Tudo bem, passarinho. Às vezes é preciso mesmo ir embora, ou nunca ter pousado para respirar. Eu te entendo agora. Entendo que você se debate contra as normas e não inspira esperança todos os dias. Entendo que teu peito está seco e sua voz não ecoa como devia, que os dias podem pesar e seus sentimentos podem não entender os meus. Tudo bem. Eu digo que vai passar, que todas as coisas passam e que nada dura para sempre ou arde para sempre ou queima para sempre. Eu espero que você compreenda todo o amor que eu roubei do mundo e de todo resto para dar à sua vida, aos seus traumas e à sua dor. Todo o amor que eu inalei este tempo todo e só soltei na sua narina, no seu rosto calmo e nos seus pés ainda bambos. Espero que entenda que eu te dei um amor puro de toda violência, de todo estupro e de todo carma. E que ele era bom, era tranquilo, era inteiramente completamente e absurdamente teu. Tudo bem, passarinho. Hoje assimilo que a melhor forma de obter, é deixar ir. Uma vez te disse que quem deixa ir tem pra sempre. Então eu te deixo. Vai sua vida, pássaro contente. Vai sua vida que eu estarei contigo.
--Larissa Ritielly
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C A R T A A B E R T A
Poetry"Eu sei que você ri com seus amigos até a barriga doer para disfarçar a dor que sente antes de se deitar"