pretos também, com poucos anéis de prata nos dedos que envolviam um copo de café preto recém-comprado para complementar a aparência do homem que prestava atenção no noticiário.

"Esta manhã, um corpo de uma mulher foi encontrado cidade de Fukuoka, há 1.100km de Tóquio, próximo à Universidade Kyushu. A jovem foi encontrada por um senhor que caminhava pelo local.

— Quando eu vi a jovem, eu achei que ela estava dormindo depois de cair bêbada, sabe? Esses jovens de hoje bebem além do limite. Cheguei perto dela porque estava frio e ela não estava com roupas quentes, mas ela estava com os olhos arregalados, pálida e muito gelada. Foi aí que eu percebi que ela estava morta e comecei a gritar.

A polícia chegou rapidamente ao local e isolou a área até a perícia chegar. Segundo informações dadas à imprensa, a polícia suspeita que o autor seja o serial killer 'Ladrão de Corações' pelo fato de haver uma cicatriz no tronco da vítima em formato de Y, mas não há nada para se confirmar antes da autópsia. Não havia sangue no local, então concluíram que o corpo foi desovado em frente à universidade. Após uma investigação, a mulher foi identificada como Osaka Yuno, 21 anos. Voltaremos em breve com mais informações."

As televisões dispostas pelo aeroporto divulgavam a mais nova notícia daquele dia, fazendo com que todos parassem para ouvir e uma expressão horrorizada aparecer nos rostos das pessoas. No meio delas havia alguém que parecia não ter essa expressão. Por baixo da máscara preta que usava, um sorriso ladino e orgulhoso aparecera no rosto do rapaz, que aumentou ao ver que no telão ao lado, seu vôo para a capital estava para sair, jogando o copo de café preto vazio na lata de lixo mais próxima. Em seus fones recém colocados, tocava Spanish Caravan de sua banda internacional favorita, caminhando até o portão indicado para que finalmente começasse sua nova trama, arriscando tudo que já tinha feito durante os dois anos que atuava para procurar uma nova vítima na cidade tão movimentada que era a capital.