Uma nova semana começa mas os pesadelos daquele mítica noite de sábado permanecem.
Por todas as ruas de Rosewood, o tema de conversa é sempre o mesmo e todas as pessoas, de repente, se tornaram detetives da polícia e criam teorias dignas de um enredo de Hollywood.
Hanna caminha pelo centro da cidade para se encontrar com o seu namorado, Caleb. Pelo caminho, reencontra Spencer e saúdam-se friamente.
- Olá Hanna. Estás bem? - Spencer quebra o gelo com um abraço igualmente gelado.
- Não achas essa pergunta um pouco estúpida dada toda a situação? - ironiza Hanna.
- Não és a única que está sofrer com isto, Hanna. Mas essa atitude não nos vai levar a um lugar melhor.
- Pois, tens razão. Só as atitudes que tu tens é que são as mais corretas. - atirou Hanna e continuou o seu caminho.
Hanna é observada pela amiga a afastar-se e, por muito que ambas desejem continuar a conversa, sabem bem que a situação não é favorável para tal. Spencer direciona-se ao banco de jardim mais próximo para que o seu mundo possa parar durante uns minutos e reflete sobre o que estão a passar. Desde muito nova, Spencer luta para atingir a perfeição imposta pela família e, consequentemente, pela sua própria cabeça. Ao longo dos anos, passou essa exigência para os seus relacionamentos pessoais. De forma inconsciente, a procura da sua perfeição passou para a procura da perfeição nos outros. Já percebeu que a definição de perfeição que se encontra em qualquer dicionário está longe de ser fácil de alcançar. Não existem pessoas perfeitas. Não existem pessoas que não errem. Não existem pessoas que não magoem as outras, mesmo sem ter essa intenção. A definição de perfeição deveria ser mudada para "ato de tentar ser melhor, mesmo sabendo que nem sempre é possível ser o melhor" ou "fazer o nosso melhor, mesmo que falhemos um milhão de vezes".
Spencer continua a ler um livro de poesia francesa enquanto combate o frio que se faz sentir com um casaco quente da mesma cor do banco onde está sentada. Aria vê a amiga e aproxima-se lentamente e silenciosamente.
- Spencer... - Aria surpreende Spencer - Estás bem?
- Que susto, Aria! - Spencer diz enquanto solta uma gargalhada tímida - Sim, está tudo bem. E tu, como estás?
- Já tive dias melhores. Tal como tu. Tal como todas nós. Mas a questão não é essa. Sei que este lugar é o teu porto seguro quando não estás bem. - respondeu Aria, fazendo a morena esboçar um sorriso.
- Tal como tu dizes, já todas tivemos dias melhores.
- Podes falar comigo. - começou Aria - Diz-me, verdadeiramente, o que estás a sentir.
Mil e uma coisas passaram pela cabeça de Spencer que, como sempre acontece, sente bastantes dificuldades em expressar os seus sentimentos perante os outros.
- Sinto que vos desiludi. Sinto que fiz asneira e que nos arrastei para uma piscina cheia de lama que agora não conseguimos sair. Criei um plano no calor do momento que, agora que vejo tudo com mais clareza, não foi de todo o mais acertado. - desabafou Spencer.
- Spencer, para já com esses pensamentos! De facto, tu disseste esse plano mas todas nós concordamos em segui-lo. Agora também não vale a pena irmos à polícia dizer nada. Nem iam acreditar em nós.
- O problema é eu ter o hábito constante de tomar decisões imprudentes e, ainda por cima, sem pensar nas consequências que trago para vocês também. Desculpa. Desculpem... - disse Spencer enquanto uma lágrima lhe escorria pela face.
- Não te culpes por isto. Todas estivemos naquela noite. Todas nós assumimos o que acontecer daqui para frente. Aconteça o que acontecer, estamos juntas. Até ao fim. - Aria conseguiu com estas palavras tirar um sorriso da cara de Spencer.
Enquanto Spencer e Aria continuavam a conversar sobre literatura, uma mensagem no grupo fez dispersar a atenção de ambas para os seus telemóveis.
"Venham ter a minha casa, assim que conseguirem." - Alison
Aria e Spencer olharam uma para a outra com um ar de curiosidade mas ao mesmo tempo de apreensão. Encaminharam-se para a casa de Alison e encontraram Emily pelo caminho que demonstra os mesmos sentimentos que elas. Quando chegam, Hanna já tentava que Alison lhe contasse mas esta fazia questão de contar quando todas estivessem presentes.
- Alison, elas já estão aqui. Começa a falar! - ordenou Hanna, super curiosa.
- Fui à biblioteca e ouvi dois polícias a falarem no café. Apesar de terem encontrado o corpo fora do parque, descobriram o sítio preciso onde ela foi morta. Ou seja, mesmo dentro do parque - contou Alison.
- Meninas, não vos quero assustar mas, nós vamos ser chamadas a depor certamente. Vão chamar toda a gente que entrou no parque naquela noite. - deduziu Emily
- Não é importante. Tal como a Spencer teve a ideia, só temos que dizer que vimos algumas pessoas, inclusive três pessoas quando já era mais tarde e que não é costume estar lá ninguém mas que não demos muita importância. De resto não sabemos de nada. E estamos nisto juntas. Sempre. Até ao fim. - rematou Hanna, sorrindo carinhosamente para Spencer.
Também não existe perfeição nas amizades. Há dias que se discute. Há dias em que a barriga dói de tanto rir. Há dias em que alguém precisa de um ombro amigo. Há dias de aventura. Há dias de desespero. Há dias iguais e dias muito diferentes. Mas há uma coisa que todos esses diferentes dias têm em comum: nada seria igual se não estivessem juntas. A amizade destas cinco amigas à partida teria todos os ingredientes para durar pouco. Olhando, de forma superficial, para elas ninguém diria que sendo tão diferentes conseguiam dar-se tão bem. A Spencer parece ter uma armadura emocional invencível, mas precisa tanto de apoio como todas as outras. Por outro lado, Hanna sobrepõe o coração à cabeça e não tem medo ou vergonha de mostrar a parte mais emocional e carente quando assim tem que ser. A independência podia ter o nome de Alison DiLaurentis. Por vezes, ninguém sabe onde ela anda porque vive a vida dela sem se justificar perante ninguém mas, nos momentos mais importantes, ela aparece e sempre com as palavras mais acertadas. A Emily trata as amigas tão bem como se tratassem de suas filhas. O seu instinto maternal acrescenta ao grupo um sentimento de proteção. Incrivelmente, olhando para Aria é uma junção de todas. Tendo coisas em comum com todas, é um elemento imprescindível nesta amizade.
Antes de se conhecerem, obviamente que existiram mais pessoas nas suas vidas, mas foi quando perceberam o quão incrível podiam ser juntas que entenderam o que significa ter alguém nas suas vidas que, efetivamente, as torna melhores e a querer ser as suas melhores versões. Um dos melhores sentimentos é entender o quão agradecidos se pode estar por o universo ter decidido que deveriam existir no mesmo espaço e tempo.
No meio de poucas palavras proferidas, as cinco amigas sentem o conforto e segurança que necessitam neste momento no silêncio que surge no seu círculo.
Hanna começa a contar uma história caricata que lhe acontecera de manhã, mas as gargalhadas são interrompidas pelo telemóvel de Emily.
- Desculpem, tenho mesmo que atender. É a minha mãe. - disse Emily enquanto se levantou para atender a chamada.
As restantes continuam a conversar e a rir-se mas, Alison percebe que algo não está bem pela expressão que surgiu na cara de Emily e faz sinal às outras para interromperem a brincadeira.
- Eu vou já para casa, mãe. - disse Emily antes de desligar a chamada.
- O que se passou? - questiona Aria imediatamente.
Emily olha para as amigas com um ar de desassossego.
- A polícia solicitou a minha presença para me fazerem umas perguntas. A minha mãe disse que é devido a termos sido vistas no parque naquela noite.
- Isso significa que nós também vamos ter que lá ir muito em breve. - acrescentou Spencer.
O ar de desassossego de Emily foi transmitido para o resto do grupo.
- Só temos que manter o plano que delineamos. Vai correr tudo bem. Juntas. - Alison tentou acalmar as amigas. - Promessa de mindinho.
Nunca estiveram numa situação assim mas, agora, mais do que nunca têm que permanecer juntas. Até ao fim.
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Saturday Night | Pretty Little Liars
Bí ẩn / Giật gân5 amigas. Uma noite de sábado. Um crime. 5 amigas assistem a algo que vai mudar para sempre a forma como encaram a vida. Quando a palavra delas é posta em causa e tentam desequilibrar o grupo, será que a amizade resiste? Será esta amizade à prova...