Devaneios de uma mulher de 30

27 - Melissa

Saio da casa da Sam com uma sensação péssima, tenho certeza que ela está mal, mas como sempre vai se fechar, e algo pior vai acontecer. A vida nunca foi fácil para ela, mas achei que a volta do pai iria começar a curar as feridas.

Olho meu celular e vejo uma mensagem da Karen, agradeço a cada por ter passado meu contato a ela, essa mocinha é realmente muito útil, minha lembra a Sam, mas sem tantos problemas.

Oi Melissa,

Tem um cliente nosso o Scott, ele está bem preocupado com a Sam, posso passar seu contato para ele, to vendo a hora que ele vai passar aqui ou tentar descobrir o endereço dela.

Ai Deus

Mais essa, esse deve ser o tal cara de ontem, o Cal vai me matar, mais preciso resolver isso, detesto me meter na vida dos outros, mas é a vida da Sam, então é quase minha vida né.

Respondo para ela:

Oi, pode passar meu contato sim, não tem problema.

Alguns minutos depois e recebo sua resposta:

Muito obrigada, ele é bem insistente.

Imagino que deva ser, alguma coisa nesse cara está deixando a Sam desse jeito, e preciso descobrir o que é.

Organizo algumas coisas, e levo a Aurora para a escola, essa rotina de mãe ocupa muito tempo, por isso muitas vezes acabo esquecendo dos problemas, assim que ligo o carro me celular toca, percebo que não conheço o número, desligo o carro, pois já imagino que seja, e atendo:

-"Alo"

-"Oi, tudo bom? Aqui é o Scott, você deve ser a Melissa"

-"Sim, sou eu mesma, pode falar".

Alguns segundos em silencio, a vergonha e o desespero dele devem ser maiores que os meus.

-"Bom, ontem eu deixei a Samantha no hospital e desde então ela não me atende, estou bem preocupado".

-"Ela está bem, apenas organizando os problemas de sempre, e pode ficar bem tranquilo, ela é extremamente profissional, não deixará sem projeto de lado, mesmo com o maior dos problemas".

-"Isso eu sei, na verdade ela já passou para outra pessoa. Mas estou preocupado com a pessoa dela, não com o trabalho. "

Pronto, já achei o problema.

-"Olha não sei o que aconteceu, mas conheço a Samantha a muitos anos, e a pessoa dela também está bem, ela só é assim"

-"Assim como? Fechada? Grossa ou o que? Eu percebi que ela não está bem, todo mundo percebeu, e não parecia ser só por causa do pai, eu quero ajudar. "

-"Entendo que você queira ajudar, mas se serve de conselho, deixa ela no espaço dela, a Samantha é assim, quando ela quiser falar algo ela vai falar, sem pressão. "

-"Ela não é assim, só criou essa barreira e vai se isolando das pessoas, eu já percebi isso".

-"Scott, vou falar novamente, deixa a Sam em paz, entendo sua preocupação, mas conheço minha amiga a muitos anos, e sei tudo que ela já viveu, então por favor deixa ela em paz".

-"Eu não vou deixa – lá em paz, não sei o que está acontecendo, mas sei que não consigo ficar longe dela, sei lá, alguma coisa sempre me faz voltar, e olha que normalmente ela é uma grossa comigo".

Começo a rir no telefone, não sei se de nervoso ou alegria. Ele percebe e começa a ficar irritado.

-"Você tá rindo? Sua amiga tá toda fudida e você tá rindo?