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Vanessa demorou um pouco para voltar depois que conversamos pós a aula. Penso que ela teve ter recebido um grande sermão sobre pontualidade de compromisso, um aluno de universidade reprovar matéria é basicamente ter seu mundo acabado, principalmente a primeira vez se for o caso dela.

Então como não queria sugar dos meus pais mais do que eles já me davam, teria que me desdobrar mais ainda, preciso falar uma coisa muito pessoal, é sobre o "só" que dizemos para as outras pessoas, tipo quando falos "você só precisa fazer isso", ou "só precisa dar conta disso", e ainda meu favorito a frase que sempre escutei dos meus colegas de classe e da minha própria família, nas reuniões "você só estuda".

Veja quando dizemos "só" estamos menosprezando aquilo que o outro fala, sempre me incomodei por ser a menina que "só estuda", é como se eu não fizesse nada demais, e estudar fosse a coisa mais simplória que existe. Eu sempre me sentir inferior por isso, eu entendo que a oportunidade que tive de não ter que trabalhar era uma exceção, e minha situação era de privilégio, mas não era mais fácil ou sem valor por isso.

Por isso quando pensava que por alguma falta de comprometimento ou por alguma distração poderia me levar a reprovar, teria que já cortar o mal pela raiz e não permitir seguir o mesmo caminho da minha colega de quarto. Foco. Isso e ponto. Sem festas, sem bebidas, sem namoros, só estudar, estudar e estudar, eu precisava seguir meus cronogramas que estipulei de estudos, fazer itinerários da aula e fazer as anotações pôs e durante as aulas então isso não seria um "só", seria algo grandioso.

Eu estava no banho por volta das 7, quando Vanessa chegou e gritou um "oi" para mim, estava cansada mais ainda tinha alguma disposição.

-Como foi com o professor Ruts? - perguntei enquanto me sentava na cama para secar meu cabelo molhado.

-Foi como sempre, mas nada que não desse conta, você comeu?

-Já antes de vim para cá, parei em um restaurante de comida japonesa e comprei sobrou um pouco se você quiser- apontei para minha escrivaninha mostrando o resto da comida.

-Não sei, acho que vou pedir para meu irmão trazer da casa dos nossos pais, estava a fim de comida caseira.

-Há então você tem irmão? Eu também mais velho, e assim como o seu o meu ainda está em casa, ele toma conta dos negócios da família, não quis estudar- então a imagem do meu irmão, Josep aparece na minha mente falando que era uma perda de tempo principalmente porque voltaria para a minha cidade, e lá as opções de emprego são limitadas.

-Tenho sim, ele é meu gêmeo, somo inseparáveis e ele ao contrário de mim é muito bom, mas você o já conheceu.

-Já? - digo perguntando se naquela tarde vi ela com alguém, mas a única pessoa que tinha cruzado em comum com ela foi o Mr. Darcy...

Perai...

-Claro, o Carter, ele veio aqui ontem, ele me contou que minha colega de quarto estava quando ele veio buscar as chaves da garagem dos meus pais que tinha esquecido.

Então tudo que pensei sobre ignorar aquele imbecil completamente foi por águas abaixo, porque ele era o irmão da minha colega de quarto, e muito pior, ele agora tinha um nome, o qual combinava perfeitamente com ele.

Como uma pessoa como eu pode ter uma sorte não leviana assim?

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