aquele em que Mills dá uma ideia para Park Jonghyun.

225 20 1
                                    


Park Jonghyun finalmente estava reunido com seu amigo de longa data. Jonathan Mills havia sido seu professor na faculdade e tempos mais tarde se tornou um grande confidente. Os dois compartilhavam tudo, o mesmo gosto para Golf, comida e até mesmo times de futebol, apesar da grande diferença de idade.

Os dois sempre planejaram um reencontro após uma mudança inesperada que Jonathan precisou fazer, seu genro havia sido vítima de um assalto a mão armada e faleceu no hospital, sua única filha não conseguiu suportar a dor de perder o companheiro e preferiu mudar de estado. Mills e sua esposa ficaram mais de 5 meses hospedados na nova casa da filha para lhe ajudar a superar o luto. E agora, depois de tanto tempo separados, os velhos amigos colocavam todos os assuntos em dia enquanto suas esposas tomavam vinho na sala de música.

— Eu sinto muito por não ter estado presente durante o período em que o Jinyoung passou internado, Park. Eu gostaria de ter estado ao seu lado. — disse Mills quando os dois se sentaram nas poltronas espaçosas de couro.

O único filho de Park e sua esposa havia sofrido um grave acidente pouco antes da morte do genro de Mills. O rapaz havia perdido a direção do carro e caiu em uma ribanceira, após o acidente ele entrou em um coma devido aos feridos em sua cabeça, foram 7 meses internado em um hospital. Como sequela do acidente, o rapaz perdeu completamente sua visão, os médicos não lhe deram muita esperança de recuperação, já que se tratava de um caso delicado.

— Por favor, não se preocupe com isso. Eu e Saori entendemos perfeitamente o motivo de você não ter estado presente, recebemos as diversas flores que você enviou todas as semanas, obrigado. — respondeu Park.

— Era o mínimo que eu podia fazer. Como está sendo a adaptação dele? — perguntou Mills enquanto se ajeitava na poltrona segurando a xícara de café preto, sua bebida preferida.

— Ele está tentando...— Park disse hesitante e com uma expressão triste no rosto. O homem de 61 anos possuía um rosto completamente expressivo, foi impossível para Mills não notar a mudança. Logo Park continuou:

— Ele se tornou completamente recluso. Desde que voltou para o apartamento ele não sai mais de lá para absolutamente nada. Eu e Saori somos a única conexão que ele tem com o mundo de fora, todo dia nós levamos comida, ajudamos ele com banhos, ajudamos com a limpeza do apartamento e eu levo as informações a respeito da empresa para ele. Eu precisei assumir o comando depois do acidente.

— Eu nem consigo imaginar como isso deve estar sendo para vocês e para ele também. Me lembro de como ele era comunicativo e charmoso. — disse Mills se sensibilizando com o relato do amigo.

— Ele mudou muito... na verdade, somente entre nós, eu não quero que a Saori me escute falando isso, eu acho que uma grande parte do meu filho morreu naquele acidente. Ele nunca mais foi o mesmo, ele só levanta da cama porque nós praticamente arrastamos ele para fora; ele terminou o noivado com a namorada de escola e nós nem sabemos o motivo; ele se afastou de todos os amigos que ele tinha desde a pré-escola. É como se ele estivesse morto, entende?

— Claro que entendo, você se lembra daquele rapaz que perdeu a namorada no acidente de carro? — recordou Mills e Park assentiu. — Ele nunca mais foi o mesmo, eu fiquei sabendo que ele melhorou depois que começou a frequentar a terapia. O Jinyoung é acompanhado por algum profissional?

— Apenas pelo médico, ele visita o Jinyoung a cada duas semanas. Nós sugerimos o apoio de um psiquiatra ou um psicólogo, mas ele se recusa, diz que não precisa e que não quer que ninguém o veja daquela maneira. — após dizer essas palavras, Park se afundou na poltrona, um claro sinal de cansaço e continuou o desabafo.

— Muitas vezes, eu e a Saori fingimos que tudo está bem, mas eu sinto falta do meu filho. Sinto falta daquele rapaz bem humorado que gostava de jantar aqui conosco todos os sábados, eu sinto falta de poder sentar e jogar uma partida de poker ou xadrez com ele, isso é o que mais me dói.

— Você e a Saori parecem extremamente cansados, eu consegui ver suas olheiras de longe. — disse Mills dando uma pequena risada tentando animar o amigo. — Vocês já pensaram em contratar alguém para ser cuidador dele? Alguém para estar ao lado dele o tempo inteiro? Seria uma boa alternativa, assim vocês conseguiriam descansar um pouco e parar de se preocupar tanto.

— Eu já cheguei a pensar nisso, mas tenho certeza de que ele não aceitaria e, além disso, quem aceitaria ser cuidador de um homem de 27 anos que ficou cego recentemente? É muito estressante.

— Não é o Jinyoung quem tem que decidir isso, eu tenho certeza de que ele tem noção do quanto você e a Saori são importantes, mas ele precisa entender que vocês estão se multiplicando em 100 para conseguir lidar com as questões da empresa e dele.

— Eu sei disso... mas é complicado...

— Olha, eu conheço alguém que talvez possa ser uma boa opção. — disse Mills colocando a xícara na mesa ao lado da poltrona.

— Desde que o Adam nasceu, minha filha não teve um segundo de paz. O George sempre foi um pai presente, mas o Adam sempre preferiu a Melissa, eu me lembro bem das noites em que eu ligava para ela e ela simplesmente caia no choro falando em como estava exausta. Ela perdeu muitos quilos e não conseguiu amamentar o Adam, isso gerou mais estresse ainda. Um dia ela me ligou e disse que tinha achado alguém para cuidar do bebê por meio período, ela estava bem nervosa porque ela iria ter que deixá-lo sob os cuidados de uma pessoa estranha. Ela me ligou no dia seguinte extremamente animada, disse que a babá do Adam não só cuidou dele, como preparou o jantar e arrumou a casa; dali pra frente foi só amor! A garota é excelente, cuidou de Adam e foi uma ótima amiga para a Melissa até que George faleceu.

Park escutou atentamente tudo o que Mills disse e percebeu como o amigo estava animado contando a história.

— Ela parece ser uma pessoa ótima, o problema é que o Jinyoung não tem 5 anos e não gosta de escutar canções de ninar.

— Sim, mas não recuse a ideia tão cedo. Não é como se ela fosse ficar atrás dele a cada passo que ele der, ela ofereceria um apoio, compraria os mantimentos, prepararia as refeições, faria companhia e quem sabe até conseguiria tirá-lo de casa?!

— Parece bom demais para ser verdade... eu e Saori precisamos discutir mais a respeito disso.

— Bom, se precisar, eu lhe passo o telefone dela. Você sabe como me encontrar.

Os dois amigos se despediram e foram até onde suas esposas estavam. Após o banho, Park Jonhyun sentou em sua cama e refletiu a respeito da ideia de seu amigo, aquilo lhe parecia ótimo, não que ele não gostasse de estar sempre ao lado de seu filho, mas estava tão exausto que sua atenção para as questões da empresa havia diminuído muito e isso estava afetando negativamente sua produtividade. Saori se juntou a ele na cama e lhe perguntou qual era o motivo para ele estar tão pensativo, ele contou a ela tudo o que havia conversado com Mills e, de maneira hesitante, perguntou a esposa o que ela achava da ideia de contratar alguém para cuidar de Jinyoung, ele já esperava por um não, mas ela também hesitou para responder. Saori estava muito cansada e ver seu único filho, seu eterno bebê, daquela maneira a matava por dentro todos os dias. Por fim, o casal Park combinou de pensar melhor sobre o assunto e adiaram a conversa até cinco dias depois, quando estavam voltando do apartamento do filho e quiseram se arriscar em um período de experiência com a garota indicada por Mills. 

me faça viver || Park JinyoungOnde histórias criam vida. Descubra agora