Prólogo

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A líder da amizade olhava para o corpo imóvel do rapaz com pesar, identificando-o como Fredy, o garoto que sempre ajudava na cozinha.

Não era a primeira vez que alguém era assassinado ali na amizade. Na verdade, as mortes aconteciam duas vezes ao mês, sem falta. Essa era a quarta pessoa morta e, Johanna temia que não fosse a última.

Ela suspirou enquanto uma onda de náuseas se faziam presente nela. Johanna não era acostumada com tal brutalidade, ela tinha um espírito amigo e, o fato de ver um dos seus colegas com a barriga aberta, não era muito acolhedor.

Virou as costas e caminhou para longe, mas não antes de ordenar para que limpassem a bagunça deixada pelo assassino.

Ela estava preocupada. O assassino não era inexperiente, ele sabia ficar invisível e sabia mais ainda como causar o caos. Parecia uma máquina de matar muito bem preparada e capaz de fazer o que fosse preciso.

Ela estava tão tensa que a presença de Jeanine Matthews não fora detectada ao seu lado.

— Poderia ter sido muito bem a audácia. Eles são os únicos capazes de uma agressão tão perturbada.

Johanna quase deu um pulo, mas disfarçou muito bem ao colocar as mãos em frente ao corpo, enquanto tomava uma postura ereta— A mesma postura que a líder da erudição mantinha a todo momento.

— Não vamos nos precipitar, querida. Não quero acusar ninguém sem a devida prova e, até lá, mandarei reforçar a segurança.

A líder da erudição estreitou os olhos, enquanto revirava-os mentalmente. Na visão da loira, aquele espírito amigável e calmo era perda de tempo. Tudo aquilo era, na verdade.

— Nossa segurança é a audácia!— A mulher inteligente rebateu enquanto virava as costas, caminhando novamente em direção ao amontoado de gente que se formava em volta da tragédia.

A verdade é que Johanna não poderia acreditar que era a audácia. Eles deveriam ser os policiais, a defesa, então como poderiam agir daquela forma?

Não, a líder da amizade não acreditava naquilo. Não poderia.

🦋

As paredes eram de um branco limpo, e o chão de vidro, da onde era possível ver as pessoas no andar de baixo— mesmo que elas não pudessem vê-la. Uma janela grande também fora colocada alguns anos atrás, para que a menina pudesse ver o céu e as ruas da erudição— as quais ficavam metros abaixo.

Uma cama de lençóis azuis ficava no lado leste do quarto, enquanto o banheiro no oeste. Nada além disso existia naquele cômodo.

Dakota encarava seu reflexo pelo vidro esverdeado, se sentindo um fantasma. Sua imagem ali no vidro era opaca e, infelizmente era assim que ela se sentia por dentro.

Como um fantasma. Um espírito perdido que recebe ordens, que não pensa por si só.

Porque ela era aquilo, um simples fantasma prendido como uma marionete.

Suspirou, pensando que não poderia mudar seu futuro. Se ela se desviasse do caminho que sua mãe trilhou, pessoas inocentes poderiam pagar por aquilo...

"Mas já não estão pagando?"- Uma voz no fundo da sua cabeça rebateu.

A verdade é que não tinha escapatória. Pessoas iriam morrer, e a única coisa que ela poderia fazer, era não morrer também.

DIVERGENTE- Arma LetalOnde histórias criam vida. Descubra agora