Capítulo 8. Aceitar.

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19h00 - Rodoviária.
Acabamos de deixar a Bia dentro do ônibus de volta para casa, e como isso dói, como é confuso ter um lado de mim que está muito feliz por ter ficado com ela todos esses dias, e ter um outro lado triste e que já sente saudade da companhia e de toda a segurança que eu só encontro nela, não vejo a hora de chegar o dia que vou receber outra visita dela, e espero que não demore muito, já está nos nossos planos, mas penso em fazer uma visita surpresa, no aniversário dela que é daqui 3 semanas, acho que ela ficaria feliz, e a única coisa que desejo a minha melhor amiga, é que ela seja muito feliz, sempre.
19h40 - Casa Maria Luiza Albuquerque.
- Oi filha, a Mamãe estava com saudade, me conta como foi!
- Oi Mamãe, foi incrível, você e o Papai deveriam ter ido, teria sido ainda melhor.
- A gente queria que ficasse um pouco com suas amigas, a Bia e a Ana gostaram?
- Elas gostaram tanto que já querem voltar.
- Que coisa boa, fico feliz filha!
- Vou subir, Mamãe.
20h38 - Casa Maria Luiza Albuquerque.
Resolvi encher a banheira e ficar aqui tentando relaxar ou pensar ainda mais em todas essas coisas que não saem da minha cabeça, acho que a parte de relaxar não deu certo, eu não consigo tirar um segundo sequer da minha cabeça aquela sensação, sentir a respiração da Ana tão perto de mim a ponto de ouvir cada inspiração e espiração dela, nada tira da minha mente meu coração acelerado e os olhos dela sobre os meus por minutos que conseguiram parecer horas, e que fizeram me sentir coisas que eu nem sei o que significam, e é exatamente isso que me assusta, não conhecer e não ter idéia do que tudo isso significa, apenas o Caju pode me consolar essa noite.
22h03 - Casa Maria Luiza Albuquerque.
Ana 🌻: Boa noite, Malu! Eu queria te agradecer pelo final de semana, você tinha razão quando disse que seria incrível.
Malu 🐱: Boa noite, eu que preciso te agradecer por ter aceitado meu convite. E fico feliz que tenha gostado.
Ana 🌻: Eu adorei, agora preciso retribuir, terça às 19h30 no Kafé da Ká.
Malu 🐱: Me explica melhor, como assim retribuir?
Ana 🌻: Confia em mim, não posso dizer mais do que isso.
Malu 🐱: Eu confio, vou esperar ansiosa!
07h36 - Escola Municipal.
- Bom dia, Malu! Você sumiu todo o final de semana, o que houve?
- Bom dia Sam, eu estava no sítio dos meus avós, lá não costumo ficar no celular.
- Você leu as minhas mensagens? Eu ia te convidar para ir ao cinema ver o novo filme de terror que entrou em cartaz.
- É... eu vi, não curto tanto filmes de terror, chama alguma das meninas, a Marcela gostaria desse convite.
- A gente pode mudar o filme.
- O problema não é filme, Sam! Talvez você esteja confundindo as coisas.
- Não estou confundindo, estou tentando esclarecer.
- Para mim já está claro, o que você quer, e eu preciso ser sincera sobre não querer o mesmo que você...
- Mas eu achei que talvez a gente pudesse se conhecer melhor.
- Sam, eu te conheço o suficiente para saber que você é um grande amigo, e eu gosto que seja assim.
- Eu não entendo, Malu! Por quê?
- Porque eu nunca me interessei dessa forma por nenhum garoto, e com você não foi diferente.
- O que você quer dizer com isso? Que você não gosta de garotos?
- Isso é a última coisa que te desrespeito Samuel, com licença!
12h37 - Escola Municipal.
O dia está no começo e já consegui ser ruim o suficiente para que eu queira que ele acabe agora mesmo, coisa que não vai acontecer, não mesmo, ele parece que vai ser tão longo como passar horas na fila de um banco, e já começou a parecer, porquê provavelmente o Papai esqueceu que eu existo, ele já está bem atrasado para me buscar, e eu só quero que ele chegue o quanto antes, não quero ter que olhar para o Samuel, nossa conversa de hoje mais cedo não foi tão agradável, ele pareceu ficar chateado, o que não faz o menor sentido, meninos quase nunca sabem lidar com um fora, mas espero que ele lide e que fique logo tudo bem.
- Ei, Filha. Aqui!
- Oi Papai, demorou...
- Desculpa minha florzinha, passei para comprar um presente, pega ali no banco de trás.
- Eu não acredito, um violino novo, você é incrível, obrigada!
- Você merece, Filha!
17h00 - Escola de Música.
Hoje a Aula de violino e de canto foram incríveis, esse novo violino que o Papai me deu é perfeito, e deu uma levantanda enorme na minha performance, estamos ensaiando para o evento de música da cidade, que vai ser daqui uns meses e eu vou fazer um solo, eu nunca fiz isso antes, tocar e cantar sempre foi uma diversão para mim, nunca foi um compromisso ou uma meta ser a melhor de todas, eu amo fazer isso, mas amo no meu íntimo, o que não me desanima para o solo, experiências novas sempre chamam a minha atenção.
19h37 - Casa Maria Luiza Albuquerque.
Acabei de desligar uma chamada de vídeo com a Bia, ela estava me ajudando a escolher uma roupa para amanhã, contei que a Ana vai me retribuir o passeio para o sítio, apesar de não ter idéia do que será, eu só quero tá linda. Escolhi uma saia jeans, uma blusa preta com uma jaqueta por cima e meu novo coturno, segundo a Bia, é o jeito que eu fico mais linda, nada fora do normal, eu gosto de me vestir exatamente assim, e é claro que minha melhor amiga vai me achar linda, só espero que a Ana também ache, e eu ainda não sei porquê quero isso, mas eu vou achar perfeito se acontecer.
18h - Casa Maria Luiza Albuquerque.
Ainda bem que chegou a hora de me preparar pra ver a Ana, o dia foi estranho, na escola o Samuel passou o dia me olhando com um olhar de desprezo, e eu resolvi não falar com ele, o tempo pode acalmar a chateação dele, resolvi esperar, fiquei mais com Noah, que está se mostrando um ótimo amigo, ele conversou comigo e explicou que o Sam tem todas as suas complicações desde muito tempo, que ele é filho único, bem mimado e não lidar muito bem com o "não" das pessoas que ele espera um "sim", isso me tranquilizou, me deixou triste também, mas fico aliviada de saber que eu não sou a única pessoa no mundo em que ele decidiu agir dessa forma, mas isso de verdade é a última coisa que quero pensar, hoje eu quero entrar no Kafé da Ká e esquecer que qualquer coisa além dele existe.
19h32 - Kafé da Ká.
Eu cheguei 10 minutos mais cedo, a Ana estava em pé em frente ao café, com uma jaqueta preta, por cima de uma blusa azul escura, com botões até o pescoço, com uma calça preta rasgada nos joelhos e um all star preto também, eu nunca tinha visto uma garota tão linda, arrumando o óculos com o dedinho e me dando um abraço apertado. Nós estramos e tem uma mesa com flores, taças e pratos lindos, o café inteiro a meia luz, ela me colocou sentadinha na cadeira que eu gosto, de onde eu consigo ver o movimento central inteiro de Santa Helena, que as terças a noite é bem calmo por sinal, a gente não trocou muitas palavras, ela disse que ia na cozinha pegar o jantar e eu estou esperando, nervosa e ansiosa.
- Eu não sabia exatamente o que você gosta de comer, então fiz uma lasanha, todo mundo ama lasanha.
- Ana, você acertou em cheio, eu adoro e o cheiro está ótimo.
- Então vou colocar aqui no seu prato...
- Tá ok, está bom, obrigada!
- Agora aqui no meu, espero que esteja boa!
- Por que esse jantar, Ana?
- Eu queria fazer você ter uma noite incrível, para retribuir o final de semana incrível que você me fez ter.
- Já está conseguindo, eu não sabia que você sabia cozinhar.
- Aprendi pouca coisa com minha mãe, mas o suficiente para fazer uma boa lasanha.
O silêncio tomou conta do nosso jantar por alguns minutos, estamos comendo, ouvindo música, está tocando Los Hermanos, nada podia ser mais a cara da Ana do que isso, ela está cantarolando baixinho, mas mesmo assim eu consigo ouvir, ela me olha de vez em quando, mas quando eu olho, ela desvia o olhar, eu queria nesse exato momento olhar nos olhos delas por muitos minutos, como fizemos no sítio...
- Ei, Ana... senta aqui do meu lado, deixa eu te mostrar porquê essa é a minha cadeira favorita de todo o café.
- Tudo bem, quero saber.
- Olha, é possível ver tudo daqui, o movimento do centro da cidade, as pessoas, as crianças, observar tudo daqui é mágico.
- Você tem razão, estou encantada.
A Ana tocou minha mão, estamos a alguns minutos observando o movimento pela janela, e ela faz um carinho de leve na minha mão, a mão dela é delicada e tão macia, e faz com que um carinho acelere o meu coração, eu preciso olha-la, eu quero muito olhar, mas não sei se meu coração poderia continuar batendo se eu visse os olhos dela tão de perto... Eu finalmente consegui olhar, ela me olha tão fixamente, não parece nenhum pouco aqueles olhos que fugiam dos meus agora pouco, eu achei que era mágico olhar pela janela, mas não chega nem aos pés de olhar a Ana, os olhos dela carregam tanto, são escuros, mas através deles, nesse momento eu consigo ver tanto sobre ela, consigo ver a infinidade de coisas que ela é, vejo eles abrindo e fechando de uma forma tão lenta, conseguem se fixar nos meus sem se perderem por um único segundo, eles pousam nos meus e ficam, demonstram o conforto que a Ana carrega dentro dela e é isso que eu quero sentir agora, olho tão de perto, e ela chega cada vez mais perto, e mais perto, a mão dela pousa sobre meu ombro, vai passando pelo pescoço e se aloja na minha nuca, exatamente com a mesma delicadeza da outra mão, que continua fazendo carinho na minha, os olhos dela continuam fixos no meu, ela não se dispersa hora alguma, e eu só queria poder ler cada entrelinha dos pensamentos dela nesse momento, nós estamos tão perto que nossos olhos estão se fechando, e fecharam, a boca dela toca a minha, a boca leve e maicia, gelada e com gosto do vinho tinto que ela estava tomando, sinto cada movimento da boca dela pousando na minha, um beijo lento e calmo, eu pensei que meu coração poderia parar de bater, não imaginei que ele bateria tão forte, o beijo acontecendo e o carinho continua, tudo é tão calmo e leve, o beijo da Ana diz tudo sobre ela, e eu gosto tanto disso.
- Ei, tudo bem Malu?
- Claro, está tudo bem, com você também está?
- Se está tudo bem contigo, comigo também está.
- Você quer dançar comigo?
- Malu, eu não sou tão boa com isso de dança.
- Vem aqui, confia em mim, eu te ensino.
- Tudo bem, eu confio, me ensine o mais simples de uma dança, ok?
- Pode deixar comigo, basta dar um passinho para cá e um para lá, um para cá... isso.
- Assim?
- Assim mesmo...
"Não solta da minha mão..." está tocando, e ela está aqui, segurando na minha mão, nos passinhos tímidos de dança, com a cabeça encostada no meu ombro, e está acontecendo exatamente o que eu queria, eu esqueci qualquer coisa além desse café, hoje o meu mundo se resume a essas quatro paredes, a esse lugar com cheirinho de café moído na hora, com uma garota dançando Los Hermanos comigo, deitada no meu ombro e me fazendo acreditar que as mudanças às vezes ocorrem para que coisas boas como essa aqui, possam acontecer. O tempo voou e eu nem vi, o Papai vem me pegar daqui a pouco, agora estamos sentadas e comendo sorvete de tapioca e esperando ele chegar, as duas sentadas no balcão, e eu aqui achando incrivelmente fofo a Ana balançando as perninhas e falando que o sorvete preferido dela é esse.
23h19 - Casa Maria Luiza Albuquerque.
Cheguei, estou paralizada na minha cama, olhando para as estrelinhas grudadas no meu teto, que brilham no escuro, e pensando, que a Ana conseguiu em tão pouco tempo se tornar essas estrelinhas, que no meio de uma escuridão, conseguem brilhar e trazer essa luz, linda e leve, e exatamente assim como eu me sinto agora, depois dessa noite incrível, a Mamãe notou minha alegria assim que eu cheguei, disse que eu saí linda e cheguei ainda mais, ela é assim, nota qualquer mudança no meu humor, sempre me entende, me ajuda e respeita cada escolha minha, mas nunca entramos no assunto: eu gostando de garotas. Acredito que ela saiba, só não sinto que ainda é a hora de contar, não acho que ela reagiria bem.
7h25 - Escola Municipal.
Eu acabei de chegar, e eu não entendo o que está acontecendo, todo mundo está me olhando e parecendo falar algo sobre mim, estou andando e todo mundo abre espaço pra eu passar como se eu fosse o centro de todas as atenções, sabe aqueles filmes adolescentes, que a pessoa passa e todo mundo abre espaço e comenta? Está exatamente assim, eu estou bem apavorada, tentando achar algum dos meus amigos e não consigo econtrar nenhum.
- Ei, Malu. Vem aqui rápido!
- Oi, Marcos!
- Você já sabe o que aconteceu? Aparentemente não, né?
- Eu não faço idéia, mas sei que alguma coisa aconteceu.
- Aconteceu, olha isso!
Tem uma foto minha, no jornal da escola, e não é qualquer foto, é uma foto minha beijando a Ana, na primeira capa, com a seguinte legenda: "A nova moradora de Santa Helena. Uma novidade em todos os aspectos" o Marcos me disse que não faz ideia de como isso aconteceu, ele é o administrador do jornal, mas estava doente nos últimos dias e não pode ajudar na montagem do jornal, ele já fez de tudo pra tentar descobrir como isso aconteceu, e me prometeu que vai descobrir quem fez isso, e eu não vejo a hora.
9h45 - Escola Municipal.
As pessoas ainda não pararam de me olhar, de comentar sobre a foto no jornal, eu já mandei mil mensagens para Ana e ela não responde nenhuma, eu preciso saber como alguém conseguiu tirar essa foto sem que a gente percebesse, se eu pudesse desaparecer agora, eu faria isso, pensei em ligar para a Mamãe vir aqui me buscar, mas não seria uma boa idéia, ela perguntaria o que aconteceu e eu não tenho um pingo de coragem de contar, estou aqui no canto do pátio, com o Noah, com a Bruna e com o Mateus, eles estão me dando todo o apoio, e desde o início eu soube que de todos, seriam eles que eu me daria melhor.
- Malu, vem aqui.
- Oi, Marcos... Alguma novidade?
- A diretora disse que quer falar com você, eu te acompanho.
- Ok, vamos lá.
9h53 - Diretoria.
- Oi Malu, eu sou a Direitora Estela, pedi para o Marcos te chamar para a gente comentar o ocorrido.
- Oi Sr. Estela, é um prazer, sinto muito por conhece-la nessa situação.
- Queria te informar que já paramos de distribuir os jornais, que estamos confiscando o maior número possível deles, e que queremos te ajudar a resolver o ocorrido.
- Muito obrigada, eu só queria saber se podemos resolver isso sem ter que chamar os meus pais.
- Isso seria um pouco complicado Malu, mas vamos fazer o possível, entendo que é um assunto delicado, e a nossa escola tenta lidar com cada aluno da melhor forma possível para ele.
- Obrigada, isso é importante para mim.
- Certo, eu já solicitei as imagens das câmeras de segurança, para saber quem, além dos membros do jornal, entrou na sala de edição, tudo será resolvido até amanhã.
- Eu não sei como agradecer, espero que tudo se resolva logo.
- Faremos de tudo para que sim e você está liberada para ir para sua casa, entendo que não está fácil ficar aqui.
- Mais um vez obrigada, até amanhã.
- Até amanhã, Malu.
10h15 - Kafé da Ká.
Estou no café a alguns minutos, contei tudo pra Ana e ela está fazendo um cappuccino com muito chocolate, segundo ela é para me acalmar, e eu estou a observando, o café está vazio e ela está ali, preparando o cappuccino com tanta calma e leveza, e isso talvez seja o que eu mais admiro nela, a calma para lidar com qualquer tipo de situação, ela falou poucas coisas quando eu disse o que aconteceu, mas o pouco foi o suficiente para eu me sentir dez vez mais calma, não tanto quanto ela, mas com certeza mais calma.
- Aqui meu Cristalzinho, seu cappuccino com muito chocolate.
- Cristalzinho? Por que esse apelido?
- Percebi que você é tão delicada quanto um, então é esse o apelido perfeito, você não gostou meu Cristalzinho?
- Eu na verdade adorei, só não adorei mais do que esse cappuccino, obrigada!
- Não precisa agradecer, você merece depois dessa manhã difícil. O que você está pensando sobre tudo isso?
- Eu só quero descobrir quem foi, o ocorrido não me afetou, essa sou eu e jamais me envergonharia disso, mas a pessoa que fez isso não sabe.
- Sim, a pessoa não sabe e fez para te atingir, e nós vamos descobrir quem foi.
- Vamos sim. E como você se sente Ana?
- Eu penso em como você se sente, sobre mim, Santa Helena inteira sabe, então...
- Eu entendo, só não quero que meus pais saibam disso por enquanto, não é a hora.
- Eles não vão, a Diretora Estela é incrível, e ela fará o possível para que esse assunto não te afete tanto.
- Eu percebi, nós tivemos uma conversa e foi tranquila. Agora preciso ir, quero descansar um pouco.
- Você precisa disso, descansa, e me liga qualquer coisa, me dá um abração aqui!
- Obrigada, beijo Ana!
10h47 - Casa Maria Luiza Albuquerque.
- Oi Malu, o que houve, você está bem filha? Chegou tão cedo.
- Oi mamãe, eu estou bem, fui liberada mais cedo, tudo bem eu subir para o meu quarto? Minha cabeça está doendo um pouco.
- Tudo bem, filha. Você sabe que se algo tiver acontecendo você pode me falar, não sabe?
- Sei sim, está tudo bem, desço na hora do almoço.
- Tá bom, eu te chamo meu amor, bom descanso!
- Obrigada, Mamãe!
Tudo estava bom demais para ser verdade, eu estou até agora sem entender como tudo isso aconteceu, eu estava no céu, com tudo que aconteceu ontem, e em menos de 24 horas tudo desmoronou, eu só preciso descobrir quem faria isso comigo, eu já pensei em tantas possibilidades, nada parece fazer sentido na minha cabeça, nenhuma dessas tantas possibildiades fazem sentido, eu só queria acordar e perceber que tudo isso é um pesadelo, que tudo está bem e que eu posso ir para a escola sem que todo mundo me olhe e comente sobre minha foto beijando uma garota na primeira página do jornal da escola, não sei mais se essa mudança foi tão boa quanto eu achava que era, e eu só espero que eu esteja enganada.

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