aquele em que Madeline e Jinyoung comem Madeleines.

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Acordei com a cabeça dolorida novamente, já não fazia ideia de que horas eram, muito menos que dia da semana estava. Demorei para levantar da cama e fui tateando até bater o dedinho do pé na porta do banheiro e xingar com todo o meu ódio. Odiava aquela maldita vida nova, qual o sentido de continuar vivo se eu só consigo fazer coisas se tiver ajuda, nem mesmo me barbear eu consigo, muito menos aparar os pelos do meu saco.

Tomei cuidado ao tatear a pia do banheiro, da última vez eu havia cortado meu dedo com uma maldita lâmina de barbear que minha mãe esqueceu de guardar no armário. Escovei os dentes, usei o banheiro e voltei para a cama. Depois de passar mais tempo só pensando em como a minha vida costumava ser antes de toda a merda acontecer, coisa que já era normal de fazer sempre que eu acordava, eu pude escutar a trava da porta ser aberta. Desde que perdi a visão, todos os meus outros sentidos ficaram extremamente aguçados, eu consigo distinguir cheiros e gostos com muita facilidade, consigo escutar conversas atrás da porta, mesmo que sejam sussurros e também consigo diferenciar qualquer objeto que eu toque com as mãos ou os pés. Não que tudo isso me ajude muito, já que eu só consigo adivinhar quando minha mãe coloca pouco sal na comida.

Fazia tanto tempo que eu estava preso dentro do apartamento, convivendo apenas com os meus pais que eu jurei que, naquele momento, eu escutei uma terceira voz junto a de meus pais. Levantei da cama com tanta pressa que senti meu corpo completamente fraco, maldita pressão sanguínea, fui tateando até a sala e tive a confirmação de que havia mais alguém ali. Um perfume doce invadiu minhas narinas, não era nada enjoativo, mas definitivamente não era algo que a minha mãe usaria, aquele não era cheiro de Chanel.

— Quem vocês trouxeram? — perguntei com a voz ríspida aos meus pais.

— Olá, querido. Você teve uma boa noite de sono? — ouvi a voz da minha mãe meio trêmula.

— Não tente desviar do assunto, quem está aí? Eu já disse que não quero ninguém aqui. — eu aumentei meu tom de voz, me arrependi profundamente logo após. Eu não sou assim, mas não consigo me controlar, só de pensar que alguém me veria daquela forma eu ficava enjoado. Não houve resposta por alguns segundos, até que uma voz mais fina e feminina disse:

— Meu nome é Madeline, é um prazer te conhecer.

Mas que diabos?!

— Vocês trouxeram uma prostituta para a porra do meu apartamento?! — eu juro por tudo o que é mais sagrado nesse mundo que aquela foi a primeira coisa que surgiu na minha mente e eu não consegui controlar minha boca.

— O que é isso, Jinyoung? Que maneiras são essas? Por acaso foi assim que eu e sua mãe lhe educamos a sua vida inteira? — ouvi a voz indignada de meu pai. — Sente a bunda neste maldito sofá e cale a boca, a partir de agora somente eu e sua mãe falaremos.

Em 27 anos, aquela foi a primeira vez que meu pai ergueu a voz para mim. Foi ali que eu percebi que eu havia cruzado o limite da paciência dele. Decidi não me opor, estar incapacitado me fazia temer por tudo que poderia representar uma potencial ameaça. Me sentei no sofá e bufei esperando-o explicar aquilo.

— Essa aqui é a Madeline, nós a contratamos para auxiliar você, não de maneira sexual. Ela substituirá eu e sua mãe, isso significa que você terá que aprender a conviver com ela.

— Vocês irão mesmo confiar o cuidado do filho com deficiência de vocês a uma estranha? — eu respondi já irritado com aquilo.

— Ela não é uma estranha, ela foi babá do Adam, neto do senhor Mills. — ouvi a voz da minha mãe.

— Que ótimo! Será que ela sabe cantar muitas canções de ninar? — respondi irônico.

Meus pais haviam sido minha única âncora desde o acidente, eu sempre pude contar com eles para tudo. Sempre deixei claro que não queria ninguém dentro da minha casa sem ser eles, nem amigos, nem familiares, nem o próprio Papa. A ideia de ter alguém dentro da minha casa, que eu sequer podia ver, me deixava temeroso. Não sabia quem aquela mulher realmente era, é claro que, eu tinha conhecimento de quem era o senhor Mills, mas o meu medo falava mais alto por mim.

me faça viver || Park JinyoungOnde histórias criam vida. Descubra agora