Eu faço minhas regras

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Pov - Finn

Você já teve a sensação de não apenas querer, mas precisar, minuciosamente, com todas as suas forças, proteger alguém? Não importa quantas pessoas tenham que pagar por isso? A única missão da sua vida, a única coisa digna que se pode fazer é dar tudo de si mesmo para que nada no mundo entre em seu caminho?
Talvez se eu tivesse sido avisado, talvez se eu não sentisse que estou sozinho nisso, talvez se não fosse daquele jeito, poderíamos ter continuado. Mas o que estava pra acontecer naquela tarde de sábado, no celeiro, de maneira alguma, era o que eu esperava. E a única coisa da qual consigo me lembrar do dia que viria após aquele, é a raiva atravessando minha mente, a adrenalina correndo pelas minhas veias enquanto eu corria pela estrada, a manhã daquele domingo foi assombrosa, foi o dia mais nebuloso da minha vida. E quando o encontrei na cafeteria, debruçado sobre a mesa, eu conseguia ver, eu juro, conseguia ver o próprio diabo diante à mim.




Pov- S/n

-Finn?... finn?- Estralo os dedos- Eii!! Finn!

Ele sorri sem jeito- Ahn..desculpa. - ele resmunga.

- Tá pensando no que?

- Como foi no parque? Ele se apoia sobre sua mão direita.

- Então.. eu queria mesmo ter ido com você, mas eu já estava arrumada e precisava sair de casa.

- Onde que o Peter entra nessa história?-finn indaga fechando o semblante.

- Wow, calma, eu o encontrei lá e ele me fez companhia pelo resto da noite, e se quer saber, a relação de vocês dois é muito confusa pra mim..

- Não há relação alguma, acontece que eu e ele apenas devíamos favores um ao outro, mas creio que já não haja mais nada a dever.

- Finn você literalmente roubou a namorada dele. Rio na esperança de fugir daquela conversa, mas Finn insiste.

- Não vai mesmo esquecer a viciada? Peter e ela namoraram antes de ele ir preso, quando ele saiu, Camila achou que as coisas seriam como antes, mas nada nunca vai ser como antes.

- Ele já foi preso? Finn, você disse que ele teve problemas, não que ele foi preso!

- E teve, mas na época ninguém sabia exatamente quais eram esses problemas, e até hoje acredito que pensem ter sido apenas uma corrida de carro pela estrada misturada com álcool e cocaína.

- E o que você acha? Perguntei.

- Acho que as pessoas são piores do que aparentam.

- É um pensamento pessimista.

- É.. e eu matei o seu padrasto.

Engoli cada palavra que gostaria de ter saído pela minha garganta, Finn mudou em questão de segundos, tudo o que ele acabara de dizer parecia sombrio, e a volta para casa passando pela ponte havia se tornado silenciosa e de um clima pesado. Eu sabia que guardaria a memória do restaurante japonês aquecida em meu coração, porque tudo o que eu veria a partir daquele dia, seria...frio.

Mas antes de descobrir isso, foi como se a vida tivesse me dado dias prazerosos de uma paz sem fim. Passei aquela semana tranquilamente como uma adolescente de 16 anos, indo a escola e me encontrando todos os dias com Cassie para almoçar, Finn e eu estavamos bem, mas ele se mantinha distante quando estávamos na escola, ficava a maior parte do tempo na sala de música. Peter não havia dito nenhuma palavra para mim, ele nem sequer me olhava, nos dias de jogo, ele e seus amigos atravessavam os corredores gritando e batendo nos armários, faziam a escola balançar, faziam com que todos os olhos estivessem neles. Quando eu estava guardando meus materiais, Finn estava parado em frente a sala de música me cuidando, e quando eu ia ao banheiro, ele estava vagando pelo corredor, sempre lá, observando. A atitude dele me assustava, mas eu simplesmente não conseguia o perguntar a razão da insegurança. Peter estava distante e não havia nada pra se preocupar, ninguém e nenhuma das autoridades sequer falou sobre meu padrasto e aquele segredo parecia ter sido enterrado em nossas lembranças. Fui trabalhar na loja e tive conversas agradáveis com o tio do Finn, que acabei por descobrir que seu nome é Freddie, é engraçado, passei quase um mês o chamando de sr.Wolffie, como ele pediu que eu o chamasse, e agora que somos "amigos de poeira" como ele chama, ele é apenas o Freddie. Minha mãe fez algumas horas extras naquela semana, e nos víamos poucas vezes durante o dia, nossos móveis moravam mais em nossa casa do que nos mesmas, pois apenas durante as manhãs e noites estávamos em casa. Tínhamos vidas corriqueiras e independentes que era como se fossemos apenas colegas de quarto e não mãe e filha. Quando eu estava com ela, não me sentia a vontade, eu percebia suas verificações no telefone, esperando ansiosamente por uma chamada dele. Um mês era tempo demais, ele estava ausente demais, as coisas estavam estranhas demais e eu podia vê-la se perguntar "Oh meu deus, ele me esqueceu de vez", sim mãe, mortos não possuem memória. Talvez eu devesse me preocupar, mas na verdade tudo o que eu queria, toda  vez que voltava para casa é nunca mais precisar sentir aquela culpa. Eu desejava não voltar, não voltar nunca mais, esquecer dela, dele, do meu pai, me livrar de todos os demônios, de uma só vez.

𝑇𝐻𝐸 𝑃𝑅𝑂𝑀𝐼𝑆𝐸 Onde histórias criam vida. Descubra agora