Capítulo 19

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Vidigal, Rio de Janeiro.
11:47

TH.

Calor tava de fuder, tava soado pra caralho em cima da moto pra la e pra cá fazendo ronda na favela com o sol castigando.

Agora meio dia Playboy e Tinho, líderes da Rocinha e do Lins, ia colar na boca principal pra falar sobre alguma reunião que vai ter fora do Rio de Janeiro esse mês.

Tô putasso com esse bagulho, toda ano que tem essas porras de reunião foram eu dou um jeito de mandar levarem a Thays pra curtir um pouco com minha mãe e a Stella. Mas a desgraçada só vem aprontando, o tempo inteiro, meteu varios caô no colégio e agora até de recuperação tá.

Sai dos meus pensamentos quando vi um nega subindo a rua na qual eu tava descendo, pelas pratas no pescoço eu logo reconheci quem era. Joguei minha moto na beira da calçada, fazendo ela me encarar.

Onnika: ta maluco, caralho?

TH: ta estressada, cria?

Onnika: me assutei só -falou em um tom cansado

TH: bora sobe ai que eu vou te levar pra casa.

Onnika: fica tranquilo, vou andando, te atrapalhar não.

TH: eu já tava indo pra lá já porra, anda logo.

Onnika: ta estressado, cria? -tentou me imitar logo caindo na gargalhada sozinha.

TH: larga a mão de ser lesa, ô maluca, sobe ai logo.

Ela subiu na garupa da moto e eu logo arrastei fazendo a volta em direção a minha casa. Assim que passei no beco 7 avistei a Thays sentada na calçada, de loge mesmo vi o olho dela ficar enorme quando percebeu que eu ja tinha visto.

Parei a moto no meio da rua mesmo e olhei pra ela, onze horas da manhã ela já tava praticamente do lado de casa, sedo que o colégio dela só libera meio dia e meia.

Thay: irmão... - foi chegando perto da moto, deixando o grupinho de amigos ela pra trás.

TH: vem com essa não, ta fazendo que porra aqui?

Thay: é que teve um teste surpresa e liberou mais cedo quem já tinha terminado.

TH: e você se saiu bem, Thays?

Thay: sim, era de português e eram poucae questões.

TH: que bom, né? -ela balançou a cabeça e eu cerrei os olhos a encarando.- só te digo duas coisas, primeira que eu quero você em casa agora, chegando junto comigo. segunda, não se esqueça que o erro do mentiroso é mentir pra outro, entendeu? quero você lá em casa, em baixo, tem 2 minutos.

Não dei nem tempo dela responder acelerei a moto e virei a rua e desci ate chegar na frente de casa. parei a moto e esperei a Onnika descer da garupa.

Onnika: não vai brigar com a Thay não, é coisa normal de adolescente...

TH: coisa normal de adolescente o caralho, Thays parece que é criança, preocupa mais minha mãe do que a Ste. -desci da moto e destranquei o portão.

Onnika: mas essa fase e assim mesmo Thiago.

TH: pra mim não foi não, tendeu? eu tava muito ocupado ouvindo que tinha que ter disciplina e saber os mandamentos na ponta da língua, e nem era os da igreja, esse minha mãe ja tinha me ensinado anos atrás.

Onnika: não sei se e porque não curti nada quando tinha 15 anos, mas eu me sinto bem de mais vendo a alegria e animação da Thays...

TH: não curtiu por que? vai me dizer que era muito difícil pra paty decidir se iria pro shopping ou pra casa na praia -dei uma risada e olhei pra ela que se jogava no sofá.

Onnika: não foi bem assim. -deu uma risada meio forçada.- tinha que decidir entre brincar de Barbie dentro de casa ou de polícia e ladrão do lado de fora, antes eu tinha a opção de escolher entre os dois, depois eu fui simplesmente obrigada a fazer o mais difícil, cansativo... -disse como se tivesse algo a mais ali, com um peso.

TH: do que você ta falando man? -parei atrás do sofa olhando pra ela e coloquei a camisa em cima dos ombros.

Onnika: uma vez que me minha mãe me proibiu de brincar de polícia e ladrão com os caras na rua porque tava com medo de acharem que eu era lésbica. -deu risada e se levantou novamente.- sim o cansativo e difícil era a Barbie -foi andando em direção ao quarto dela.- aliás, quem arrumou a casa?

TH: aquela amiga da minha mãe que comentei com você. -ela apenas balançou a cabeça e entrou pro quarto.

Eu de verdade vi o dito dela como se tivesse algo a mais, sei lá. como se fosse uma metáfora, esses bagulho ai que tem dois sentidos.

Mulher do PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora