Capítulo 2

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As palavras da Laiane me deram conforto de um jeito incrível, sei lá. Nem conheço ela mas parece ser alguém tão boa e confiável.

Fazia uns 20 minutos que ela disse que iria buscar umas roupas na casa dela pra poder ficar comigo caso o Perigo não deixasse eu voltar pra casa.

A porta abriu e eu logo achei que era ela, quando tive a visão de quem estava entrando meu corpo inteiro estremeceu.

Perigo: que cara de assustada é essa guria?

Ananda: olha, eu sei que meu pai te deve muito ou devia, nem sei mais... mas por favor, não faz nada comigo. Eu sou uma criança, tenho apenas 15 anos, nunca fui pra cama com ninguém. -ele arqueou as sobrancelhas.

Perigo: você ta maluca garota? você tem a idade da minha irmã cara. além disso, você não conheceu a Lai ainda? não trocaria minha preta por tu não cria, com todo respeito.

Ananda: meu Deus, me desculpa. Mas é o que meu pai falou... sei lá.

Perigo: eu sou sujeito homem menor, diferente do teu pai. por mais que eu viva nessa vida errado e sou pelo certo, tendeu? nunca faria nada com tu não.

Ananda: é que, você sabe... tu é visto por todos aqui como um monstro, sinônimo de medo, tá ligado? teu nome já diz...

Perigo: nunca curti essa ideia aí não. -foi andando até o sofá e se sentou.- sou do crime desde os 12 anos, a 10 anos já. treinado desde os 13 pra ser dono disso aqui e com 15 assumi, após a morte do meu pai. -pegou um beck no bolso e acendeu.

Ananda: tu tinha a minha idade quando assumiu isso tudo? -assentiu.

Perigo: desde então sempre exigi respeito, nunca medo, só respeito. sou brincalhão, bobão, mas só com quem merece. tenho minha postura.

Ananda: entendo. -ele me encarou.

Perigo: aliás, como é teu nome cria?

Ananda: me chamo Ananda e você?

Perigo: quem sabe um dia eu não te conto, né? -sorriu pra mim.

Ananda: o que aconteceu com o Cesar, o meu... pai?

Ele me encarou e balançou a cabeça assoprando fumaça no ar, passou alguns segundos em silêncio olhando pro nada.

Perigo: tu vai dormir aqui hoje, pelo menos até eu descobrir o que fazer contigo.-se levantou.- tem até um quarto de hóspedes aí, porém tá bagunçado pra caralho. quando a Linne chegar converso com ela e tu dorme no quarto com ela.

Ananda: quem é Linne?

Perigo: minha irmã, cês deve ter a mesma idade, vão se dar bem. -disse saindo do alcance dos meus olhos.

A casa parecia ser bem grande, pra ser sincera nunca tinha visto ela por aqui. Tentei me distrair olhando os detalhes da sala mas a todo momento o fato dele não ter dito o que fez com o outro lá vinha ja mente.

Era engraçado porque eu não estava triste ou chateada, parecia que tinham tirado um peso das minhas costas e a sensação não era nem um pouco ruim. Unica coisa que atormentava era a curiosidade.

Sai dos meus pensamentos com a porta abrindo mais uma vez, duas voz femininas vinham de lá.

- então essa é a Ananda? -disse uma garota vindo em minha direção.- iae nega

Ananda: oi, sou eu sim... -dei um meio sorriso.

Lai: Nanda, essa é a Carolinne, irmã do Perigo, minha cunhadinha. -riu.

Carol: satisfação nega. -se sentou ao meu lado.- fiquei sabendo do b.o do teu pai, queria dizer pra ficar de boinha, aqui tu vai ter uma família, tendeu?

Ananda: nossa, muito obrigada, de verdade mesmo. -sorri e ela me abraçou.

Carol: menos a Laiane, ela não é da família não, é só uma entrosada

Lai: me erra pirralha, sou mais da família que tu. -disse rindo.

Perigo: começaram já, né? -desceu as escadas.- essa ai é a Carolinne, feinha assim mas é minha irmã. -eu dei risada e la mandou dedo pra ele.- vai lá mostrar o quarto a ela.

Carol: vamo lá nega. -se levantou e eu fui junto com ela.

Nós subimos as escadas e caralho, era um corredor enorme com varias portas, parecia os hotéis que minha mãe me levava nas férias.

Carol: não tá tão bem arrumado mas é aqui, a cama é grandinha, da pra dormir nos duas, né?

Ananda: mana, eu tava acostumada a dormir numa cama de solteiro minúscula, isso aqui é luxo.

Carol: imagino, viu nega?! desde que nós nos mudamos pra cá não me imagino mais dormindo em cama de solteiro. -se deitou e eu me senti do lado dela.- então, me diz um pouco sobre ti.

Ananda: ai, sei lá. meu nome tu já sabe, fiz quinze anos hoje, sou paulista, vim pra cá depois que perdi as duas mulheres da minha vida a dois anos, estou estudando em um colégio aqui mesmo e fui oferecida pra pagar dívidas do meu pai com o seu irmão.

Carol: caralho mana, que presente de aniversário fodido viu

Ananda: pois é né, os planos da minha mãe era pra hoje nós tá em festa, tá ligado? de princesinha, mesmo não combinando tanto comigo. -me deitei do lado dela e logo senti as lágrimas escorrendo no meu rosto.

Carol: não fica assim preta, pode ter certeza que essa é a última vez que você passa um aniversário assim, tendeu? amanhã a gente vai sair pra comemorar.

Ananda: de verdade nega, nem sei se tô bem suficiente pra isso.

Carol: qual é Nanda, se liga. vai ficar mal por aquele pau no cu não, tendeu?

Ananda: o que será que seu irmão fez com ele?

Carol: você me perdoe. -se sentou olhando pra mim.- mas espero que ele tenha matado! aquele homem não merece uma lágrima sua Ananda, pelo amor.

Não consegui responder mais nada, só fiquei ali deitada olhando pro teto, meu coração tava apertadíssimo, mesmo sabendo que aquele cara não merecia isso.

Carol: vem levanta, vamos escolher uma roupa, tu toma banho e a gente vai assistir algum filme la em baixo, ta bom?

Mulher do PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora