O braço direito

57 4 5
                                    

[Lado Akemis on]

Eu nasci em 1941, em um lugar bem pobre do país. Como morava em uma comunidade de casas com situação precária, minha mãe adoeceu ao me dar a luz, encontraram meu pai e o levaram para a guerra. Minha mãe passou longos 4 anos cuidando de mim, quando meu pai voltou em 1945 dois meses depois minha mãe não aguentava mais e acabou morrendo três semanas depois que ele voltou. Meu pai ainda traumatizado da guerra mesmo assim cuidava bem de mim, era honesto e trabalhador, sempre fazia de tudo para mim ter o que comer.

Eu vivia brincando com as outras crianças do lugar, ficavam me chamando de cachorra pela maneira que eu ficava agindo. Nunca me importei, eu gostava de agir diferente dos outros. Um dia vi uns garotos implicando com uma garota, fui até eles.

-Ei!—Gritei indo até eles.-O que vocês estão fazendo com ela?—Eles me olharam, olhei para a garota para ver como ela estava e a mesma suja de lama.-Vocês não tem o que fazer bando de pinto pequeno?

-Vai fazer o que?—Disse um garoto.-Vai lamber meu pé cachorrinha?—Ele ficou rindo de mim.

-Haha...—Botei as mãos na cintura e olhei para o lado.-Muito engraçado...-Fui até o moloque e dei um soco na cara dele.

O moloque caiu para trás quando levou o soco, os outros meninos vieram para cima de mim. Me defendi de algumas porradas, mas levei um soco bem no estômago e cai no chão. Eles me encheram de chutes e até mesmo aquele que levou meu soco na cara se levantou e ficou me chutando também.

-Parem! Parem!—Gritou aquela menina tentando me defender empurrando os meninos.

Eles pararam de me chutar e foram embora rindo, me levantei com a boca e o nariz sangrando. Olhei para a menina, ela tava me olhando preocupada e lacrimejando. Passei as mãos na minha roupa e me virei para ela.

-Ei...eu tô bem.—Disse.-Não precisa chorar, por que eles estavam te enchendo o saco? Aqueles arrombadinhos...—Fiz cara feia apertando um punho.

-Não precisava fazer isso tudo...—Ela secou suas lágrimas.-Você é a Akemis não é? Prazer.—Ela sorriu com o canto da boca.

-Sim, sim.—Limpei meu rosto com a camisa.-E você? Nunca te vi aqui antes.

-Eu sou a Yuki! Yuki Hayune.—Ela sorriu com os lábios.

-Oh, uiui, se é para se apresentar de forma mais formal desculpa aí.—Dei uma risada sarcástica.-Sou a Akemis Dylan então.... Eae, onde você mora?—Coloquei meu braço envolta dela.-Você precisa tirar essa roupa toda suja não?

-Ah...—Ela olhou para o chão.-Ok, ok, vamos lá na minha casa! Não é muito longe.

Tínhamos a mesma idade, 12 anos e nascemos na mesma época. Yuki nunca me contou como foi sua vida sem seu pai presente por 4 anos, não queria encher o saco dela ou deixá-la triste. Ela se tornou minha única amiga de verdade, sempre ia na sua casa vê-la e vice-versa. Porém um dia, houve um atentado terrorista no lugar que eu morava, o telhado da minha casa caiu e meu pai me jogou para longe. As paredes e destroços da casa esmagaram ele, fiquei igual uma doida gritando e procurando por ele de baixo daquilo de tudo. Eu só consegui encontrar o braço dele para fora do telhado que o esmagava, peguei na mão dele e ele não estava mais vivo. Eu fiquei chorando lá, com os sons de pessoas gritando e explosões. Me levantei minutos depois e sai correndo dali até a casa da Yuki, estava muito difícil de enxergar com tanta fumaça e gente me empurrando.

Eu cheguei na casa dela, estava toda destruída e pegando fogo. Não havia sinal dela ou de seus país, será que conseguiram fugir? Ou eles estão lá dentro?! "YUKI!" Quando gritei não ouvi nenhuma resposta de volta, botei as mãos na cabeça ficando mais desesperada do que já estava. Escutei um grito vindo de longe "AKEMIS!", Olhei para a direção de onde veio e era a Yuki acenando com os dois braços dando pulos para que eu a conseguisse a enxergar. Fui correndo até ela, Yuki pegou minha mão e saiu correndo dali comigo.

Arte da máfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora