Todos conhecemos a famosa declaração do astrônomo Carl Sagan, de que "Somos todos poeira de estrelas". E, sim, como todo fato científico é comprovado que de fato somos compostos de poeira estelar, mas poeira extra-solar, apesar de vivermos no Sistema Solar. Veja então esse paradoxo — somos daqui, mas feitos de um material que não é daqui.
Entendo então que somos pessoas feitas de cinzas de estrelas mortas, que consequentemente formam um conjunto de átomos que ficam juntos por um curto período, e bem depois... se desfaz. E quando todo esse processo termina, e nos dispersarmos pelo nada novamente, teremos a proposta de um novo começo, poderia até ser como um conceito religioso de termos todos os nossos pecados apagados.
Esse, então seria o processo de vida e morte que permeia o universo e o nosso existir, contudo porque ficamos tão presos a questionamentos, problemáticas e normativas que só geram nosso sofrimento? Somos coisinhas cósmicas engraçadas, somos feitos de algo tão maior, tão incrível e tão ainda misterioso e não entendido, mas ficamos empacados e sofrendo por enquadramentos feitos por outras pessoas ao longo de toda nossa história humana porque essas mesmas pessoas precisavam sentir fazer parte de algo.
Agora você se pergunta, como eu cheguei a esse pensamento?
Garanto que não foi do dia para noite, como todo processo científico, foi ao longo de várias formulações de hipóteses, experiencias (minhas próprias, com outras pessoas), até concluir que gostamos de ignorar nossa grandeza que é única de cada pessoa para impor padrões geradores de sofrimento e adoecimento mental.
Se vermos os adultos como crianças feridas que sobreviveram ao limbo, percebemos então que tudo isso começa na nossa infância. Quando nascemos, somos criaturas neutras, alheias a tudo que nos cerca, então a sociedade vem com suas regras, normas, leis, necessidade de reparos na nossa própria natureza nos corrompe. Mas essa ideia precisarmos de reparos, bem ela normalmente nos aprisiona.
Então sobre o que é tudo isso que estou falando?
Stephen King, sem deixar o ficcional que muitas vezes acontece em seus livros, demonstra claramente como o terror humano pode acontecer em diversas situações. King nos mostra dessa forma que não é preciso sair ou se esforçar muito para temer. É sobre esse terror que estou falando, o terror que há em nós e, que muitas vezes é tão temível, que tentamos acreditar que não existe, o terror do desconhecido, o terror do outro que é diferente de nós. Quem nunca temeu aquele lado desumano? Quem não se desesperou ao pensar ou viver a perda de uma pessoa querida? A condição humana findável é uma questão que vez por outra volta a inquietar-nos.
Pegando esse gancho, recentemente li o livro "O médico e o monstro", que para quem não conhece é uma obra de Robert Louis Stevenson (1850-1894), considerada um clássico do gênero do terror que fala basicamente sobre a nossa natureza e como temos um lado "bom" e um lado "ruim".
O caso de Jekyll e Hyde que são os personagens do livro, deixa claro como podemos ser limitados enquanto seres humanos, e ainda que fosse possível separar o tal lado bom do ruim, continuaríamos lidando com a complexidade de quando temos que beber a fórmula para ser Jekyll – bom e justo – e de quando ser Hyde – mal e injusto. Não é possível separar os antônimos humanos e, por mais medo que isso nos cause, precisamos aceitar que nossa complexidade humana envolve aprender a lidar com nossa natureza em suas diversas faces e lidamos com a natureza que difere da nossa também.
Então queridos tudo isso é sobre viver, e existir e sermos grande, intensos, autênticos, sermos nos em nossa natureza, quem em si já é complexa e problemática o suficiente não vamos existir o nem nos mesmos conseguimos entender ou ser do outro.
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O que vem depois?
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