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–Como você está? Tô te sentindo um pouco tensa. —perguntou Eva

Valentina que estava no closet vestindo o pijama, notou onde sua irmã queria chegar com essa pergunta e suspirou antes de responder.

–Como sempre. Prendendo os vilões, reuniões de negócios, ameaças, mamãe no meu pé e você invadindo minha casa, ou seja, tudo normal.

–Por que você é assim?

–Prática? Sincera?

–Irritante, arrogante, insuportável.

–É um dom que eu tenho e que não penso em desperdiçar.

–Valentina.

–Que?

–Estou falando sério. Você está estranha, tensa.

A juíza se sentou na cama ao lado de sua irmã e observou as luzes de L.A. brilharem diante seus olhos.

–Estava na banheira e acabei pegando no sono.

–E?

Valentina revirou os olhos, não tinha muita paciência, ainda mais, para a impaciência de Eva.

–Eu tive um sonho ruim. Foi só isso.

–Como assim um sonho ruim? Me conta. Foi sobre…

–Não. Não foi. — foi ríspida em interromper sua irmã. Não queria falar sobre o passado.

–Mas…

–Sem “mas”, Eva. Não quero falar sobre isso.

–Uma hora você vai ter que conversar com alguém. Tem falado com…

–Eu disse: CHEGA! 

Eva se moveu inquieta com o tom de voz usado por Valentina, mas entendeu que para sua irmã era difícil, ela não aceitava o que aconteceu no passado.

Sabia que estava entrando em um terreno perigoso e que sua irmã era capaz de matar quem ousasse revirar seu passado.

–Ok, ok. Me desculpe.

–Não. Me desculpe você. Você sabe o quanto é…

–Difícil? Eu sei.  — Valentina assentiu — Valen?

–Sim?

Eva virou-se para sua irmã, segurou firme em suas mãos e olhou no fundo dos seus olhos.

–Eu ainda não concordo com o que fez e acredito que um dia você vai olhar pra trás, e perceber que fez uma burrada mas, eu sou sua irmã e mesmo ainda não concordando com isso, eu vou te apoiar.

–Obrigada.

–Agora vamos dormir.

Eva se levantou e caminhou até o outro lado da cama sob o olhar de Valentina.

–O que está fazendo? — perguntou com a sobrancelha arqueada.

–Você claramente precisa da companhia da sua irmã mais velha. Você sabe? Caso o lobo mau decida invadir seu sono novamente.

A juíza revirou os olhos e não conseguiu conter o sorriso. Sua irmã é igual debochada que ela e isso a divertia. Estava no sangue.

–Você não é a mais velha e…

–Quer segurar a minha mão? Assim não vai ter pesadelos. — perguntou Eva já embaixo das cobertas.

–Te quero fora da minha casa antes do café da manhã.

Mesmo acostumada a viver sozinha desde seus dezoito anos, Valentina se sentia feliz todas as vezes em que sua irmã a visitava. Não era de longe a mulher que é hoje, era péssima em demonstrações de afeto, mas fazia um esforço quando envolvia sua família e foi só por isso que desejou a sua irmã uma boa noite.

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