Destinado A Ser Seu

Capítulo 8: Ele se aproxima

Depois de descer do ônibus, continuo seguindo o meu rumo em direção a biblioteca que ficava aqui no centro da cidade, acelero meus passos, aperto a alça de minha mochila e sinto minha dor de cabeça com tantos pensamentos.

O que será que o destino está reservando para mim?

Afinal, foi um ano doido, mas não só por conta de ontem e hoje. Minha vida sempre foi viver apenas como mais um naquele lugar, sempre sozinho em casa e na escola. Comecei o ano invisível como sempre, mas aí fui notado e je algum jeito eles acham que sou legal e agora estou andando com os alados. Teria sido muito bom, se não fosse esses surtos na realidade.

Ainda estava um pouco chateado com Ricardo, mas não é como se ele me devesse alguma satisfação ou coisa do tipo, ele fica com quem ele quiser. Mas que ele ajudou a criar minhas expectativas eu não posso negar. Ele nem teve coragem de olhar nos meus olhos, mas por conta do meu incomodo, eu não consegui diferenciar se era vergonha ou raiva que ele não olhava para mim. Talvez os dois? Pois quando Melissa revelou na mesa, e eu parecia o único chocado com tal anuncio, a primeira pessoa que ele olhou com preocupação foi, eu.

Mas também tem pontos positivos, esse ano reaproximei de Melissa, e estou contente com isso, afinal entrei na escola junto com ela, nada melhor que terminar junto a ela. Mas sinto ela muito diferente. Na verdade estou começando a sentir tudo diferente. Até o mundo começou a ter outros tons de cores e ernegias que eram tão forte que quase poderia tocar. Eu acelero meu passo.

Afinal todo momento eu penso sobre isso, estou no meu segundo dia de aula e cada vez que alguma coisa acontece, descubro alguma capacidade estranha minha e o mundo que eu conhecia fica cada vez mais distorcido. Cada momento que passo em minha mente tem algo novo para descobrir e tudo está de alguma forma ligado a Diego.

Me lembro de tudo que vi até agora, a imagen na primeira aula de ontem, a voz sussurrando "Enfim a hora", a briga do refeitório, as sensações que tenho quando Diego está por perto, a mulher de branco no banheiro do Ricardo, o homem de olhos vermelhos atrás de Diego.

Está tudo tão bagunçado e algumas coisas eu não sei se são minha mente perturbada, ou alguma coisa que preciso interpretar de alguma maneira, o que será esse mundo neon? O que será essa mulher me dizendo sobre caminhos? O que será essas sensações que tenho com Diego por perto?

Enfim vejo a biblioteca, uma das construções mais antigas da cidade, mas está em ótimas condições, fica na frente da praça. Aqui é o centro de Carvalho negro, os maiores prédios, que são a maior fonte de empregos da cidade, não diria que somos uma grande cidade mas somos uma cidade média, e aqui é a parte mais movimentada.

Vou seguindo em frente, atravesso a rua e por alguns instantes paro para ler os cartazes que ficavam em volta da entrada da biblioteca. "Estudantes com carteirinha não paga". "Venha fazer trabalho comunitário". "Livros importados pela metade do preço". Entre outros mais.

Quando eu ia entrando eu olho para o outro lado da rua e eu vejo minha mãe. Eu me escondo atrás de um poste, ela não pode saber que estou cabulando. Mas olhando mais para ela, percebo que nem se eu estivesse do lado dela ela iria me notar. Estava apressada, com uma roupa social, e arrumava umas folhas em uma maleta.

Como já havia dito, minha mãe sempre foi alguém que adora trabalhar, muito competitiva, na verdade era viciada em trabalho. Depois que meu pai foi embora, ela se sentiu livre para fazer o que quiser, e ela decidiu gastar sua liberdade, fazendo o máximo de horas extras que conseguir, nos finais de semana ela sempre viaja a trabalho para o exterior me deixando sozinho em casa. Muitos diriam que isso é ruim e as vezes é, mal vejo ela em casa. Sendo que ela pode ficar em casa, mas ela gosta de provar para os outros que consegue, e eu aprecio a determinação dela e sempre vou apoiar.