Decidida a descobrir qual era a do Carter, tracei todo meu plano de interrogar Vanessa naquela noite, meus planos de estudo estaria lá quando todo esse nevoeiro passasse, pois não teria foco nenhum com aquele menino na minha cabeça.
Quando Vanessa chegou eu estava sentada na cama mexendo no celular, ou melhor fingindo que estava mexendo.
-Já conseguiu dar conta de tudo? - ela aponta para meus cadernos e livros.
-É... Bem, eu tive enxaqueca e resolvi descansar um pouco- tento fazer cara de cachorro pidão, e ela rir da minha encenação.
-Qual é, essa não cola, aconteceu algo com seus pais? Você é certinha demais para tá de bobeira e não tá estudando.
-O quê? Eu não sou tão certinha, se você conhecesse meus pensamentos sabia que não tão bons assim- rio alto lembrando que uma vez desejei que minha professora de química do ensino médio ficasse de luto por uns dois meses.
-Bem disso eu não duvido, por trás desse rostinho bonitinho pode existir uma sádica e eu devo correr perigo, será que devo ficar atenta aos sinais como nos seriados da tv?
-Claro que não- Vanessa pode ser muito divertida, por mais misteriosa que seja- Por que você nunca tá aqui? Não gosta de dividir o quarto comigo? Eu posso arrumar um novo próximo semestre?
-Sabe, você me lembra um pouco de mim mesma quando entrei, otimista, achando que conseguiria dar conta de tudo, que o mundo era um lugar bom e que eu só fazer a mudança, mas Sofi, não é assim, aqui, na faculdade podemos ver um espelho do que é o mundo lá fora, duro, cruel e esmaga pessoas como você.
Eu sempre soube que viver seria difícil e que nada cairá fácil, por mais que vim de um lar que me provesse tudo, meus pais sempre falaram da importância de nunca se esquecer de onde vem, para saber para onde se vai, e eu acha que na faculdade enquanto lembrasse da minha casa e da minha antiga vida estaria tudo bem.
-Sabe por que você é ruiva e seu irmão tem os cabelos castanhos?
-Nossa, que mudada de assunto- ela fez uma cara de espanto, e encostou na cabeceira da minha cama- Posso me sentar com você?
-Pode, claro- me afastei encostando próxima a parede para dar espaço para ela.
-Não é que não goste de dividir o quarto com você, isso é novo pra mim, eu nunca dividir o quarto antes, mesmo quando entrei na faculdade, meus pais pagavam o quarto integral e exclusivo para mim, mas eu reprovei e aconteceu umas coisas e meus pais não gostaram muito, então cortaram alguns dos meus privilégios- ela olhou para mim buscando em meu rosto confusão mas não encontrou nada, mas queria perguntar o que tinha acontecido com ela- E bem sobre o meu cabelo, é pintado boba, naturalmente também tenho o cabelo escuro como os do Carter, acho que é a única coisa em comum que temos.
-Não, o sorriso de vocês são iguais- isso sai da minha boca basicamente no automático.
-Há então você observou meu irmão assim!
-Como assim observei ele assim?
-Não fica na defensiva, o Carter é bonito, ele sabe disso, você sabe eu que sou a irmã dele sei, mas para você observar a semelhança de sorriso entre nós dois você viu as camadas.
-Camadas? - e eu não estava na defensiva, de onde ela tinha tirou isso?
-Sim, mais que um rostinho bonito, e um corpo musculoso alto, um garoto das engenharias padrão, sabia que ele é mais velho que eu por questões de segundos?
-Sério? Sempre achei que você fosse a mais velha- talvez achasse isso porque comigo ela tinha esse ar de pessoa mais velha.
-Sim, mas ele nunca me tratou como irmã mais nova.
-Pois é, encontrei ele na biblioteca mais cedo.
-Ele gosta de ir para lá, principalmente de frequentar a seção dos poemas, ele tem esse negócio de alma velha e filosófica- ela se levanta e caminha para o banheiro- Acho que você se daria bem com ele.
-Você acha? Bem eu acho que não- meu plano de me manter longe dele, visto o efeito que ele causa sob mim tinha que ser levado a sério, e antes dela fechar a portar do banheiro para tomar banho ela põe a cabeça e fala:
-Quer saber, domingo, casa dos meus pais, eu você, o Carter e os meus pais, não aceito não como resposta e meus pais vão adorar você.
Com essa afirmação ela subitamente fecha a porta, praticamente me intimando a um almoço de família.
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O que vem depois?
RomanceEntendo então que somos pessoas feitas de cinzas de estrelas mortas, que consequentemente formam um conjunto de átomos que ficam juntos por um curto período, e bem depois... se desfaz. E quando todo esse processo termina, e nos dispersarmos pelo na...