A noite em Rosewood foi atribulada devido à tempestade que se deu. A cidade acorda para encontrar árvores caídas no meio das estradas, jardins estragados e janelas de várias habitações partidas.
"Esta noite foi um presságio para o dia de hoje", pensou Aria fazendo referência ao facto de ter que ir falar com a detetive com a companhia de Hanna e Spencer. Aria aproveita a manhã chuvosa para ler um livro, antes de começar a sua rotina. Ler sempre foi visto por Aria como um escape da realidade. Ao ler uma história, tem a oportunidade de se perder nas palavras e investir em algo que não é a sua vida. De alguma forma estranha, o escritor consegue fazer com que os leitores se sintam mais vivos numa história que não é a sua mas que à partida o final irá ser certamente feliz. Mas, ultimamente, Aria tem tido dificuldade de encontrar nos livros uma fuga à realidade porque os seus pensamentos distraem-na e preenchem-na de dúvidas e ansiedade. Uma batida leve na porta leva-a a levantar a cabeça do livro.
- Podes entrar. - disse, mesmo sem saber quem seria.
Hanna abre a porta devagar e esboça um sorriso enorme em direção à amiga.
- Bom dia. Acordei demasiado cedo e decidi vir ter contigo. Ao menos não me sinto sozinha. - desabafou Hanna.
- Também não dormi muito bem. Nem sei se foi por causa da tempestade ou pelo dia que temos pela frente.
- Ai Aria, preferia ter tempestades destas todos os dias do que ter que falar com a nossa querida detetive Decker. - as duas riem com este comentário desesperado e exagerado de Hanna.
Após uma longa espera para, finalmente, Aria estar pronta para sair de casa, encaminham-se para o centro da cidade onde se encontrariam com Spencer. Pelo caminho, testemunham mais consequências da tempestade. De facto, se isto é um presságio para o dia que estão prestes a ter, é melhor estarem preparadas para a detetive Decker.
Ao mesmo tempo, Alison é surpreendida por Emily que lhe aparece em casa. Quando Alison abre a porta de entrada e a vê, manifesta a alegria através de um sorriso que nasce quase que inconscientemente. Talvez seja por ver Emily ou talvez por reparar que esta vem acompanhada por um pequeno almoço para ambas.
- Panquecas e fruta para começar bem o dia? - questiona Emily retribuindo o sorriso para Alison.
- Por estas coisas é que és a minha preferida. - Alison brinca e soltam uma gargalhada em conjunto.
Emily é uma pessoa de manhãs. Acorda ao mesmo tempo que o sol e aproveita o dia como ninguém. Por outro, Alison se pudesse vivia só de noite. É capaz de ir dormir somente quando o sol começa a brilhar. São dois opostos, tal como o calor e o frio, mas devido a alguma conexão impossível de descrever, estão unidas por algo forte e inexplicável. No grupo têm uma piada interna que Emily e Alison são as preferidas uma da outra. Possivelmente, há uma ponta de verdade nesta piada e, inconscientemente, têm um carinho diferente uma pela outra, comparado ao que existe com as outras meninas.
- Estou preocupada com elas. - confessou Alison.
- Na verdade também estou. A detetive tem um dom de deixar qualquer pessoa exausta psicologicamente. - Emily respondeu com um tom de preocupação.
- Se nós sobrevivemos, elas também irão conseguir.
Na estação da polícia, Aria, Hanna e Spencer deparam-se com uma confusão anormal e nunca antes vista. A tempestade fez vários estragos na cidade e, por isso, estão a ter muito trabalho com coisas partidas, árvores no meio das estradas e em cima de carros. Um polícia, com a aparência de ter a mesma idade que elas, aproxima-se e informa as três que dentro de momentos a detetive já as chama individualmente.
- Sem querer ser má, mas se alguma árvore caísse em cima do carro dela melhorava o meu dia de uma forma inexplicável. - sussurrou Hanna.
- Não digas essas coisas. Ainda te ouve e não há necessidade de piorarmos a relação que temos com ela. Já é suficiente má. - respondeu Spencer.
Depois de uns minutos de espera, a detetive aparece ao fundo do corredor com cara de poucos amigos e com um guarda-chuva partido. O seu mau humor era notório à distância e nem precisou de proferir uma única palavra para perceberem que a verdadeira tempestade ia acontecer dentro daquele minúsculo gabinete. A detetive passou pelo sítio onde Hanna, Spencer e Aria se encontravam sentadas à sua espera e apenas olhou pelo canto dos seus grandes olhos castanhos e com o seu habitual ar de superioridade perante toda a gente.
- Estou, genuinamente, a morrer de medo. - disse Hanna sem pestanejar.
A primeira a ser chamada é Hanna, a que estava mais amedrontada. Entra na sala e, meia a tremer, senta-se imediatamente na cadeira. "Pronto, é nesta cadeira que vou morrer", pensou para os seus botões mais uma vez de forma excessivamente exagerada e dramática.
- Vou direta à questão. - a detetive inicia a conversa - O quê que vocês viram ou ouviram naquela noite?
Hanna engoliu em seco e todos os acontecimentos dessa noite começaram a passar em frente aos seus olhos como se de um filme se tratasse.
- Para ser sincera já nem me lembro bem. Péssima memória. Não me lembro de ver ou ouvir nada que considere relevante, vimos algumas pessoas mas nada que seja suspeito. - explicou Hanna omitindo várias partes da noite mas nunca mentiu na sua péssima memória.
A detetive continuou com as perguntas para tentar obter o máximo de informação possível, mas de nada valeu. O mesmo aconteceu com Aria. Tal como Hanna, não mencionou o que viram e mantiveram a história que planearam e que Emily e Alison já tinham relatado quando foi a vez delas naquele lugar.
Por razões desconhecidas, a interação da detetive com Spencer é ainda mais agressiva do que com o resto das meninas. O desconforto de Spencer é manifestado quando não consegue arranjar uma posição confortável na cadeira.
- Isso é nervosismo, Spencer? - questionou a detetiva num tom malicioso.
- Não posso dizer que estar a prestar um depoimento num caso de homicídio não me deixa nervosa.
- Pensava que uma filha de advogados nascia preparada para momentos como este. - a detetive continuou com o seu tom sarcástico.
Spencer optou por não responder porque sabia de antemão que qualquer que fosse a sua resposta sairia com entoação negativa. A conversa entre as duas prosseguiu, mas com Spencer esta detetive perspicaz optou por uma estratégia diferente.
- Já mencionaste às tuas amigas que mentir à polícia é crime? Certamente, os teus pais ensinaram-te isso. - questionou-a.
- Porquê que voltou a referir os meus pais? - Spencer defendeu-se sem responder à minha pergunta.
- Spencer, vou pôr tudo em pratos limpos contigo. Eu sei o que aconteceu e vocês também sabem que eu sei. É uma questão de tempo até ter provas concretas do que vocês fizeram.
- Mas porquê que está tão certa que estamos relacionadas com isto? - Spencer levanta ligeiramente o tom de voz e visivelmente irritada com o rumo que a conversa estava a tomar.
- Vocês estão ligadas a um crime. Direta ou indiretamente. E eu vou provar a toda a gente que não estou enganada.
As palavras da detetive são cortadas por uma falha de eletricidade provocada pela tempestade. "Que oportuno" pensou Spencer para si mesma e feliz por a tempestade a ter salvado do momento tenso.
- Parece que foi um sinal para a conversa acabar. Seguramente, falaremos muito em breve. - a detetive levanta-se e abre a porta para Spencer.
- Sem problema, detetive. É sempre um gosto falar consigo. - respondeu Spencer com um nível de ironia tão alto capaz de causar outra falha na eletricidade.
Do lado de fora do gabinete, Hanna e Aria esperavam por Spencer que caminhava na direção delas visivelmente preocupada.
- Estás bem? A conversa correu mal? - questionou Aria quase a sussurrar.
- A guerra entre nós e a detetive está apenas a começar e preparem-se que ela vai fazer tudo o que tiver ao alcance dela para a ganhar.
Que venha a detetive, a guerra e a tempestade.
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Saturday Night | Pretty Little Liars
Misterio / Suspenso5 amigas. Uma noite de sábado. Um crime. 5 amigas assistem a algo que vai mudar para sempre a forma como encaram a vida. Quando a palavra delas é posta em causa e tentam desequilibrar o grupo, será que a amizade resiste? Será esta amizade à prova...