Capítulo 3

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Mais um capítulo, meus amores...

A partir de amanhã, volto com as postagens às quartas e domingos.

Boa leitura...


MARINA

— Nina, você vai ter que intervir. Já enviei vários e-mails para a criação, extrapolaram cinco orçamentos, a conta não fecha. — Melissa, minha assistente, entrou em minha sala em um rompante. Estava brava, dava para ver pela feição. E tinha toda razão.

Era uma briga diária com o setor de criação da InFoco, este comandado por Antônio.

— Deixamos claro na última reunião que os projetos teriam que ser reajustados. — Respirei fundo e tentei manter a calma.

— Mas não foram. Olha! — Ela me entregou uma pasta com alguns briefings, estes com valores superiores aos que disponibilizei para eles. Eu conhecia os projetos em detalhes, foram muitas reuniões para fecharmos os orçamentos. — Veja, estes aqui foram alterados recentemente.

Só poderia ser uma brincadeira de muito mau gosto ou meu trabalho já era dispensável na agência. Não fazia sentido estar ali, quando as minhas diretrizes não eram seguidas.

Uma empresa possui diretor financeiro por um motivo lógico, alguém precisa dizer o que pode ou não gastar. Esse alguém na InFoco era eu e, curiosamente, havia alguns meses que não estava sendo respeitada.

— Estão todos aqui? — perguntei, apontando para as folhas que estavam em minha mão e ela assentiu. — Então deixa que eu resolvo.

Eu saí da minha sala com um gosto amargo na boca. Foram anos trabalhando pesado na agência, dedicando até o tempo que não tinha. Fiz todo o trabalho chato, enfrentei fornecedores e clientes, comprei brigas com funcionários, disse muitos nãos e conquistei inúmeros desafetos dentro da InFoco. Podia apostar e ganhar que não foram poucos os funcionários que respiraram aliviados ao saberem do nosso divórcio, certamente achando que eu daria o fora da empresa.

Não havia dúvidas que Antônio era a cara da InFoco. Contudo, quem segurou todas as pontas para que ele colocasse agência no topo, fui eu. E qualquer ser pensante ali dentro sabia disso.

No dia seguinte à assinatura do nosso divórcio, eu não apareci para trabalhar, e nem nos demais. Estava fora de órbita, não queria ouvir e nem ver quem quer que fosse. Até Antônio bater em minha porta.

Não sei se ele pensou que seria como em todos os encontros que tivemos fora da empresa, entre a sua saída de casa e o dia no cartório, em que fizemos amor em cada canto da cobertura. Talvez tenha pensado sim. Mas naquele dia foi diferente, mas não o impediu de pedir que eu voltasse. Antônio disse que a gente ia superar e que precisava de mim na InFoco.

Eu sentia falta do trabalho e de me manter ocupada. Então voltei. E, desde então, não tive paz. Ao que parecia, meu ex-marido precisava que eu voltasse e tomasse conta da agência, para finalmente surtar.

Antônio passava dias sem ir à agência, mudava briefings, me deixou na mão em algumas reuniões e tive que me virar com a equipe dele. Além das vezes que apareceu para trabalhar virado. Melissa era a minha porta-voz, eu evitava ao máximo os nossos encontros e, em mais de uma vez, ela reclamou que ele não havia prestado atenção em nada do que ela falou ou que estava com cheiro de bebida.

Além disso, ainda havia a tortura que era ter meu ex-marido no mesmo lugar, ainda que em salas diferentes. Tínhamos que ser realistas, não conseguiríamos conviver juntos na InFoco.

O setor de criação da agência parecia um parque de diversões, tudo bastante alternativo, desde os funcionários até os costumes. Havia aqueles que só iam à agência para reuniões, outros que chegavam para trabalhar quando o restante da empresa estava indo embora ou aqueles que praticamente moravam em suas salas. Eu tinha uma ordem, eles precisavam gerar resultados. Se o fizessem, pouco me importava como definiam a própria rotina.

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