XII

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JAMES S. POTTER


Quinta, 14 de fevereiro de 2019.

A torre da Grifinória estava movimentada naquela noite, uma chuva fina caia no lado de fora, mas a sala estava bem aquecida com o fogo que vinha das tochas e da grande lareira. Os três ruivos encontravam-se em seus lugares habituais próximos a uma das janelas da torre.

James já havia desistido de tentar se concentrar na sua tarefa de poções, estava se sentindo sonolento após ter comido muito no jantar. As conversas animadas dos outros estudantes não ajudavam a manter o foco, então estava empenhado na missão de acertar bolinhas de papel na lixeira mais próxima. Louis estava concentrado escrevendo já sua terceira página, se certificando de deixar as letras bem grandes pra ocupar mais espaço e Fred parecia ter entrado em pane olhando pro pergaminho depois de ter escrito apenas 5 linhas e não saber mais o que colocar.

Os outros alunos da Grifinória tão pouco pareciam se importar com suas tarefas. Quando chegava o dia dos namorados, a escola toda parecia entrar em clima de romance, e principalmente de fofocas. Todos estavam comentando seus planos para a visita a Hogsmeade que ocorreria no domingo e sobre os cartões que haviam recebido durante o dia, mas James não dava tanta atenção para o assunto, estava mais preocupado com o jogo de quadribol que jogaria no sábado.

- Loueeh!! Fiquei sabendo que meu irmãozinho conquistou vários corações nesse dia dos namorados – Dominique, se aproximou dos garotos fazendo graça e Molly a acompanhava.

- Ah, não enche – Louis falou afastando a irmã, mas estava mais corado, o que fez os primos rirem.

Não era uma mentira da ruiva, Louis assim como Fred e James receberam uma quantidade considerável de cartões durante o dia. Isso surpreendeu o trio de certo modo, já que nenhum deles havia mandado cartões pra alguém, e tampouco haviam recebido antes (com exceção de Fred, que no terceiro ano já havia ganhado alguns bilhetes).

- Ah, eles crescem tão rápido... - Molly falou dramaticamente.

- Vocês têm planos pra Hogsmeade? - Dominique perguntou desconfiada, mas achando graça da possibilidade.

- Na verdade sim – Louis respondeu e surpreendeu não só a irmã, mas todos ali.

- QUE?? - James e Fred gritaram ao mesmo tempo.

- Uma garota da Lufa-Lufa me convidou pra ir com ela e eu aceitei – Falou dando de ombros, e James não se surpreendeu de o primo não ter comentado sobre isso com eles antes.

Potter costumava evitar ler a mente dos primos porque não gostava de invadir a privacidade deles, mas nesse momento sua curiosidade falou mais alto e ele se concentrou em Louis pra descobrir sobre a garota, e não se surpreendeu ao visualizar a menina de cabelos castanhos curtos da turma deles. Ela sempre torcia animadamente pra o Louis durante os jogos. James acenou sugestivamente com as sobrancelhas pro primo, que lhe respondeu tacando uma almofada em sua direção.

- Tá vendo, Nique?? Até o Lou tem um date e você aí com vergonha de convidar o-

- Eu não tô com vergonha!! - Dominique interrompeu a fala da prima – Se eu quisesse convidar ele, eu convidava, mas eu não quero! E você?? Até agora não chamou o Eric!

- Eric? - Os três primos indagaram com curiosidade ao mesmo tempo, e Molly revirou os olhos – Eric, tipo o Eric Eric? - Fred complementou a pergunta.

- Sim, o Thomas-Finnigan, o loiro bonitão da Lufa-Lufa, capitão do time, esse Eric – Dominique confirmou o que eles estavam pensando – Ele e a Molly tão tendo um lance.

Os três garotos viraram pra encarar a prima de cabelos ruivos ondulados esperando uma resposta, mas ela deu de ombros não se importando com a surpresa dos mais novos.

- Então tá, eu vou convidar ele amanhã, já que não adianta nada ficar esperando esses garotos acordarem pra vida...

As duas ainda ficaram alguns minutos ao redor deles discutindo sobre quem tinha mais coragem que quem, até que as outras garotas do sexto ano as chamaram pra subir no dormitório porque tinham algo importantíssimo pra contar, deixando os três ruivos do quarto ano muito pensativos.

- Vocês acham que eles estão namorando? - Fred perguntou depois de alguns instantes de silêncio, mas James percebeu que ele não estava se referindo a Molly e ao Eric, pois apontou com a cabeça na direção dos sofás próximos a lareira.

Sean Wood - o goleiro da Grifinória e o capitão do time desde que a Patil havia se formado - estava sentado ao lado da nova artilheira do time, Lydia, e eles pareciam estar bem mais próximos do que costumavam ser nos últimos meses.

- Talvez – Louis respondeu analisando a cena, parecendo interessado na nova fofoca também.

Mas James ao se concentrar na dupla que estava a poucos metros de distância conseguia saber mais do que via, já que conseguiu escutar o que se passava na mente dos dois durante a conversa, e definitivamente não eram só amigos.

- Estão! - James falou fazendo cara de nojo, arrependido de ter escutado o que não devia.
Fred bufou e então escorregou pela poltrona lentamente quase se deitando, o que alertou Louis e James.

- Ah, não me diga que você está gostando da Lydia?? - Louis perguntou arqueando as sobrancelhas e falando em tom mais baixo pra não chamar atenção dos outros alunos que estavam perto, e Fred revirou os olhos.

- Você gosta do Sean??! - James perguntou sussurrando depois de ter ligado os pontos em sua mente. Fred não respondeu verbalmente, mas olhou na direção do primo e falou “dã” em seus pensamentos, que foi bem audível para o Potter.

- Por que você não falou pra gente? - Louis perguntou, parecendo que queria conter o riso.

- Pra que? Pra vocês ficarem fazendo piadinha toda vez que vissem ele? Não, valeu.

James e Louis trocaram olhares, sabendo que Fred estava certo.

- Justo – Ambos concordaram, e Fred riu sem graça.

Passaram um tempo em silêncio, sem perceber que os três agora estavam olhando na direção do quinto anista como se tivessem avaliando algo.

- Faz sentido – Louis disse por fim – Quer dizer, eu não entendo muito né, o Sean não é a pessoa mais simpática do mundo, mas ele é bonito.

Os três riram porque conheciam bem o gênio difícil que o capitão do time tinha quando se tratava de quadribol. Ficaram um bom tempo conversando sobre o que pensavam ou deixavam de pensar sobre Wood, em geral fazendo piadas tentando fazer Fred não ficar tão pra baixo com a cena do casal na sala comunal. James fez um drama enorme falando que se as coisas continuassem assim logo ele seria abandonado no dia dos namorados por não ter interesse em ninguém.

O dia seguinte foi exaustivo, James teve aulas em todos os períodos e quase não teve tempo de jantar antes de ir para o treino do time que durou mais de quatro horas, onde eles só encerraram porque concordaram que teriam que acordar muito cedo no dia seguinte para o jogo e tinham que dormir bem.

Eles treinaram intensamente desde a volta às aulas, mas não estavam tão confiantes assim. A Grifinória estava em terceiro lugar no campeonato e o time da Corvinal, que eles enfrentariam no dia seguinte, estava muito forte desde que trocaram os batedores e o goleiro. Isso deixava Wood doido, ele ficava repetindo as estratégias de posição dos jogadores a cada instante com medo de ter deixado algo passar.

Já no outro dia, James foi o primeiro a deixar a torre da Grifinória e se apressar para o café da manhã no Salão que não demorou para ficar cheio de alunos falantes e entusiasmados com o jogo mesmo sendo na manhã de um sábado.

- Jay!! - Uma figura ruiva e pequena veio correndo em sua direção, e James não precisou se esforçar pra saber de quem se tratava.

- Bom dia – James cumprimentou a irmã que se sentou ao seu lado, o entusiasmo pro jogo estava estampado no rosto, literalmente. Tinha pintado as bochechas com as cores do time da Grifinória e seus cabelos estavam presos em dois coques com fitinhas vermelhas e amarelas.

- Boa sorte no jogo! Tenho certeza que a gente vai ganhar, o time da Corvinal não tá com nada – A menina falou confiante, enquanto pegava torradas na mesa antes de se levantar novamente pra sair – Vou falar com o Al, ele não pode ir assistir ao jogo parecendo que não faz parte de torcida nenhuma! - Ela saiu desembalada em direção à mesa da Sonserina.

Os demais jogadores da Grifinória foram chegando e sendo cumprimentados com entusiasmo pelos outros alunos. Enquanto o time estava mergulhado em clima de tensão pré-jogo, só Fred e Wood pareciam entusiasmados o suficiente pra ficar conversando com os colegas.

Quando estavam no vestiário se preparando para a partida, Wood parecia que estava prestes a entrar em colapso nervoso. James estava tentando se concentrar pra não se sentir contagiado com o estresse do capitão que estava rendendo um zumbido desagradável no fundo de seus pensamentos, queria mandá-lo calar a boca mesmo que Sean não estivesse dizendo nada.

- Bom – Sean iniciou sua fala em frente ao time – o jogo de hoje é extremamente importante, precisamos ganhar ou não teremos chance nenhuma durante o resto da temporada!! Sem pressão.

- Sem pressão - James e os Weasleys zombaram.

- Nós sabemos que eles estão com um goleiro melhor do que estavam ano passado, e que a dupla de batedores que vamos enfrentar é realmente um perigo, mas quem se importa? - Wood apontou os contras da partida como se quisesse incentivar o time a ver que não era nada demais, mas todos os jogadores levantaram as mãos pra mostrarem que se importavam sim, com exceção de Georgina Bell, a apanhadora do time e melhor amiga de Wood.

- Sean tem razão, nós não devemos nos importar com essas bobagens, se queremos nos tornar jogadores bons, temos que estar dispostos a enfrentar qualquer time, certo? - A jogadora falou com uma expressão severa olhando para os colegas de time como se tivesse os desafiando a discordar, e deu um olhar de desagrado para James.

Potter sabia que a apanhadora do time não tinha muito afeto por ele, e nem precisava ler os pensamentos dela para perceber isso, já que durante todo o ano que jogaram juntos ela não fez nem questão de fingir ser gentil com ele. James só não tinha muita certeza do porquê e isso o irritava na maior parte do tempo, mas durante os jogos isso realmente não importava, eles eram do mesmo time.

- Além disso, nós já temos um time muito bom aqui, temos artilheiros ótimos! - Wood falou apontando para James, Lydia e Liam que receberam o elogio concordando – E nossos batedores são os melhores da escola, eles podem ser intimidadores se quiserem!

- Sim, senhor! - Os Weasleys concordaram, achando graça da ideia de botar medo no outro time, mas James sabia que os primos tinham plena consciência de serem os melhores batedores de Hogwarts.

Não tiveram muito mais tempo para escutar tentativas de incentivo de Wood pois logo escutaram o sinal que avisava que deviam sair dos vestiários. Caminharam em direção ao centro do campo onde Madame Hooch se encontrava, os alunos gritavam entusiasmados com a entrada de ambos os times, James se sentia incomodado com o barulho e como os ânimos dos alunos ainda interferiam na sua concentração.

Procurou seus irmãos nas arquibancadas e teve vontade de rir ao ver Lily, aos berros, agitando um cartaz com um desenho de leão que se movia. Ela estava no meio de um grupinho de sonserinos que James já conhecia bem, e tinha certeza que Lily tinha uma influência no boné vermelho e amarelo que seu irmão estava usando.

Assim que a partida iniciou, os três artilheiros do time foram para as posições combinadas durante os diversos treinos. Como o esperado, Liam conseguiu a posse da goles nos segundos iniciais avançando em direção ao meio campo da Corvinal, onde Lydia já o esperava para receber o passe.

- E lá se vai o Davies com a posse da goles iniciando com vantagem para a Grifinória, coisa que eles andam precisando mesmo... - A voz do habitual narrador dos jogos, Joseph Jordan, se fez presente, o tom de voz que não negava que o corvino estava debochando dos adversários - Uuu, Lydia Hilliard não conseguiu finalizar o passe, o balaço do Floyd foi certeiro nessa ein!

Assim que Lydia perdeu a goles, James foi em direção pra lutar pela posse dela novamente com uma artilheira da Corvinal que o seguiu, mas Potter foi bem sucedido chegando nela primeiro enquanto a corvina teve que se desviar rapidamente de um balaço que Louis rebateu para a direção dela. James avançou em direção aos aros, se desviando dos adversários, e arremessou a goles para o aro mais distante, que parecia o menos provável do goleiro conseguir defender, e felizmente Potter estava certo.

- 10 pontos para a Grifinória, graças ao querido Potter, yaaay!! - James escutou Joseph anunciar com uma falsa animação e riu, animado com os gritos de comemoração da torcida pelo primeiro ponto ter sido marcado.

Entretanto o resto da partida não foi tão simples assim. Mark – o goleiro da orvinal - não facilitou a vida dos artilheiros, eles conseguiram marcar mais 50 pontos apenas, e estavam só com 10 pontos de vantagem da Corvinal. Wood pelo visto tinha um novo concorrente para o título de “melhor goleiro de Hogwarts”. E James estava tendo uma partida particularmente difícil já que aparentemente toda a estratégia de defesa da Corvinal consistia em bloqueá-lo e focar o maior número de balaços em sua direção.

James tinha facilidade em se desviar dos outros artilheiros, mas era muito mais difícil quando ele era o único alvo dos batedores adversários, e estava começando a se estressar com essa estratégia deles. Pelo visto não era o único, já que Wood gritava para ele “derrubar aqueles bastardos da vassoura se fosse preciso”, e também ouviu Fred xingando um dos batedores da Corvinal e falando pra ele colocar o bastão num lugar não muito agradável.

Então em mais uma tentativa, Lydia fez um passe para James, bem sucedido dessa vez, e quando estava indo em direção aos aros, Joseph Jordan anunciou animadamente que o pomo havia sido avistado. Mesmo sem se virar pra ver, James sabia que Georgina e o apanhador da Corvinal estavam disputando a corrida pelo pomo.

E nesse momento, sua mente decidiu que seria bom parecer um rádio trocando de estações, ouvindo chiados de pensamentos vindos de todo o campo. Sua visão começou a ficar turva igual sempre acontecia quando a sua cabeça doía muito. Embora tenha soltado um grito em frustração, ele tentou manter o ritmo cruzando o campo. No entanto, sem aviso prévio, duas das artilheiras da Corvinal estavam o ladeando, e James não estava atento o suficiente quando levou um golpe forte nas costelas e desequilibrou da vassoura, no exato momento que um balaço conseguiu atingi-lo do outro lado.

O ruivo conseguiu escutar gritos da multidão misturados com a enxurrada de pensamentos alheios que passeavam pela sua mente sem permissão, a sua vista foi escurecendo, sentiu que estava caindo, e caindo....

Depois do EpílogoOnde histórias criam vida. Descubra agora