𝑇𝐻𝐸 𝑃𝑅𝑂𝑀𝐼𝑆𝐸

Mentirosos

Adentrei a porta principal, poderia dizer que não se parece nada com a casa de um assassino. Um extenso corredor que levava até a sala de jantar, e paredes cobertas por quadros da Família Skargard  davam a impressão de família importante de cidade pequena, cuja realmente era essa a reputação. Nada ali me assustava mais do que Peter caminhando atrás de mim em passos lentos.

O olhar do ruivo caia sobre mim tão fixamente que é como se ele não precisasse olhar por onde pisava, estreitando-se pelo corredor ele se aproximou me ultrapassando. Peter parou em minha frente e disse:

- Você pode esperar na sala.

- E os seus pais? 

Ele me encarava de perto, apertou os olhos e sorriu de canto, caminhou até a sala e insistiu que eu o esperasse ali.

Peter se ausentou por alguns minutos, minutos longos o bastante para perceber o silencio na casa, tempo o suficiente para perceber que estávamos sozinhos, mas não o bastante para recuar quando a mão dele segurou a minha.

- Estamos sozinhos?

- Não era isso que você queria? seu rosto parecia sem reação.

- O que? mas, você disse que eles estariam aqui Peter, por que você mentiu? Caminhei em passos lentos para trás.

- Por que esta recuando? Tem medo de mim? 

- Eu não estou com medo, respondi me aproximando.. Não gosto de mentiras apenas isso.

- É mesmo? para alguém que "não gosta" de mentiras, você é um tanto mentirosa. Ele segurava em suas mãos meu diário, como ele conseguiu isso?  Acho muito bonitinhas as suas intenções e as aprecio, de verdade. Mas não entendo como você consegue ser tão burra as vezes..

- Do que você ta falando?.. Como conseguiu isso? 

- Não não.. ele balança a cabeça em negação. Não piore as coisas, eu sei sobre o seu planinho mirabolante, sei que sou um dos suspeitos em seu radar, e confesso que fiquei surpreso pela maneira como você achou que isso iria funcionar, mas essa parte de tomar pílulas e a historia de jantar na minha casa como uma desculpa para me "conhecer melhor" foi muito, muito decepcionante. 

Meu olhos estavam congelados, eu sequer podia pisca-los.

- Sabe, tudo o que fiz foi para protege-la, e ainda assim você insiste que eu seja o vilão, é realmente uma maneira muito desagradável de terminar tudo isso.. Peter encara o chão.

- Terminar o que? Hesito em falar.

- Terminar a bagunça que eu comecei. Ele se aproxima

- O que você vai fazer? Recuo

- Está com medo?

- O que você vai fazer Peter? 

- Está com medo? Ele insiste 

Respiro ofegante e sinto minhas pernas bambearem.

- Eu sou a ultima pessoa que você devia temer. Ele sorri

- Isso não facilita as coisas. Digo fraca

- Achei que gostasse de mim. Peter diz ainda encarando o chão

- Estou com medo. Cuspo as palavras e uma lagrima escorre.

- Sai daqui S/N. Vai embora. Ele não me olha nos olhos

- O que? .. 

- Sai daqui agora !!! Sai! sai..  Peter vira as costas para mim mas em relance consigo ver as lagrimas