-Como é? – ela se vira dramaticamente jogando seus cativos cabelos ruivos para o lado, como se tivesse recebido uma notícia muito alarmante.
Percebi pela reação dela duas coisas, a primeira é que ela esperava que o caso dela nunca fosse descoberto, a segunda era que só alguém que tinha uma história cabeluda por trás reagiria daquele jeito.
-Você ouviu Nessa, e sabe do que tô falando! – com isso desisto da minha farsa de procurar um objeto para ela não poder ver minha cara.
-Okey, não me chama de Nessa quando estamos tratando desse assunto, e depois não sei o que você viu ou acha que sabe Sofia mais, bem você não sabe- nesse momento ela bate a porta muito forte e corre para o banheiro, acho que pra ganhar tempo e pensar na desculpa ou verdade que vai me dizer.
Esse momento foi uma confusão de vergonha, intimidação e revelação, ela já estava a quase uma hora trancafiada naquele minúsculo banheiro, e quando saiu a imagem que tive não era da forte, misteriosa e determinada Vanessa, era de uma menina que parecia que ia contar a mãe que estava grávida de um garoto que ela nem sabia o nome.
-Vanessa por favor, não vou contar a ninguém, mas você tem que entender é de onde eu venho, professores e alunos não se envolver ou porque tem uma grande diferença de idade entre os dois o que tornaria a relação ilegal, ou porque os professores são casados e não traem a mulher mesmo para uma aluna que quer passar de ano.
-É isso que você acha? Que sou uma aluna querendo passar de ano? – o olhar que ela me deu nesse momento era repleto de mágoa e frustação.
-Não, não, claro que não!
-Bem, fico feliz porque não é isso, eu reprovei essa matéria porque quis da primeira vez okey?
-Como é? – isso para mim era coisa mais absurda de ouvir, quem iria querer macular seu histórico com uma reprovação de cadeira como genética?
-Bem é isso, e você precisa entender que o que vou contar, eu nunca contei para ninguém, não tenho amigas para contar e minha mãe é fora de cogitação de saber isso, ela envolveria meu pai e bem, as coisas ficam complicadas ai- ela disse se sentando em sua cama de frente para a minha e fazendo um gesto que eu fizesse o mesmo na minha cama.
-Antes de tudo quero dizer que vocês me lembram Heloísa e Aberlado, mas sem a história do tio castrando Aberlado como ato de fúria e vingança pela honra da sobrinha que se envolve com o seu professor- falo isso e ela ironicamente rir.
-Cotton, diz isso direto, eu não conhecia esse história até ele me contar quando se tornou me professor- ela dá um suspiro bem prolongado, com um tom totalmente diferente do primeiro dia de aula a falar dele- Você precisa entender que isso é a história por trás da história, eu conheço ele de antes de entrar na faculdade, ele foi aluno do meu pai!
-Seu pai? Ele é professor? Você não me contou sobre ele
-Eu ia contar algumas coisas sobre eles hoje, antes do almoço de amanhã, para você não ser intimidade sobre quem são meus pais...- novamente ela parece perdida em seus pensamentos, tentando alinhá-los- Eu sou filha do Robert Bellini e da Sthefany Salton Bellini!
-O quê? Que merda, você só pode estar brincando! -eu faço um "O" enorme com a minha boca.
Robert e Sthefany são basicamente estrelas do mundo do conhecimento médico moderno, eles são cientistas e médicos brilhantes, além de formarem um casal espetacular, eu posso já ter lido um artigo ou dois deles que me motivaram a escolher medicina, mas estudar e dividir quarto com a filha deles, poxa isso nunca passou por mim.
-Tá vendo não contei nada sobre mim para evitar essa sua cara! Quer um lenço?
-Um lenço para que? -pergunto dando de ombros.
-Para enxugar a baba que tá escorrendo da sua boca- e rimos com esse fato, pois possivelmente poderia mesmo está babando.
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O que vem depois?
RomanceEntendo então que somos pessoas feitas de cinzas de estrelas mortas, que consequentemente formam um conjunto de átomos que ficam juntos por um curto período, e bem depois... se desfaz. E quando todo esse processo termina, e nos dispersarmos pelo na...