aquele em que Madeline e Jinyoung entrelaçam as mãos.

140 19 8
                                    


Demorei um pouco para processar aquela pergunta dela e o que estava acontecendo mais abaixo. Ela segurava a minha mão com tanta força, era como se tivesse medo de soltar. Eu assenti com a cabeça e devolvi o aperto na mão dela, percebi que depois disso ela tentou desvincular nossas mãos, mas eu me sentia mais seguro do que nunca com aquele contato. Madeline entendeu que eu não queria largar sua mão e seguimos juntos procurando pelos produtos.

Andamos pela loja por alguns minutos e ela fazia questão de sempre me comunicar em qual área do supermercado estávamos e o que precisávamos comprar. Depois de pouco tempo já tínhamos pegado todos os produtos e íamos em direção ao caixa, Madeline parou e pediu para esperarmos um pouco a fila andar. Eu fui arrumar a minha postura e senti minha perna tocar em alguma coisa.

— É uma caixa cheia de flores. — Madeline me disse. Eu estiquei minha mão e peguei uma das flores que estava embrulhada em papel, não fazia ideia de qual era, meu olfato não era tão bom em diferenciar perfume de flores.

No caminho de volta para a casa, Madeline soltou nossas mãos. Ela sussurrou baixinho alguma coisa sobre a mão dela estar suada e eu senti falta daqueles dedos pequenos nos meus. Chegamos no apartamento e ela entrelaçou nossas mãos novamente, entramos em silêncio e ela disse que arrumaria todas as compras.

— A sua flor está em cima do balcão. — ela me disse. Eu peguei a flor e tateei até chegar perto de onde ela estava, estendi a flor para Madeline.

— Você quer que eu a coloque em um vaso?

— Não, é para você. Obrigado. — eu disse rapidamente e um pouco constrangido.

— Muito obrigada, Jinyoung. Eu não esperava por essa. — ela disse dando uma leve risada.

— É pra agradecer por você não ter saído do meu lado.

— Me desculpe por ter feito você passar por isso, eu não imaginei que estaria aquela bagunça toda na entrada.

— Não se preocupe, eu estou bem.

Depois desse dia, a minha convivência com Madeline evoluiu muito. Nós dois fazíamos piadas com coisas bobas, almoçávamos e tomávamos café da tarde com os meus pais. Era como se fossemos amigos desde a infância. Durante os dias que se passaram, percebi que nunca tinha perguntado para Madeline qual a aparência dela, não que aquilo fosse determinante para qualquer coisa, mas eu ainda estava muito conectado com as memórias que eu tinha dos rostos dos meus pais e estava curioso para saber como ela era.

— Ei, eu sei que isso vai parecer estranho, mas eu nunca te perguntei como você é. — eu disse morrendo de vergonha enquanto nós dois compartilhávamos um balde de pipoca amanteigada no sofá.

— Pensei que nunca fosse perguntar. — ela deu uma leve risada. — Bom, eu não sou muito alta e os meus olhos são diferentes.

— Diferentes como?

— Um é mais claro que o outro.

— Você está mentindo! — eu disse desacreditado e com um sorriso no rosto imaginando como seria alguém com olhos coloridos.

— É verdade!

— Eu daria tudo para ver como eles são. — eu disse depois de pensar em como eu gostaria de não ter sofrido aquele maldito acidente. Tudo o que eu mais queria era poder olhar para os meus pais novamente, queria poder olhar na cara da minha mãe e fazer piada com o pé de galinha que ela teimava em esconder tanto. Gostaria de poder olhar para o meu pai e dar risada em como ele conseguia deixar a gravata toda torta em seu pescoço. Gostaria de poder olhar para qualquer um e fazer piadas maliciosas com os chupões misteriosos em seus pescoços. Gostaria de poder me olhar no espelho antes de sair de casa. Gostaria de poder admirar os olhos da Madeline.

me faça viver || Park JinyoungOnde histórias criam vida. Descubra agora