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Realmente não sei como falar com Vanessa.

Mentalmente ensaio uma conversa que começa com "Eu sei o que você fez no verão passado" ou "Eu sei de tudo", parecendo um título de filme ruim misturado com enredo de novela mexicana que minha mãe assiste.

Então penso no que ouvir o senhor Rutts dizer sobre assumir e arriscar tudo por ela, ele tem uma carreira brilhante e promissora, ele diria isso para uma aluna que é só um caso? Como ela se sente de gostar de alguém que não pode assumir esse compromisso com ela?

Então sinto pena, é ruim amar e não ser amado, mas e amar e não poder assumir seu amor?

Acho que grandes poetas já escreveram sobre amores que vivem nas sombras do preconceito, impossibilidade e descrição. Então me lembro de um romance, que a muito tempo li, sobre um jovem, que Aos 20 anos já estudava retórica e latim em Paris, e consequentemente acabou ganhou fama rapidamente, abriu uma escola e conquistou alunos de toda a Europa, seu nome era Abelardo, ele era culto, eloquente e charmoso. Aos 40 anos, ele já ocupava um cargo de professor de filosofia e teologia, e passou a receber reconhecimento dos demais atuantes na área.

Porém, nesse momento, ele vivia uma situação de sucesso e luxúria, até que a vida do professor – e religioso – mudou de rumo, e qual seria o Motivo? Bem foi o amor.

Ele conhece esse sentimento através de Heloísa de Argenteuil, 23 anos mais jovem, Heloísa era extremamente inteligente e possuía habilidades notáveis em línguas como latim, grego e hebraico, seu tio e tutor, Fulberto sempre a apoiou, investindo na melhor educação para a moça. Como Abelardo era um dos melhores professores de filosofia de Paris naquela época, isso ajudou na aproximação do futuro casal.

Apesar de Vanessa de o professor Rutts não terem uma diferença de idade tão notável assim, percebi em pouco tempo que ela podia ser brilhante assim como Heloísa, e não se envolveria com alguém por nota ou polêmica.

Infelizmente esperava que a história deles tivessem um final menos dramático que o casal da história, mas a forma como eu abordasse o assunto com ela iria ser crucial, para que ela não se fechasse. Nesse momento de pensamos e devaneios meus, escuto ela dizer:

-Sabe acho que aconteceu alguma coisa com você, não está com a cara em um livro ou mandando mensagem sabe-se lá quem no celular, você tá assim com cara de quem viu um fantasma- ela fala gesticulando uma expressão horrenda na cara.

-O quê? - eu salto da cama procurando uma agenda que sempre uso para saber o que devo fazer do dia.

-Sofi, hoje é sábado, você não precisa estudar assim sempre, precisa se soltar as vezes, ser uma adolescente sabe como é?

-Eu sei ser jovem e descontraída okey? Mas aconteceu algo e não sei como absorver entende?

-Veja, as vezes nos deparamos com algo que foge da nossa realidade, mas nem por isso é algo que é ilógico ou extraordinário, acho que temos que naturalizar certas coisas para primeiro absorver – ela fala isso enquanto arruma suas roupas

-Tipo ter um caso com um professor da universidade? – pronto falei, soltei a bomba o que veio bem... foi um grande "Merda" se formando na boca dela de forma silenciosa.

O que vem depois?Onde histórias criam vida. Descubra agora