Castle - Halsey
Elise "pov"
Eu e Luther estávamos sentados ao lado de Allison vendo mamãe costurar seu pescoço há muito tempo.
Segundo ela, Allison teve sorte de não ter morrido pois se o corte fosse mais proundo ela não resistiria. Eu tinha tantas perguntas para Grace mas o momento não era propício a isso, a única coisa que consegui pedir a ela foram meus remédios, pois sentia que precisava deles depois do que escutei hoje. Quando ela me entregou agradeci baixo e apenas me levantei preferindo deixar eles conversando sobre o estado de Allison enquanto subia para o escritório do papai. Abrindo o pequeno frasco laranja e despejando mais remédios que devia na mão os tomando sem ligar para água, apenas os senti descendo rasgando. Já faziam algumas horas que o filho da puta tinha me deixado aqui, sozinha e excluída, nem Luther era assim tão inútil quanto eu nesse momento, convenhamos que ele sempre foi o mais excluído entre todos, mesmo sendo o número um.
- Não é como se eu fosse encontrar algo, mas não custa tentar.- Falo sozinha enquanto abro a porta do escritório do papai. - O máximo seria o papai vindo puxar meu pé a noite.
Consigo vislumbrar ele sentado em sua cadeira, como se ainda estivesse vivo. Ando até sua poltrona me sentando nela notando que realmente não sabia como ele aguentava o dia todo em um assento tão desconfortável.
- Vamos ver se eu acho alguma coisa que possa ajudar.
Começando a mexer nas gavetas procuro qualquer coisa sobre o possível causador do fim do mundo, mas não havia nada, cada papel tinha algo diferente e nada que pudesse ser útil, olho de canto para uma gaveta trancada onde sabia que haviam as fichas de todos nós, mordo o lábio um tanto apreensiva antes de segurar com força na gaveta a puxando-a, arrebentando a fechadura no processo fazendo a gaveta cair e alguns papéis também.
- Vai,.otária, faz mais bagunça. - Digo a mim mesma enquanto junto os papéis.
Coloco os papéis que caíram sobre a mesa e passo os olhos por eles, eram amarelados mesmo não parecendo ser tão velhos, o que era estranho, na gaveta não haviam tantos papéis parecidos com aqueles, isso me deixou um tanto curiosa, não estavam dentro de alguma pasta ou pareciam organizados.
Pego o primeiro papel que antes tinha caído começando a ler.
"O experimento número 8 não teve melhoras desde que sua memórias foram totalmente apagadas. Mantida no subsolo onde anteriormente era o quarto de número sete, as ondas magnéticas enviadas para seu cérebro estão fazendo uma lavagem cerebral para que seus poderes não despertem durante as experiências. A cada dia que se passa, número cinco se torna mais rebelde por não ter a irmã ao seu lado, mesmo não notando, ele ainda tem alguns hábitos que tinha com ela, se isso continuar suas memórias podem voltar. Pogo o encontrou na noite passada em frente do quarto dela, procurando algo que nem mesmo ele sabia, o que significa que mesmo Allison apagando as memórias alguns resquícios sobraram."
Franzi as sobrancelhas lendo o conteúdo escrito com uma letra caprichada que sabia reconhecer de longe sendo de nosso pai, era um relatório sobre o tempo que passei criogenada, o que prova que pelo menos isso era verdade, a teoria de Allison apagar as nossas memória também estava certa, o que dizia que outras teorias também poderiam estar, certo?
A folha estava grampeada com outras três, virando a primeira continuei a leitura.
"Já faz quase dois anos que Número Oito está em um estado vegetativo induzido, começamos a testar o novo medicamento em seu sangue baseado nos dados de sua mãe, e tivemos alguns problemas com isso, por conta da criogenização, não tínhamos muita certeza de seu envelhecimento, mas após alguns resultados vimos que por tempo indeterminado a garota não será capaz de envelhecer, e não apenas pela criogenização, algo em seu sangue vindo de sua mãe biológica ou genes mais antigos não a deixam envelhecer como os outros, isso será um problema quando precisarmos trazê-la de volta, mas nada que não consiga cuidar."
Meus pais. Rra a primeira vez que ouvia falar sobre eles e não pude deixar de sorrir levemente, mas eles serem como a mim me deixa um tanto quanto nervosa? Por que me venderam se sabiam o que eu era? Ou quem são eles pra serem igual a mim? Solto os papéis respirando fundo preferindo não continuar a ler o terceiro papel e apenas volto a mexer nas gavetas aleatoriamente procurando mais alguma coisa que possa ajudar no apocalipse já que esse era meu motivo principal. Entre as várias folhas encontro um pequeno envelope de fotos, mais especificamente, imagens de câmeras, que me chama atenção, tirando com cuidado as fotos vejo que todas são de Vanya, algumas dormindo, outras fazendo algo que não entendi de início, mas olhando com cuidado alguns detalhes fizeram com que eu tivesse um estalar em minha mente.
- Ela tem poderes? - Sussurro pra mim mesma vendo uma imagem em que ela era mais nova, doze ou treze anos, os sensores em sua cabeça estavam brilhando o que mostrava que os poderes estavam ativos mesmo durante o sono.
Eu não era a única a ser enganada pelo papai, eu não era a única a ter a vida destruída por aquele maldito velho!
Amasso a foto em minha mão e levanto com raiva jogando tudo de cima da mesa no chão sem pensar, tudo o que vinha dele parecia que iria me fazer mal, parecia que o objetivo dele era ferrar a minha vida e de todos os outros, não entendia o porquê de tudo aquilo, por que sempre éramos Vanya e eu que tínhamos que aguentar caladas, sendo as excluídas de tudo!
-Elise? - Escuto vindo da porta e olho rápido vendo que era mamãe que estava ali, ainda com o avental branco levemente sujo do sangue de Allison. - O que está fazendo, querida? Seu pai não vai gostar de saber que está aqui. - Sorriu de forma gentil me deixando ainda mais irritada.
-E quem se importa com aquele velho? Ele está morto! - Ergo voz a respondendo de forma grosseira. Enquanto a vejo se aproximar, mas a cada passo que ela dava eu não conseguia mais sentir o afeto de minha mãe, tudo o que eu pensava era que ela era só uma criação dele, tudo o que ela pensava ou representava era algo vindo dele, uma máquina que não tinha nada além do objetivo de nos manipular como ele queria.
- Precisa se acalmar, Elizabeth. Que tal irmos lá para baixo e...
Não era como se eu pudesse controlar, apenas movendo a mão faço uma das sombras prender ela contra a parede, nada me garantia que ela tinha um pingo de consciência própria, ela só era uma peça que Reginald implantou para nós sentirmos mais confiantes, correto? O afeto que ela tinha era falso, tudo era. Aquela coisa não era minha mãe e sim apenas uma peça de um jogo imundo, um jogo que eu e meus irmãos sempre iríamos perder.
Enquanto me aproximava a apertava mais, meus olhos ardiam em lágrimas mas eu não conseguia parar, ela tentava se soltar mas não conseguia, não iria deixar ele fugir, ela era dele, e nada tiraria aquilo da minha mente, tudo o que fazia parte dele tinha que morrer, assim ele pararia de fazer mal a todos, não seria assim, dessa forma? Todos ficariam livres, suas memórias voltariam e poderíamos ser uma família, eu e Five poderíamos estar juntos novamente sem nada nos atrapalhando, podíamos finalmente ser felizes.
- Elise?
Pisco ao ouvir uma voz diferente e escuto um alto barulho de algo quebrando, olhando para frente sinto como se toda a raiva em mim desaparecer ao ver apenas partes quebradas da robô que um dia era minha mãe, minha mão antes fechada se abre deixando só restos dela caírem no chão como lixo, minhas sombras a esmagaram deixando apenas circuitos, fios e restos dela "morta", não tive reação a não ser me afastar lentamente, eu havia matado minha própria figura materna...
Olhando para a direção da porta ao ouvir passos minha única reação é erguer as sombras a minha volta formando um enorme casulo como um escudo, minhas mãos tremiam, meu corpo todo tremia e meus pensamentos estavam confusos, eu sabia que Five estaria do lado de fora me olhando com desgosto assim como papai olhava quando eu fazia qualquer coisa que o deixasse com vergonha por eu ser quem era.
Cinco estava certo, eu não era da Umbrella Academy, eu não sabia me controlar… E eu sou um fardo.
Continua...
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My Queen - Number Five
Fanfiction(+18) Se o fim do mundo podia piorar, ele com certeza iria. Elise Elizabeth Hargreeves nunca conheceu nenhum dos irmãos até o falecimento do pai, mas assim que os viu pela primeira vez uma nostalgia lhe encheu o peito, e seu coração acelerou ao ver...