Capítulo 9. Descobrir

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6h40 - Casa Ana Mails.
Hoje eu precisei levantar mais cedo, meu despertador deve ter se assustado com a mudança, mas foi necessária, preciso encontrar a Malu às 7h  em frente a escola, a Diretora vai falar com a Malu antes do início da aula, e ela falou que quer que eu esteja lá, esperando para encontra-lá depois dessa conversa, que eu só espero que seja para dizer quem teve a brilhante idéia de colocar uma foto nossa dando um beijo estampando a primeira capa do jornal da semana, eu não faço a mínima idéia de quem poderia fazer isso, mas eu só quero descobrir o mais rápido possível.
7h12 - Escola Municipal.
Já estou a alguns minutos a espera da Malu, e nada dela aparecer, provavelmente ainda está conversando com a Diretora, estou aqui faz uns 10 minutos, mas parece que faz mais de 1 hora...
- Ei, Ana, que bom que você veio!
Malu me abraçou a está aqui a muito tempo, prefiro continuar abraçada sem falar muito, sinto que pelo menos por uns minutos, isso é a única coisa que ela precisa...
- Você quer me dizer o que aconteceu na conversa?
- A Diretora conseguiu descobrir tudo, e eu já esperava por isso, eu sabia que tinha sido ele, Ana, eu sabia.
- Quem?
- O Samuel, lembra que eu te falei dele? O menino que eu sempre achei que queria mais do que amizade.
- Lembro, mas por que ele faria isso? Eu não entendo.
- Alguns dias antes da foto, eu tive uma convesa esclarecedora com ele, e ele não pareceu lidar bem com ela, então provavelmente foi por isso.
- Mas como ele consegiu fazer isso?
- Ele pagou um bom dinheiro para um integrante do jornal mudar a capa poucos minutos antes da impressão, entrou na sala com esse garoto e fizeram tudo sem que ninguém percebesse, e colocaram nos pontos de distribuição antes de todo mundo chegar a escola.
- Ele não sabia que existe uma coisa chamada câmera de segurança?
- Com certeza sabia, ele queria que todo mundo soubesse que foi ele.
- O que a Diretora vai fazer sobre isso?
- Ela me explicou, como eu não quero envolver meus pais, ela vai chamar o Samuel, os pais deles, contar tudo e dizer que a minha indentidade vai ser preservada, ele vai ser suspenso, e praticar atividades extra curriculares o resto do ano, ela explicou também que a expulsão não pode acontecer, pois a norma da escola diz que a expulsão só deve ocorrer se o aluno for suspenso 3 vezes.
- Isso eu já esperava que não iria acontecer, mas o que importa é que você descobriu quem foi, mas e agora, o que você pensa em fazer?
- Eu não quero ficar presa nisso, eu quero entender melhor tudo, mas não agora, agora eu só quero esquecer um pouco isso.
- Tudo bem, eu entendo, o que você acha de me encontrar na lanchonete do Tio Remi mais tarde? Hoje eu e a Laura temos prova e assim que acabar vamos para lá.
- Eu acho ótimo, vou esperar ansiosa, agora preciso entrar para aula.
- Tudo bem, me dá mais um abraço aqui!
- Quantos quiser...
10h17 - Kafé da Ká.
Eu já pensei em tudo que eu poderia fazer com o Samuel para me vingar, mas infelizmente, nada que pareça ser possível, a não ser servir um cappuccino com sal na próxima vez que ele vir aqui, o que não faz muito sentido, mas aliviaria meu coração que no momento sente bastante raiva dele, e que não entende o que levaria alguém a ser tão mimado a ponto de agir dessa forma, mas já era de se esperar, Samuel é filho único, dos donos dos maiores supermercado da cidade, sempre teve "sim" como resposta, continua tendo e continuará, lidar com um "não" pelo caminho é frustrante e inaceitável... Eu sempre pensei que gostar de meninas seria um problema, mas gostar de garotos parece ser um ainda maior...
- Ei, Ana! Melhor amiga chamando para terra...
- Oi, Laura! Não te vi chegando.
- Percebi, o que anda pensando?
- Coisas terríveis que aconteceram, preciso te contar, senta aí...
- Sobre a capa do jornal? eu já sei de tudo, lembra que o Pedro está estagiando como professor na escola? Ele sabe de tudo.
- É verdade, não consegui nem lembrar disso.
- Inclusive é sobre isso que vim conversar... Quando você ia me contar, nunca?
- Você sabia, Laura, pelo menos um pouco, e não deu tanta importância, talvez por isso você não sabia de tudo.
- Ana, eu não dei importância? eu me distanciei e você não quis nem saber o que tinha acontecido.
- Eu quis, tentei saber mas você só fugia de mim, o tempo todo.
- Você só tinha e só tem tempo para essa garota agora, e eu continuo aqui, esperando você me contar, você me procurar.
- Laura, eu estou aqui, só estou passando por um momento difícil, você consegue entender?
- Eu sempre entendo, queria saber quando você vai me entender, Ana. Eu preciso ir.
- Espera, Laura! Vamos terminar de conversar.
- Agora não posso, outra hora.
Eu não consigo entender o que acabou de acontecer, a Laura nunca falou assim comigo, e ainda bem, porquê eu nunca imaginei que isso me deixaria tão triste, estou me sentindo uma péssima amiga, eu só pensei em mim e ignorei a também fase difícil da minha melhor amiga, e eu preciso pensar em uma forma de reverter isso, eu preciso o mais rápido possível saber o que está acontecendo com a Laura para ajudá-la de alguma forma, e pensando numa solução, talvez o Pedro possa me ajudar com isso, ela sempre conta tudo para ele.
Ana 🌻: Ei, Pedro! Tudo certo?
Pedro 🛹: Opa, eai Ana! Tudo certo e contigo?
Ana 🌻: Tudo indo, eu queria saber se a Laura te falou alguma coisa sobre tá meio chateada comigo...
Pedro 🛹: Então, ela não falou muito sobre você ultimamente, ela não falou quase nada ultimamente na verdade.
Ana 🌻: Como assim? Vocês estão bem?
Pedro 🛹: Por mim nós estamos bem, por ela não sei, ela parece distante, anda me evitando.
Ana 🌻: Poxa, eu sinto muito, eu vou tentar saber o que estava acontecendo, e te falo se eu descobrir algo, valeu!
Pedro 🛹: Valeu!
Meu plano falhou como tudo anda falhando na minha amizade com a Laura, eu preciso pensar em uma maneira eficaz de descobrir tudo o que anda deixando a Laura tão estranha comigo, e pelo visto, com outras pessoas também, hoje vamos nos encontrar no ônibus e na saída para comer na lanchonete do Tio Remi, eu chamei a Malu, e se tudo isso for exclusivamente porquê ela sabia pouco sobre a gente, tudo vai se resolver, já que vou de verdade apresenta-la para a Laura, se ela ainda quiser ir e ainda me enxergar minimamente como a melhor amiga dela.
19h17 - Ônibus
- Ei, aqui!
- Oi, Ana! Não precisa tirar a mochila, vou em pé mesmo.
- Como assim Laura? Senta aqui, eu guardei seu lugar.
- Estou bem aqui, já estamos quase chegando, estou tensa para o teste.
- Não é pela tensão que você não quer sentar aqui, o houve?
- Nada além do que eu disse mais cedo.
- Você falou, mas de tudo que disse eu consegui entender pouco.
- Esse é o problema, eu preciso te apontar sempre tudo o que tá acontecendo, você vive num mundo flutuante e não nota nada que eu não diga com todas as palavras.
- Então se você pode me dizer, por que não me diz? Assim a gente pode resolver muito melhor.
- A gente pode resolver melhor quando você perceber que também tem que se esforçar... Vamos descer, já é o nosso ponto.
- Infelizmente não posso te obrigrar a falar, Laura. Eu estou tentando, tentando de verdade, mas você às vezes faz tudo parecer impossível.
- Eu queria mesmo conseguir fazer certas coisas serem impossíveis, por exemplo um teste no dia de hoje.
- Você vai se sair bem, boa sorte e até a saída!
- Boa sorte também, até!
20h48 - Faculdade.
Já estou a alguns minutos esperando a Laura, ela deve demorar mais algum tempo, ela costuma ficar bem nervosa quando está fazemdo provas ou testes, marquei as 21h com a Malu, para nos encontramos na lanchonete, talvez ela chegue antes de mim, mas estou sentada no banco perto da saída, daqui posso vê-la chegar. Estou ansiosa para apresentar a Malu para a Laura, elas já se viram uma festa do feriado, mas foi tão rápido que ainda nem dá pra dizer que ela realmente se conheceram, hoje será na prática, a primeira vez que vou sair com minha melhor amiga e a garota que eu provavelmente gosto.
20h56 - Faculdade.
- Ei, Laura! Não tinha me visto? Ia passar direto.
- Ah, oi! Não tinha visto você sentada aí.
- Você já estava indo pra lanchonete?
- Na verdade, não... Eu estava indo para casa, não estou me sentindo bem.
- Como assim você ia para casa e não ia nem me avisar?
- Eu ia, quando eu chegasse lá.
- Você pode me falar porquê não está se sentindo bem?
- Eu estou desanimada, é só isso.
- Mas vamos, quero que conheça alguém, por favor, faz isso pelo seu brigadeirinho?
- Que pessoa?
- Vem aqui, vamos lá que eu te mostro.
21h03 - Lanchonete do Tio Remi.
Chegamos agora, estamos esperando a Malu, ainda não disse quem é a pessoa que eu quero que ela conheça, estou nervosa e ela está começando a notar, mas ainda se mantêm firme na cara de chateada e na postura de Laura calada, que é rara, mas às vezes acontece, como agora, e eu, agora e todas as outras vezes, nunca soube lidar de uma boa maneira com essa versão tão assustadora da Laura, eu com toda certeza desse mundo prefiro minha melhor amiga no ápice do seu bom humor, nos dias em que ela deseja bom dia a cada pessoa que passa por ela, mas eu entendo que ela tem os motivos dela para se fechar dessa maneira, e a pior parte de hoje, é não saber o motivo, talvez seria mais fácil se eu soubesse.
- Oi, Malu! Agora oficialmente, Malu, essa é a Ana. Ana, essa é a Malu.
- Mais uma vez, é um prazer Laura!
- Oi, o prazer é meu.
- Senta, Malu! Vamos esperar o Pedro e pedimos nosso lanche.
- O Pedro não vem.
- Por que? O que houve?
- Ele precisou ficar com a irmãzinha dele.
- Ah, então tudo bem, vamos pedir o lanche, você o mesmo de sempre, né Laura? E você Malu?
- Eu não conheço aqui, mas me trás um x-bacon, não tem erro.
- Tudo bem, vou fazer o pedido e já volto. Não falem muito mal de mim, em?
Estou observando as duas na mesa e acho que preferia que elas tivesse acabando comigo do que esse silêncio ensurdecedor que parece tá naquela mesa, a Laura está no celular, e a Malu me olha de segundo em segundo, faz uma expressão de nervosa e sorri depois, e eu não consigo não sorrir de volta, o sorriso dela faz o meu escapar sem que eu nem perceba, antes mesmo de notar, eu estou respondendo o sorriso tímido dela com um gigante e amostrado, é isso que ela causa em mim, uma mistura de sentimentos, eu me sinto no controle pequeno tempo, mas basta ela sorrir ou me olhar nos olhos, que eu jogo tudo pro alto e topo viver o que às vezes parece nem ter sentido, e tudo bem, eu já estou entendo que entre nós, nem tudo precisa ter sentido.
22h37 - Lanchonete do Tio Remi.
A Mãe da Laura acabou de buscá-la, ela se manteve calada quase que o tempo inteiro, falou pouco e sorriu menos ainda, já a Malu, consegui parecer a menos nervosa de nós 3, contou várias histórias do Caju e tirou várias sorrisos meus e alguns poucos da Laura, eu esperava que fosse melhor, esperava mesmo, mas como não foi horrível, eu prefiro não reclamar, talvez eu tenha tomado um bom passo, apresentar a Malu para a Laura, talvez a faça se sentir dentro da minha vida completamente. A Malu está comprando sorvetes, vamos para casa caminhando, para que a gente possa conversar um pouco, e o frio na barriga já está tomando de conta de mim, talvez eu esteja apaixonada, e não vejo a hora do talvez virar certeza.
23h13 - Casa Ana Mails.
Esse foi o caminho mais incrível que eu já fiz até minha casa, a Malu veio o tempo todo sorrindo e falando tudo que ela acha engraçado em mim, entre às coisas o principal é: como eu ando engraçado, ela ficou o caminho todo andando como eu, e me tirou umas mil gargalhadas, ela sujou meu cabelo de sorvete e me beijou atrás da árvore gigante que fica do outro lado da rua da casa dela, ela foi ela, no seu jeito mais excêntrico e único, e eu to adorando poder observar e admirar cada parte do que ela é, eu não sei mesmo como as coisas serão, mas independente de como for, eu quero que a gente exista, de alguma forma.

O amor nos faz sentir;
sentir por mim,
além de por ti;
amor,
dor.

O amor me faz sentir,
e existir;
Quando penso em desistir,
eu volto a persistir.

Sentir tua dor,
pelo nosso amor,
dividir contigo,
teu sorriso.

Ser tua lágrima,
quando ela for parar na tua boca,
e enxuga-lá, quando ela ousar ir na direção
do teu coração.

Amar nosso amor,
ou, meu amor,
cuidar da tua dor e
estar aqui,
quando precisar ir,
quando precisar vir,
ou precisar de mim,
até o fim.

Eu + ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora