Capítulo 12

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Eu tava cansadona e louca pra contar sobre o amigo do TH. Prestei atenção no caminho por um segundo e logo percebi que não estavamos indo em direção ao Jacarezinho.

Ananda: tá indo pra onde? -disse alto por conta do barulho do vento.- ein caralho, responde.

BN: calma porra, vamo dar uma passada na praia. to a uma cota sem ir a praia e varado de fome.

Ananda: eu quero ir pra casa BN.

BN: meia hora só Ananda, pelo amor de Deus, chata pra caralho.

Fiquei calada porque querendo ou não tava morta de fome também, mas to bolada com ele. Não é ciúmes, sabe? eu só achei totalmente desnecessário aquilo, de verdade mesmo.

Depois de uma cota ele parou em uma lanchonete, já tinha até vindo aqui com uns moleques quando eu estudava.

Ananda: você saiu da Barra pra vim comer no Recreio? você é meio burrinho, né?!

BN: engraçadão o jeito que você não me respeita. -desci da moto e ele logo fez o mesmo.- vim aqui porque já vim antes, to ligado que o lanche daqui representa

Ananda: mas mo longe. -murmurei entrando com ele na lanchonete.

BN: nunca vi alguém reclamar tanto, puta que pariu.

Dei uma risada de canto de boca e nós entramos.

Ananda: quero hambúrguer artesanal...-disse baixo só pra ele ouvir.

BN: é só pedir. -chamou a moça com a mão.- qual cê vai querer?

Ananda: esse e esse -disse mostrando a ele no cardápio.

Ele me olhou dando risada e fez o pedido.

Ananda: rindo de que otario?

BN: por que tu não pediu seu bagulho sua lesa?

Ananda: eu tenho vergonha cara. -dei risada e escondi o resto nas mãos.

BN: parece criança. -fiz careta e ele riu.

Ficamos esperando os lanches sair e nesse tempo nos decidimos comer na praia, pouquíssimo tempo já tavamos sentados na areia olhando o mar, tava morta de saudade daquela brisa foda.

Ananda: me da um pedaço do seu ai. -ele me olhou e arqueou a sobrancelha.

BN: sai pra lá dragão, comeu dois e tá nessa.

Ananda: por favor BN -fiz biquinho e ele riu.

BN: toma, mas para de fazer essa cara, já é feia demais. -me entregou o hambúrguer.

Ananda: feia mas tu queria pegar.-disse de boca cheia.

BN: larga de ser mal educada garota, fecha essa boca. -empurrou minha teste e eu ri.- e você usou o verbo no passado.

Ananda: que verbo?

BN: queria, "mas tu queria pegar", tinha que ser no presente.

Ananda: vai pegar aquela loira oxigenada lá

BN: tá com ciúmes é dona? -me encarou com com cara de deboche.- me devolve meu lanche vai

Ananda: tu acha que eu vou ter ciúmes de você? me respeita BN caralho. -devolvi o lanche dele.

Logo fechei a cara pra um lado e ele pro outro. Terminei de tomar minha coca e fiquei olhando o mar, a vontade bateu forte de entrar lá cara, de verdade mesmo.

Me levantei, tirei a blusa e o short, coloquei na areia com meu celular em baixo.

BN: vai entrar? -balancei a cabeça concordando.- vou contigo.

Dei os ombros e fui correndo até o mar, as ondas não estavam tão fortes assim, dava pra dar uns mergulhos.

Amarrei as tranças em um coque e entrei aos poucos, antes mesmo de eu entrar no mar de verdade já tava toda molhada porque o filho da puta do BN veio espirrando água igual um retardado.

Ananda: ta me molhando imbecil.

BN: coé Ananda, vai ficar nessa? me xinga mais um vez pra ver se não meto o pé daqui e te deixo ai sozinha.

Ananda: vai, faz isso, me deixa aqui. -cruzei os braços olhando pra ele.- imbecil, idiota, insuportável, retar... -fui interrompida por um abraço e logo senti a onda batendo em mim.

BN: presta atenção no mar sua doida. -levou a mão no meu rosto levantando o mesmo e tentou se aproximar.

Ananda: não vou te beijar depois de você ter beijado aquela qualquer lá. -disse olhando pro lado.

BN: você tava de batom, por que tá sem agora?

Ananda: eu tirei...-menti e olhei pra ele logo em seguida passando meus braços pelo pescoço dele.

BN: te conheço, tu te mentindo. -me encarou serinho.

Ananda: quem foi o que? to mentido seu cu.

BN: você não passou batom hoje Ananda.

Caralho pior que é verdade, eu passei um gloss mais cedo, mas com toda certeza não ficou nem trinta minutos.

BN: tu beijou alguém e não ia me contar, por isso ficou preocupada e mentiu dizendo que tirou o batom. -me soltou e cruzou os braços.- foi o TH? -encarei ele e balancei a cabeça  confirmando.

Ananda: eu tenho que me aproximar dele de alguma forma, achei que assim seria mais fácil...

BN: porra Ananda, puta que pariu viu. -suspirou alto e tirou meu braço do seu pescoço.

Ananda: por que você ta bravo?

BN: porque isso só piora a sua situação. -se afastou de mim, foi andando em direção a areia e eu fui indo atrás.- e se esse cara tem outra mulher lá? tu já vai chegar sendo cobrada, ou sei lá... -deu uma risada sarcástica.- vai que você vai nos encantos do TH e se apaixona por ele, ou ele por você, como você vai voltar pra mim?

Quando ele terminou a fala já deu pra sentir o arrependimento instantâneo só voz dele.

Ananda: pra você? -segurei o braço dele.- olha pra mim!

BN: você entendeu o que eu quis dizer, como você vai voltar pra nossa favela.

Ananda: eu estou indo com o intuito de tentar tirar alguma coisa do TH e eu vou conseguir, minha técnica vai ser me envolver com ele porque eu percebi que ele tem interesse em mim, mas nunca que eu vou cair nos encantos do dono do morro rival, caralho!

BN: sinceramente, to pouco me fodendo.

Ananda: você não ta pouco se fodendo, porque se estivesse não faria esse showzinho que acabou de fazer. -ele cruzou os braços me encarando.- você tem alguma coisa pra me dizer antes de eu ir BN?

BN: tenho sim Ananda, acontece que desde a porra daquele dia eu não consegui tirar você da minha cabeça, entendeu? eu nunca vi maldade em você, mas agora eu só imagino o que poderia ter acontecido naquele quarto. -disse alto.

Quando ele disse aqui me tremi todinha, não esperava isso agora nem fodendo, puta que pariu. Só vinha a Carol na minha mente...

Mulher do PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora