9. Filme de terror

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Alguns dias se passaram, a investigação e a perseguição da detetive acalmaram e a como depois da tempestade vem a bonança, a primavera chegou. Os dias são maiores, o tempo é mais quente e as primeiras flores começam a surgir. 

Spencer, Aria e Emily saem da faculdade e encontram-se com Alison e Hanna que mais uma vez faltaram às aulas. Alison e Hanna aproveitam o sol do fim da manhã para relaxar, mas a voz das amigas rouba-lhes toda a atenção.

- Impressionante como já vos estava a ouvir a quilómetros daqui. - disse Hanna.

- A cama devia estar tão boa que vocês nem quiseram sair. - brincou Aria.

- O dia está demasiado bonito para o passar fechada numa sala de aula. - respondeu Alison colocando os óculos de sol.

As cinco amigas aproveitam o momento de paz que têm e entre conversas e brincadeiras decidem que precisam de uns dias fora da cidade, uns dias de fuga à rotina, uns dias sem faculdade e, claramente, uns dias longe da estação da polícia. Ainda que tenham tido descanso da detetive nos últimos dias, é uma questão de tempo até o terramoto voltar a surgir. Após uma discussão de ideias sobre para onde vão, finalmente decidem algo em concreto. O destino vai ser uma casa de férias que pertence à família de Spencer a três horas de distância de Rosewood.

- Partimos amanhã? - questionou Alison e todas confirmaram.

- Quando o relógio bater as oito da manhã, fazemo-nos à estrada. - acrescentou Emily.

- Espero que estejam preparadas para mais uma das nossas viagens épicas. - disse Hanna esboçando um sorriso que mostrou que sabia de antemão que, não importa o que fosse acontecer, seria épico. 

Desde que se conhecem que tornaram hábito passarem férias juntas no verão e, sempre que podem, tentam fugir da cidade por uns dias. Tal como o resto do grupo, Hanna já sabia que estes dias seriam fantásticos porque estas aventuras significam sempre memórias e histórias que são impagáveis. Já fizeram de tudo e já lhes aconteceu de tudo. Já deram um concerto amador improvisado na praia. Já quase foram expulsas de um parque de campismo porque a Emily e a Hanna tiveram um ataque de gritos por verem uma aranha na tenda. Já subiram ao topo de uma montanha. E muitas mais coisas que são legalmente proibidas de contar.

Como combinado, e estranhamente pontuais, ao som do relógio a bater as oito da manhã as cinco amigas fazem-se à estrada de malas cheias como se fossem passar um ano fora de casa. Emily conduz ao mesmo tempo que é auxiliada pelo GPS e mau sentido de orientação de Aria. No banco de trás, está Alison a pôr música e Hanna a reclamar que nunca conseguem ouvir uma música até ao fim porque Alison está sempre a mudar. Spencer tenta manter as duas em ordem enquanto tenta que Aria não leve Emily a conduzir até ao fim do mundo. 

- Para a próxima sou eu a conduzir. - reclama Hanna.

- E eu vou a dar as indicações. - acrescenta Alison.

- Claro que sim. Depois acabamos numa estrada no meio do deserto sem sabermos como sair de lá. - responde-lhes Spencer fazendo referência a um episódio verídico passado.

- Nunca temi tanto pela minha vida. - disse Aria lançando mais lenha para a fogueira.

Hanna e Alison tentam controlar-se, mas é inevitável não se rirem. As duas conseguiram que fossem parar a um sítio em que nem sequer havia rede, não havia casas nem pessoas e o risco de morrerem aparentava ser altíssimo.

O caminho chega ao fim e apesar de ainda ser primavera, o ar que se respira naquela zona faz lembrar o tempo quente de verão. Abrem a porta de casa com ânsia de arrumar as coisas para aproveitarem os poucos dias que têm para se distraírem da rotina aborrecida. Aproveitam o primeiro dia para irem passear à beira mar. O caminho até à praia é feito por uma ravina acentuada que custa a descer, mas ainda irá custar mais para a subir na volta para casa.

- Se sobrevivemos a um homicídio, também sobrevivemos a esta ravina. - desabafou Hanna e o olhar que as amigas lançaram demonstrou que, claramente, ainda é cedo para piadas do género.

- Hanna... - suspirou Emily.

- Desculpem, saiu sem pensar. - Hanna desculpou-se.

Aqui deu para verificar que mesmo quando parece estar tudo bem, mesmo quando parece que o passado ficou no sítio onde tem que estar, o episódio daquela fatídica noite de sábado vem sempre ao de cima e deixa o clima sensivelmente tenso. A curto prazo este grupo de amigas conseguiu superar tal acontecimento, mas talvez a longo prazo trará consequências que nem a amizade mais forte do mundo pode conseguir ultrapassar.

- Estou sem rede no telemóvel. - disse Emily quando finalmente chegam à praia.

- Já reparaste que és sempre a única que nunca tem rede no telemóvel não importa onde vamos. - brincou Alison.

- Na verdade não é única. Aqui nesta zona a rede é má, por isso, desta vez estamos todas na mesma situação que a Em. - explicou Spencer.

Por entre queixas de Emily e Hanna sobre não terem rede para publicar as fotos maravilhosas que estão a tirar ao pôr do sol, chega a hora de voltarem a casa e a subida ingreme que têm que enfrentar parece bem maior do que é na verdade. Hanna ia fazer a mesma piada de novo, mas o seu cérebro pensou mais rápido do que é habitual e salvou-a de inúmeros olhares reprovadores por parte das amigas.

Ao fim de uns longos minutos de subida que seguramente pareceram horas, o quinteto chega finalmente a casa. Demasiado cansadas para cozinhar e com desejos de comer fast food, decidem de forma unanime que o jantar será pizza.

- Estou com tanta fome que acho que estou capaz de comer duas pizzas inteiras. - revelou Emily.

- Podes comer as pizzas que quiseres desde que não comas a minha. - brincou Aria. 

- Bem, vou lá fora ligar à minha mãe porque é o único sítio que tenho rede. - avisou Hanna.

Após uns minutos de conversa com a mãe, Hanna ouve barulho na entrada e mesmo não conseguindo ver quem é na zona onde se encontrava, assume rapidamente que o jantar chegou. Decide entrar em casa para avisar que as pizzas chegaram. Ainda estavam a preparar o dinheiro para pagarem e ouviram um batimento forte na porta.

- Calma, não é preciso bater com tanta força. Nós é que temos fome e ele é que quase destrói a porta. - disse Emily em tom de brincadeira e encaminha-se para abrir a porta.

O que Emily disse gerou gargalhadas de todo o grupo mas logo se calaram assim que a porta se abriu e, para espanto de todas, não era o senhor da pizzaria. Era a última pessoa que queriam ver naquele momento. A detetive.

- Eu avisei-vos que não podiam sair de Rosewood. - estas palavras saem da boca da detetive de forma fria e calculista.

Depressa a fome que tinham desapareceu e no lugar disso está medo e raiva pela pessoa que está prestes a estragar-lhes as mini-férias que programaram. 

- Isto é um pesadelo não é? - questionou Spencer retoricamente. 

- Não achas que parece mais um filme de terror? - respondeu a detetive com uma quantidade considerável de maldade no olhar. 

Na verdade, há filmes de terror menos assustadores.

Saturday Night | Pretty Little LiarsOnde histórias criam vida. Descubra agora