Explodir tudo

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     Rodrigo me contou que Pedro sacou que Ana era a administradora do grupo quando ela revelou no campo de futebol que sabia que ele também participava do Actas Diurna.

     — Pedro gritou na cantina que sua foto do perfil no whats tava visível apenas pros contatos. E a única pessoa do grupo salva como contato no telefone dele era o administrador. Ele tinha adicionado Júlio César na lista telefônica porque achou que, se o administrador tivesse foto, apareceria pra ele. Mas, quando fez isso, Pedro apenas deixou claro pra Ana que ele era um dos participantes do grupo. E, basicamente, ela se entregou quando falou aquilo no campo.     

     Então foi isso. Aninha vacilou, e Pedro entendeu tudo na hora.

     Quando ela, a Ana, deixou a sala da diretora, vi no seu rosto uma expressão que ainda não tinha visto na minha amiga. Uma expressão que misturava duas coisas. Dois sentimentos. Vergonha e tristeza. Nunca pensei que Ana pudesse fazer mal a ninguém. Não desse jeito. Expor a intimidade de alguém na internet. Esse tipo de coisa pode perseguir a pessoa até o final da vida. Isso não se faz. Sei lá. Não dá pra perdoar. Nunca mais eu veria a Aninha da mesma forma.

     Fiquei pensando nas coisas que ela me disse antes de ir pra diretoria. Fiquei pensando nas palavras que usou pra tentar se justificar.

     — Não era justo, Bruno. Você sabe, sempre fiz de tudo pra tirar nota alta. Todos os professores me elogiavam. Todos. Menos o Marcelo. Nada do que eu fazia era o suficiente. Já o Pedro... o Pedro não precisava fazer nada.

     — Aí, por isso, você achou que seria uma boa espalhar o vídeo?!

     — Você não entende.

     — Eu entendi sim, Ana. Mais do que você pensa.

     — Bruno, sério. Se não fosse eu, outra pessoa espalharia.

     — Você tá dizendo que outras pessoas, além de você, tinham o vídeo?

     — Como você acha que tive acesso a ele?! Eu era apenas administradora. As pessoas enviavam mensagens pra mim e eu repassava pro grupo. Ninguém queria se comprometer.

     — Nem você queria se comprometer, Ana. Você usava um fake.

     — Algumas pessoas sabiam que o Júlio César, na verdade, era eu...

     — A pessoa que enviou o vídeo sabia?

     Aninha confirmou.

     — Ainda não entendo, Ana.

     — Eu já disse. Eu tava com ciúmes. Com raiva.

     — Essa é a maior bosta que já me falaram. Você já se ouviu?! Você tá me dizendo que espalhou o vídeo do Pedro porque ele se destacava em Literatura. Caralho. Sério?! Que bosta.

     — Eu sei, Bruno. Eu sei. Eu fiz merda. E juro, me senti muito culpada quando vi todas aquelas coisas ruins acontecendo com o Pedro. Ele não merecia. Se pudesse, eu voltaria atrás e consertaria as coisas.

     — Não dá pra voltar atrás.

     — Eu sei.

     — Mas dá pra tentar melhorar as coisas.

     — Como?

     — Me dizendo quem mandou o vídeo pra você.

     — Não posso.

     — Essa pessoa precisa ser punida. Você não acha que o Pedro merece justiça?

     Ana abaixou a cabeça, tirou o celular do bolso, deslizou o dedo pela tela, procurando uma foto na galeria. E tirou print de uma das fotos.

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⏰ Última atualização: Sep 02, 2020 ⏰

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Tá tudo bem, PedroOnde histórias criam vida. Descubra agora