Eduardo

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Narrado pelo Eduardo

O dia era nublado, não somente o dia, mas meu coração.
Olhei para o Jacinto e estava escrito o nome da minha mãe Carmen e uma frase "Uma esposa e mãe guerreira".

Eu não podia acredita que nunca à veria de novo, uma parte minha morreu nesse dia.

A luta pela vida da minha mãe foi longa, um ano e dois meses de sofrimento  e angústia. Ida ao médico quase que diária, quimio, radioterapias e cirurgias.

Eu passei a odiar hospitais, peguei trauma de médicos, de remédios.

-Edu, vamos. -Meu irmão colocou a mão no meu ombro, eu estava ali na chuva de terno preto e tudo mundo já tinha indo embora, menos eu e meu irmão Augusto.

-Guto, eu... -Falei e comecei a chorar igual umas criança.

-Em maninho, calma, vem aqui. -Ele jogou o guarda chuva no chão e me abraçou. Éramos muito unidos, tínhamos 10 anos de diferencia, mas mesmo assim nós nos davam muito bem.

-Olha para mim, sua mãe era como se fosse a minha, eu a amava muito, estou devastado. Só que temos que ser fortes, essa luta é nossa. Acabou o sofrimento dela, então temos que vencer isso.

-Eu sei, mas dói, dói muito. -Eu me agachei no chão e soluçava de tanto chorar.

-Eu estou aqui por você. Eu te amo e vou sempre cuidar de ti, confia em mim. -Ele falou e me abraçou.

                                       *****

-Você é um irresponsável, olha o que você fez. -Meu pai estava gritando comigo, estava bêbado e tinha acabado de bater o carro novo dele no portão de casa.

-Desculpa, papai. -Falei com a voz arrastada e o Guto que estava no meu lado me segurou.

-Desculpa? Você tem que aprender a dar valor nas coisas, seu inútil, imprestável.

-Pai. -Guto o repreendeu e ele o olhou com fúria. Meu irmão sempre me defendia, principalmente depois que minha mãe morreu.

-E você? Não vai falar para seu irmão a novidade? -Meu pai falou e o Guto ficou branco.

-Que novidade?

-Fala filho, fala para seu irmão.

-O que foi Guto? -Eu fiquei preocupado. Com o que ele tinha para me contar.

                                ****

-Tem certeza disso? -Eu estava contra minha vontade de novo do hospital.

Guto era gay, sempre foi assumido e tudo mais, nunca me incomodei com isso, mas achei desnecessário o que ele estava fazendo.

-Eu preciso fazer isso, Edu, eu nasci com esse corpo, mas não me sinto como homem.

-Mas é contra a natureza, você vai tirar algo do seu corpo. Vai virar uma mulher.

-Eu me sinto como uma mulher, só vou completar essa transformação.

                           ****

-Eu não aguento mais viver aqui. -Eu estava no meu quarto e comecei a quebrar tudo e meu pai chegou e ficou me olhando parado na porta.

-Por que? Você tem uma vida sofrida? Trabalha muito? -Meu pai estava calmo, raras vezes vi isso.

-Não, só não aguento mais.

-Eu também não. -Percebi que ele estava triste.

-Por que você mudou tanto? -Eu me sentei na cama frustrado.

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