Spencer chega a casa depois de conversar com a detetive e começa a pensar em questionar os pais sobre a mesma. Sendo advogados, podem ter tido alguma ligação, por muito pequena que seja, com a detetive e, assim, ajudam a perceber como ela trabalha.
O facto de Spencer se ter feito de forte em frente às amigas ao avisar que a detetive está pronta para correr o mundo atrás de provas contra elas, apenas escondeu o facto de que está com medo do que pode acontecer. Apesar de estarem certas que não mataram ninguém naquela noite, também sabem que omitiram a verdade sobre o que viram e isso sim, é crime. Embora todas tenham concordado com esse plano, a ideia foi de Spencer e caso algo corra mal, nunca se irá perdoar pelas consequências que podem vir a surgir. Não por ela, obviamente.
Quando o sol começa a deitar-se, Spencer ouve barulho e conclui que os seus pais estão a chegar a casa e decide então ir questioná-los sobre a detetive. Desce as escadas que ligam os quartos até à sala de estar e encontra ambos com uma figura cansada.
- Olá Spencer. Então como foi a conversa com a detetive? - a mãe de Spencer é bastante direta e não perde tempo.
- Foi normal, apenas perguntou aquelas questões básicas do género se vimos alguém ou algo que considerássemos estranho. Por acaso, vocês conhecem-na? - Spencer herdou a objetividade do lado da mãe.
- Já a conheço há alguns anos. Foi detetive num caso que envolveu um cliente meu e já a vi algumas vezes. - começou por explicar o pai de Spencer - E depois ela também teve aquele caso polémico, o que deixou a atenção de toda a gente virada para ela.
- Nem sei como lhe deram este caso depois desse caso memorável que tenho a certeza que ninguém esqueceu como correu a investigação. - completou a mãe de Spencer que a deixou curiosa e intrigada.
- Que caso é esse? Não me lembro de nada. - questionou Spencer.
- Foi há cerca de 10 anos, penso eu. Foi um casal de namorados com cerca de 20 anos que apareceu morto e ela não foi, digamos assim, muito profissional.
Spencer queria saber mais e mais, mas também sabia que a mãe não lhe iria contar mais nada. Desde que se lembra que ouve falar de crimes e lei em casa, então desde muito nova que lê às escondidas documentos dos pais para matar a curiosidade sobre os casos deles e até mesmo tentar ajudá-los. Muitas vezes, leu realidades que não deveriam ser mostradas a crianças, mas clandestinamente tinha sempre acesso ao que não devia.
Encaminha-se de novo para o quarto e tenta evitar pesquisar sobre o que os pais lhe contaram mas a curiosidade é mais forte e imediatamente liga o computador. Foi surpreendentemente fácil encontrar notícias com o nome Sara Decker.
- Obrigada, Google. - Spencer falou para os seus botões com um sorriso de perspicácia desenhado no rosto.
Uma hora passou e Spencer, desempenhando ela o papel de detetive, sabe agora (quase) tudo sobre a detetive Decker. Aparentemente, segundo as notícias encontradas na internet, aquele caso quase ditou o fim da carreira da detetive. Tal como a mãe de Spencer começara a contar, há doze anos um rapaz e uma rapariga, que namoravam inclusive, foram encontrados mortos nas traseiras da biblioteca de Rosewood. Não havia testemunhas, nem câmeras de vigilância e parecia ser o crime perfeito por não haver provas concretas que ligassem alguém ao caso. De acordo com os registos encontrados, a detetive teve falhas éticas graves na condução desta investigação. Insatisfeita com a falta de provas para atribuir culpas a alguém, os seus suspeitos tornaram-se alvo de perseguições por sua parte. Estava sempre a chamá-los para prestar declarações, quase forçados a admitir algo que não fizeram. Um dos suspeitos acusou a detetive de lhe roubar o telemóvel para ser usado como prova de conexão entre o local e o suspeito. Esta acusação enfureceu a detetive quando percebeu que podia estar prestes a ter a carreira destruída. No final, dois dos seus suspeitos foram considerados culpados, mas a generalidade das pessoas acreditava na inocência deles e, por outro lado, a detetive perdeu a credibilidade. Juntamente com a credibilidade, perdeu o apoio dos seus próprios colegas e afastou-se um tempo da polícia.
"Venham a minha casa o mais rápido possível. Não imaginam a bomba que descobri!" Spencer enviou mensagem ao resto do grupo para lhes contar tudo isto.
Em quinze minutos, já todas estavam em casa de Spencer.
- Spencer, já estou a morrer de curiosidade. Conta! - suplicou Aria.
- Talvez a palavra "morrer" não seja a melhor dado os últimos acontecimentos. - brincou Hanna.
Enquanto as amigas brincavam, fugindo à tensão que têm vindo a sentir, Spencer puxa um quadro branco com inúmeras coisas escritas, parecendo um plano para roubar um banco num filme de ação. O título a cor vermelha dizia "DETETIVE DECKER" e isso foi suficiente para interromper a brincadeira e concentrarem a atenção no que estava escrito ali.
- O que é isto? Enlouqueceste de vez? - questionou Alison e a resposta de Spencer foi apenas um olhar mortífero e reprovador.
- Isto é um resumo por tópicos de tudo o que descobri sobre a detetive. - explicou Spencer.
- Primeiro que tudo, porquê que a foste investigar? - perguntou Emily bastante confusa.
Então Spencer contou tudo, desde a conversa com os pais até ao que descobriu na internet sobre aquele caso que ainda hoje é motivo de discussão de teorias entre várias pessoas ligadas à polícia.
- Tens uma teoria, não tens? - interrogou Aria já sabendo que a resposta seria positiva.
- Claro que tenho. - Spencer riu e prosseguiu na explicação - Ela viu neste caso a oportunidade de recuperar a credibilidade só que aconteceu o mesmo que há doze anos. Não tem provas concretas sobre ninguém.
- Exceto contra mim. Ela tem o meu casaco. - interrompeu Alison.
- Exatamente onde queria chegar. - retomou Spencer - Consta-se que ela inventou provas naquele caso. Pode muito bem ter feito o mesmo com o teu casaco. Pode ter encontrado noutro sítio, bem longe do local do crime e ter dito que o encontrou lá. Ela vai querer culpar-nos disto, porque sente que é a única forma de fazer justiça ao falhanço que foi aquele famoso caso e pôr a sua carreira novamente no lugar que pensa que merece. Por isso, digo-vos que temos que contrariar a maré.
- O que queres dizer com isso? Desculpem, mas estou mesmo confusa e lenta para acompanhar tanta informação. - perguntou Emily.
- Quer dizer que vamos ter que ser mais inteligentes. Ela vai atacar-nos mas não nos vamos limitar a defender. Temos que atacar também. - completou corretamente Alison.
- Sabem que o meu passado com missões não tem saldo positivo mas vamos a isso. Missão "Plano B" está oficialmente em curso. - disse Hanna.
Normalmente, diz-se que o que melhor ataque é a defesa, mas neste caso a melhor defesa vai ser o ataque.
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Saturday Night | Pretty Little Liars
Mystery / Thriller5 amigas. Uma noite de sábado. Um crime. 5 amigas assistem a algo que vai mudar para sempre a forma como encaram a vida. Quando a palavra delas é posta em causa e tentam desequilibrar o grupo, será que a amizade resiste? Será esta amizade à prova...