Capitulo 2: Luzes

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Cidade de Carvalho negro
Dia 30 de julho 1998 10:20

Depois da situação esquisita que eu aconteceu na sala de aula com Diego, a gente não conseguia trocar nenhuma palavra, só sei que eu e ele as vezes tentava encostar a mão um no outro, com esperança de tal choque acontecer novamente.

Mesmo que o clima estivesse estranho, as sensações dentro de mim ainda pulsavam, como se estivessem gritando por liberdade. Eu espiava ele pelo canto do olho de vez em quando, e sinto que ele também.

O formigamento em mim aumenta sempre que finjo que ele não estava ali, era como se fosse uma bússola e meu norte era Diego, era estranho e engraçado. As vezes eu me virava, fingia estralar as costas mas era só pra ver que eu não estava enlouquecendo. Se eu ficava de costas para ele o formigamento ia para as minhas costas, se eu ficasse de lado o formigamento ia para o meu braço, se eu ficava de frente para diego o formigamento parava, mas sempre que isso acontecia, eu me perdia no abismo dos olhos dele.

O sinal finalmente toca, e quase que imediatamente Diego se levanta e sai da sala antes que todo mundo, sem olhar para trás. É errado eu querer que ele olhasse para trás? Afinal eu tenho certeza que toda essa bizarrice não é só comigo!

É hora do intervalo, e os corredores rapidamente se enchem de alunos tagarelas e baderneiros. Alguns se encaminhavam para o patio lá fora, outros ficaram encostados nos armarios mas a maioria assim como eu, estava a caminho do refeitório, tinha prometido que ia sentar com Ricardo.

Mas antes tenho que pegar meu lanche no meu armario, por sorte ele é perto da sala da professora de história, então não vou ter que me esbarrar em muitas pessoas. Os corredores se encheram mais ainda, tornando a tarefa de ir ao meu armário mais difícil.

- Miguel! - Uma garota vestida de vermelho a uns 4 metros de mim grita meu nome entusiasmada, Era Melissa minha melhor amiga dês da segunda série, ela que me apresentou o Ricardo e seus amigos. - Miguelzinho! -Diz ela se aproximando para me dar um abraço.

- Não me chama assim, fica estranho. - Digo retribuindo o abraço, e enquanto eu a abraçava sentia os arrepios se aumentando.

- Ah, mas você é muito "fofuchinho", vontade de apertar. - Disse ela com uma voz gozada. Melissa era mais alta que eu, e assim como Ricardo ela era um dos alunos endeusados eu que havia comentado. Sua presença atrai olhares de meninos e meninas pelos corredores.

Mesmo com seu sorriso docil ela tinha uma postura imponente e sua presença intimidava os outros. Pois diferente de Ricardo, quando melissa estava perto, quase ninguém passava perto para dar Bom dia, na verdade ela que selecionava algumas pessoas para dar bom dia, ou elogiar algo na aparência dessa tal pessoa.

- Eai como foi as férias? - pergunto tentando mudar o assunto meio sem graça.

- Muito boas, eu não viajei dessa vez. Mas meus pais sim, então já sabe né? - Ela sorriu, e eu fico confuso. Ja sei? Sei que jovens sem supervisão só faz merda. - Convidei uns amigos para lá e digamos que ainda tem coisa para limpar lá antes que meus pais chegem.

- Você ta doida? - Pergunto sorrindo, e ela junto. Parece se divertir com a ideia ser pega.

- Talvez um pouco, mas não vai ser a primeira vez que isso acontece então difícil eles me pegarem dessa vez. - Ela puxa um mini espelho do bolso, e um batom.

Aproveitando a deixa eu abro meu armario e pego minha lancheira, mas o mini-arrepio se fortalece e vira formigamento e depois se alivia novamente, eu olho em volta e vejo Diego passando muito rápido em direção ao refeitório da escola. Pra quê tanta pressa?

Melissa percebe minha inquietação, e olha em volta e quando olha para Diego ela fecha a cara, semi-cerra os olhos e volta para seu batom.

- Garoto esquisito né? - Diz ela com um tom de desgosto. Eu não respondo, pois me sinto desconfortável com esse tipo de comentário.

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